São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Polícia Federal afirma que cubanos serão deportados

Empresário, que gerencia 4 desertores, diz que Rigondeux e Lara foram coagidos

Para delegado, pugilistas, que estão isolados em hotel, recusam status de refugiados ofertado pelo Brasil e querem voltar ao país "que amam"

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de 24 horas depois de serem detidos, os boxeadores cubanos Erislandy Lara, 24, e Guillermo Rigondeaux, 26, têm duas versões para seu futuro.
Uma é a do delegado-chefe da Polícia Federal de Niterói, Felício Laterça, que disse que a dupla cubana se recusou a receber o status de refugiada do governo brasileiro e que será deportada para o país caribenho.
Outra é a de Ahmet Öner, turco baseado na Alemanha que admitiu ter bancado a suposta deserção dos pugilistas, que aponta que ambos foram vítimas de pressão psicológica.
A deserção dos atletas ocorreu no dia 20, durante o Pan, quando fugiram da Vila. Anteontem, Rigondeaux e Lara foram detidos pela Polícia Militar em Araruama (a 115 km do Rio).
Desde a madrugada de ontem, Rigondeaux e Lara estão num hotel, em liberdade vigiada, segundo a PF, que se recusou a revelar o endereço.
""Os dois estão tranqüilos. Ofereceremos a condição de refugiados para todos, mas não quiseram. Disseram que queriam voltar para Cuba. Afirmaram categoricamente que amam o país", disse Laterça.
Já Öner, que já tem sob contrato quatro cubanos desertores, diz que os atletas foram coagidos. ""[Cubanos entraram em contato com eles e] falaram: "Por que fizeram isso? Seu pai e sua mãe vão passar por isso, por aquilo". Por isso, eles dizem que querem voltar", apontou Öner à Folha. ""Eles queriam vir [para a Alemanha]. Assinaram contrato. Eles não foram forçados a nada. Agora, espero que não sofram punições. O importante é a integridade física."
Advogados da Arena Box-Promotion, empresa alemã dirigida por Öner, não tiveram permissão de falar com os dois boxeadores desde a detenção.
De acordo com o delegado da PF, Rigondeaux e Lara telefonaram, durante a madrugada, para familiares em Cuba. ""Eles choraram e garantiram que voltariam ao país", disse Laterça, reforçando que os dois serão deportados. Antes, no entanto, o Ministério Público Federal, que pediu a abertura de inquérito para apurar o suposto aliciamento, quer ouvi-los.
Rigondeaux, bicampeão olímpico e mundial, e Lara, campeão mundial, eram favoritos no Pan. No momento em que foram detidos pela PM, estavam sem documentos e tinham a companhia de um motorista e um guia turístico.
À polícia, os atletas disseram que seus passaportes ficaram com os representantes da Box-Promotion, que os ajudaram na fuga da Vila do Pan. Segundo a dupla, eles saíram com dois alemães para comprar videogame e que, após fazê-lo, foram "entorpecidos" ao beber um energético em Copacabana.
A PF diz que os alemães deixaram o país na quarta e não descarta investigar a atuação da Box-Promotion. "Após a fuga, os cubanos decidiram ficar num apartamento e começaram a rodar pelo Rio com ajuda dos alemães", disse Laterça.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) preferiu não se pronunciar sobre o caso. A Folha contatou a Embaixada de Cuba, mas foi informada que o expediente se encerrara.


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