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Velha guarda reprova samba do Pan
Além de apontar gafe na letra, reclamação é de que hino dos Jogos foi composto por um roqueiro
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Poucas horas depois do lançamento do Hino do Pan, o
""samba exaltação", composto
pelos paulistas Arnaldo Antunes e Liminha, foi criticado ontem por sambistas do Rio.
Com o título ""Viva Essa
Energia", a música foi apresentada como atração da festa de
abertura dos Jogos, no dia 13.
"Escutei o samba apenas
uma vez e não gostaria de falar
sobre ele. O que não dá é colocar um roqueiro para compor.
Se é para brincar, vamos brincar direito. Eles tinham que
chamar um sambista. A idéia
foi infeliz", disse Neguinho da
Beija-Flor, intérprete de samba
da escola de Nilópolis.
Ele é autor de ""O Campeão"
("Domingo eu vou ao Maracanã/ Vou torcer pro time que
sou fã"), letra cantada nos estádios brasileiros até hoje. ""Será
que o sambista não tem mais
competência? Não precisavam
me convidar, mas tinha que ter
alguém da área. Tenho [sambas] melhores que esse no baú."
O hino, que também tem
uma batida funk no meio e foi
gravado pela bateria da Beija
Flor, é cantado pela carioca
Ana Costa e por Antunes.
Escritor e compositor, Nei
Lopes apontou uma gafe.
""Avise aos rapazes que "keto",
"nagô" e "iorubá" é a mesma coisa. O povo de Ketu pertence à
grande nação Iorubá, cujos
membros são também conhecidos no Brasil pelo nome nagô,
que é até meio pejorativo". disse o autor do "Dicionário Banto
do Brasil" e da "Enciclopédia
Brasileira da Diáspora Africana", referindo-se ao trecho da
letra ""ketu e angola, jeje nagô e
yorubá(...)/ Todos vieram à beira da praia para saudar/ o amor
de Guaracy e Yemanjá".
Apesar de declarar que não
quis ouvir o hino, enviado pela
Folha por e-mail, Lopes disse,
ao ler a letra, que ""é possível
que a melodia seja bonitinha".
Já o baterista Wilson das Neves aprovou o samba. ""A gente
faz o que sabe. Se ele sabe fazer
rock, também sabe fazer samba. O Arnaldo é uma alma boa.
Se a alma é boa, a música deve
ser boa", disse o sambista, parceiro de Chico Buarque.
A idéia de convidar Antunes
para compor o Hino do Pan
(que pode ser ouvido no
www.folha.com.br/071841)
foi de Alê Siqueira, diretor musical das cerimônias de abertura e enceramento. "Queria sair
do óbvio", disse Siqueira.
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