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Polícia Federal afirma que cubanos serão deportados
Empresário, que gerencia 4 desertores, diz que Rigondeux e Lara foram coagidos
Para delegado, pugilistas, que estão isolados em hotel, recusam status de refugiados ofertado pelo Brasil e querem voltar ao país "que amam"
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de 24 horas depois de
serem detidos, os boxeadores
cubanos Erislandy Lara, 24, e
Guillermo Rigondeaux, 26, têm
duas versões para seu futuro.
Uma é a do delegado-chefe da
Polícia Federal de Niterói, Felício Laterça, que disse que a dupla cubana se recusou a receber
o status de refugiada do governo brasileiro e que será deportada para o país caribenho.
Outra é a de Ahmet Öner,
turco baseado na Alemanha
que admitiu ter bancado a suposta deserção dos pugilistas,
que aponta que ambos foram
vítimas de pressão psicológica.
A deserção dos atletas ocorreu no dia 20, durante o Pan,
quando fugiram da Vila. Anteontem, Rigondeaux e Lara foram detidos pela Polícia Militar
em Araruama (a 115 km do Rio).
Desde a madrugada de ontem, Rigondeaux e Lara estão
num hotel, em liberdade vigiada, segundo a PF, que se recusou a revelar o endereço.
""Os dois estão tranqüilos.
Ofereceremos a condição de refugiados para todos, mas não
quiseram. Disseram que queriam voltar para Cuba. Afirmaram categoricamente que
amam o país", disse Laterça.
Já Öner, que já tem sob contrato quatro cubanos desertores, diz que os atletas foram
coagidos. ""[Cubanos entraram
em contato com eles e] falaram:
"Por que fizeram isso? Seu pai e
sua mãe vão passar por isso, por
aquilo". Por isso, eles dizem que
querem voltar", apontou Öner
à Folha. ""Eles queriam vir [para a Alemanha]. Assinaram
contrato. Eles não foram forçados a nada. Agora, espero que
não sofram punições. O importante é a integridade física."
Advogados da Arena Box-Promotion, empresa alemã dirigida por Öner, não tiveram
permissão de falar com os dois
boxeadores desde a detenção.
De acordo com o delegado da
PF, Rigondeaux e Lara telefonaram, durante a madrugada,
para familiares em Cuba. ""Eles
choraram e garantiram que
voltariam ao país", disse Laterça, reforçando que os dois serão deportados. Antes, no entanto, o Ministério Público Federal, que pediu a abertura de
inquérito para apurar o suposto aliciamento, quer ouvi-los.
Rigondeaux, bicampeão
olímpico e mundial, e Lara,
campeão mundial, eram favoritos no Pan. No momento em
que foram detidos pela PM, estavam sem documentos e tinham a companhia de um motorista e um guia turístico.
À polícia, os atletas disseram
que seus passaportes ficaram
com os representantes da Box-Promotion, que os ajudaram na
fuga da Vila do Pan. Segundo a
dupla, eles saíram com dois
alemães para comprar videogame e que, após fazê-lo, foram
"entorpecidos" ao beber um
energético em Copacabana.
A PF diz que os alemães deixaram o país na quarta e não
descarta investigar a atuação
da Box-Promotion. "Após a fuga, os cubanos decidiram ficar
num apartamento e começaram a rodar pelo Rio com ajuda
dos alemães", disse Laterça.
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) preferiu
não se pronunciar sobre o caso.
A Folha contatou a Embaixada
de Cuba, mas foi informada
que o expediente se encerrara.
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