São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Velha guarda reprova samba do Pan

Além de apontar gafe na letra, reclamação é de que hino dos Jogos foi composto por um roqueiro

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Poucas horas depois do lançamento do Hino do Pan, o ""samba exaltação", composto pelos paulistas Arnaldo Antunes e Liminha, foi criticado ontem por sambistas do Rio.
Com o título ""Viva Essa Energia", a música foi apresentada como atração da festa de abertura dos Jogos, no dia 13.
"Escutei o samba apenas uma vez e não gostaria de falar sobre ele. O que não dá é colocar um roqueiro para compor. Se é para brincar, vamos brincar direito. Eles tinham que chamar um sambista. A idéia foi infeliz", disse Neguinho da Beija-Flor, intérprete de samba da escola de Nilópolis.
Ele é autor de ""O Campeão" ("Domingo eu vou ao Maracanã/ Vou torcer pro time que sou fã"), letra cantada nos estádios brasileiros até hoje. ""Será que o sambista não tem mais competência? Não precisavam me convidar, mas tinha que ter alguém da área. Tenho [sambas] melhores que esse no baú."
O hino, que também tem uma batida funk no meio e foi gravado pela bateria da Beija Flor, é cantado pela carioca Ana Costa e por Antunes.
Escritor e compositor, Nei Lopes apontou uma gafe.
""Avise aos rapazes que "keto", "nagô" e "iorubá" é a mesma coisa. O povo de Ketu pertence à grande nação Iorubá, cujos membros são também conhecidos no Brasil pelo nome nagô, que é até meio pejorativo". disse o autor do "Dicionário Banto do Brasil" e da "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana", referindo-se ao trecho da letra ""ketu e angola, jeje nagô e yorubá(...)/ Todos vieram à beira da praia para saudar/ o amor de Guaracy e Yemanjá".
Apesar de declarar que não quis ouvir o hino, enviado pela Folha por e-mail, Lopes disse, ao ler a letra, que ""é possível que a melodia seja bonitinha".
Já o baterista Wilson das Neves aprovou o samba. ""A gente faz o que sabe. Se ele sabe fazer rock, também sabe fazer samba. O Arnaldo é uma alma boa. Se a alma é boa, a música deve ser boa", disse o sambista, parceiro de Chico Buarque.
A idéia de convidar Antunes para compor o Hino do Pan (que pode ser ouvido no www.folha.com.br/071841) foi de Alê Siqueira, diretor musical das cerimônias de abertura e enceramento. "Queria sair do óbvio", disse Siqueira.


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