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[+] análise
De que adianta para a seleção ter Teixeira?
ROBERTO DIAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Yokohama, final da Copa
de 2002. Cafu tentava se
equilibrar no púlpito para
protagonizar uma das cenas
mais fotografadas da humanidade. Logo abaixo, Ricardo
Teixeira, pronto a ajudá-lo.
Ficou bonito na foto.
Teixeira, agora, sumiu.
Seria exagero, decerto, culpá-lo pela apatia de Ronaldinho, pela condição física de
Ronaldo, pelos fantasmas de
Adriano e pelos desacertos
de Parreira.
Tampouco é o ponto, aqui,
repisar as inúmeras sombras
que pairam sobre sua gestão,
muitas delas demarcadas pelas CPIs após Sydney-2000.
Mas parece razoável perguntar de que serve um presidente da CBF que se move
unicamente na penumbra.
Política interna da Fifa ou
organização da Copa-2014,
tudo pode tê-lo ocupado nos
últimos dias, menos a preocupação em assumir a responsabilidade pela seleção
-o que não significa, é óbvio,
meter o bedelho na escalação
ou bizantinices assim.
O comportamento público
da CBF nos momentos críticos diz muito sobre ela. Por
sinal, é ciclotímico. Em 1990,
após o tombo, a cúpula também não deu as caras. Só sussurrou, como agora, que estava irritada com as coisas
que aconteciam no time. Em
1994, a principal ação pública foi xingar a imprensa. Na
França de 1998, de novo, silêncio. Quatro anos atrás,
além das fotos históricas, autógrafo em aeroporto e elogios da cartolagem à volta.
E agora?
Os campeonatos nacionais
de futebol, como se sabe, Teixeira abandonou faz tempo.
Em tese, para se dedicar à
seleção, mas o que a Copa
mostra é um novo capítulo
de distanciamento -a ponto
de divulgar que estaria licenciado do cargo até 31 de julho, bem no período mais importante de seu mandato.
Fosse a CBF uma empresa,
passaria como inadmissível a
omissão de seu presidente.
Não sendo, sobra apenas
Parreira na mira popular.
Mas não foi o técnico, por
exemplo, quem decidiu levar
a seleção para jogar a -17C
em Moscou no único amistoso previsto pela Fifa antes da
Copa. Nem foi ele quem faturou com a escolha da fria
Weggis para os treinos.
Um registro: eliminada a
Argentina, o presidente da
federação de lá, Julio Grondona, ao menos apareceu para falar sobre o futuro.
Teixeira, nem isso. E, de
sombra em sombra, tem caminho aberto para ficar na
CBF até 2014.
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