São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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LDU consolida a descentralização da Libertadores

Times de países ganhadores do troféu vêem a hegemonia no continente ser reduzida no principal torneio de clubes

Em 20 anos, 30% dos títulos da competição foram para equipes de nações poucos tradicionais, que só haviam conquistado 1 torneio antes


Teddy Garcia/Reuters
Urrutia (dir.), capitão da LDU, e Edgardo Bauza exibem a Taça Libertadores na chegada a Quito

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não é um título só da Liga, este título é do futebol equatoriano", afirmou o técnico da LDU (Liga Deportiva Universitaria), Edgardo Bauza, após seu time bater o Fluminense na final da Taça Libertadores.
Sua frase (embora dita por um argentino) traduz o sentimento de países de menor tradição no futebol quando ganham o torneio mais importante de clubes das Américas.
Até duas décadas atrás, o futebol do continente era dominado por Brasil, Argentina e Uruguai, todos com títulos da Copa do Mundo. Essa hegemonia se repete na Libertadores.
Em 29 edições, até 1988, clubes desses países só não tinham abocanhado o torneio uma vez. Foi com a conquista do paraguaio Olimpia, em 1979.
Nos últimos 20 anos, porém, equipes de fora do eixo de campeões mundiais ficaram com seis títulos, ou 30% das conquistas. O Olimpia obteve mais dois torneios. A Colômbia ficou com dois, com Nacional de Medellín e Once Caldas. O Colo-Colo, do Chile, também foi campeão, em 1990. E, finalmente, a LDU ganhou seu título nesta temporada.
O sucesso de equipes de países de menor tradição é mais significativa porque cresceu a participação de argentinos e brasileiros na Libertadores. No campeonato de 1980, os dois países, mais o Uruguai, representavam 30% das equipes participantes do torneio.
Na edição de 2008, esse percentual, também incluindo os uruguaios, chegou a 37,5%. A Conmebol deu mais vagas a brasileiros e argentinos para, teoricamente, tornar mais forte a Libertadores. Se não ganharem o título do ano anterior, os dois países podem ter até cinco times cada um.
A LDU, por exemplo, é um time de destaque recente. Fundada em 1930, tornou-se dominante dentro do país recentemente. E o Equador só tinha duas equipes na Libertadores.
Seu estádio, o Casablanca, foi construído em 1997. É também o primeiro time que joga na altitude -Quito está a 2.850 m acima do mar- a ganhar a Libertadores. "Nós ainda não entendemos direito o que conseguimos", resumiu Bauza.
A ascensão da LDU tem relação com o crescimento do futebol equatoriano. Esteve nas últimas duas Copas do Mundo: estreou em 2002, na Ásia, e se classificou para às oitavas-de-final na Alemanha, em 2006.
Seu símbolo é o goleiro Cevallos, que pegou três pênaltis na final e disputou a última Copa.
"Não tinha como perder esse jogo. Sabia que seria a última chance na carreira", contou o goleiro. "Eu pedi proteção ao meu pai, que morreu quando eu tinha 11 anos", explicou, sobre sua reza antes dos pênaltis.
A vitória da LDU foi destaque em todos os jornais equatorianos e houve festa em Quito.


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