São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corinthians esbanja com obras e apela ao "terrão"

Forçado a apostar na base, time usa R$ 1 mi mensais do futebol na parte social

Valor do repasse, admitido pelo presidente Alberto Dualib, daria para pagar salários a dois Tevez; equipe joga às 16h contra o Sport

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians que enfrenta o Sport hoje, às 16h, no Recife, terá como titular o jovem meia Dentinho, 18, que ganha menos de R$ 5.000 por mês e é uma promessa para o clube.
A escalação do atleta, que estreou nos profissionais domingo contra o Palmeiras, simboliza a atual fase corintiana, que não teve suas contas aprovadas e está mergulhado em uma crise financeira que pode culminar com o "impeachment" do presidente Alberto Dualib.
Enquanto o técnico Paulo César Carpegiani quebra a cabeça para armar o time e sabe que não terá reforços de peso, a diretoria desvia recursos do futebol, que por contrato pertencem à MSI, para cobrir os gastos com a sede social. O rombo chega a R$ 1 milhão por mês.
Com esse dinheiro, o clube poderia pagar salários para dois jogadores do calibre do argentino Tevez, por exemplo, que ganhava cerca de R$ 500 mil. Ou, ao final de um ano, ter quase US$ 6 milhões em caixa para investir em contratações.
A informação desse gasto veio à tona na última reunião do Conselho Deliberativo -na quinta-feira passada, que reprovou as contas do clube- e saiu da boca do próprio Dualib.
A admissão da manobra para cobrir a área social é também um descumprimento do contrato com sua parceira.
Tanto o clube como a MSI dizem haver uma cláusula de rateio de contas, mas a briga em relação ao assunto existe desde que o acordo foi assinado. "No contrato de parceria tem rateio de despesa, e isso ajuda no clube", diz o vice de finanças corintiano, Emerson Piovezan.
A MSI, que enviou para o social R$ 600 mil mensais no primeiro ano de acordo, reclama de que as despesas do rateio dizem respeito apenas a serviços de uso comum entre o clube social e o departamento de futebol, como água, energia elétrica e alguns funcionários.
O fato é que, nos anos de acordo de parceria, o Corinthians se transformou em um canteiro de obras. Cartolas do clube dizem, por exemplo, que o luxuoso memorial foi construído com recursos de cotas de TV do Brasileiro -a obra custou cerca de R$ 5 milhões.
A receita atual do local, diz o vice de finanças, cobre só metade dos gastos de manutenção.
Na sede social também foram erguidos um restaurante, um teatro, bares, quadra e campo de futebol soçaite. A oposição pede investigação sobre a emissão de notas fiscais dos serviços, que estariam sendo usadas para remunerar dirigentes do clube.
"Ele [Dualib] desviou dinheiro do futebol para fazer obras caríssimas que dão prejuízo ao clube e os sócios não aproveitam", acusa Andrés Sanches, líder oposicionista.
Segundo Piovezan, as obras foram feitas para atrair mais sócios para o clube e diminuir o déficit do social. O cartola, entretanto, relata que, em 2006, dos R$ 20 milhões arrecadados com a venda de atletas, R$ 10 milhões foram desviados para cobrir gastos com a área social.
Sem recursos para o time de futebol, o técnico corintiano terá hoje contra o Sport, além de Dentinho, outra cria do "terrão", o atacante Wilson. O volante Carlos Alberto substitui Rosinei, suspenso.

NA TV - Sport x Corinthians


Globo (para SP), às 16h, ao vivo


Texto Anterior: Argentina: Crespo, contundido, é cortado do time
Próximo Texto: [+]Ataque: Clube se esforça com desconhecido
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.