São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2000


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OLIMPÍADA

Revista oficial dos Jogos ignora estrelas brasileiras em Sydney

Comitê "tira" favoritismo de Kuerten e Scheidt

EDGARD ALVES
ROBERTO DIAS

ENVIADOS ESPECIAIS A CANBERRA

Gustavo Kuerten? Robert Scheidt? Não, eles não são estrelas dos Jogos de Sydney-2000. Pelo menos na opinião do Socog, comitê responsável pela organização dos Jogos Olímpicos.
Dois dos mais destacados atletas de seus esportes na atualidade, Kuerten e Scheidt foram barrados da revista oficial de apresentação da Olimpíada.
O caso de Scheidt, medalha de ouro no iatismo em Atlanta-96, é o que mais chama a atenção.
O Socog destaca, sem meias-palavras, seu maior rival, o britânico Ben Ainslie, derrotado por Scheidt há quatro anos, como o homem a ser observado em Sydney. "Ele é um dos maiores talentos do iatismo", diz a publicação, cuja elaboração foi feita em parceria com a "Sports Illustrated", mais conceituada revista esportiva do mundo.
Na apresentação do tênis, o grande destaque é Andre Agassi, atual campeão olímpico. Despontam ainda, para o Socog, a sensação caseira Patrick Rafter, o russo Ievguêni Kafelnikov, o alemão Nicolas Kiefer e o britânico Tim Henman.
Líder da Corrida dos Campeões e maior estrela da delegação brasileira, Kuerten não é citado.
Por outro lado, a revista abre generoso espaço para outro atleta nacional: Rodrigo Pessoa, atual campeão mundial de hipismo.
A publicação o incluiu na seção de nomes que o leitor ouvirá na Olimpíada. "Ele pode dar a seu país sua primeira medalha de ouro no hipismo", diz o texto, que, assim como os demais, foi escrito por Travis Cranley, responsável pela área editorial do Socog.
Quem também recebe atenção especial na apresentação dos Jogos é a seleção feminina de basquete, chamada de "revelação de Atlanta" e que, na opinião do Socog, tem disputado com a Austrália o segundo lugar na lista de potências da modalidade, atrás dos EUA. "Isso dá uma idéia da importância do confronto entre Brasil e Austrália no dia 18 de setembro. O vencedor provavelmente acabará como primeiro do grupo e não deverá enfrentar os EUA até a final", afirma a revista.
No vôlei de praia, o comitê afirma que o Brasil "tomou o lugar dos EUA como a grande superpotência da modalidade" e realça as boas perspectivas para o país no feminino, com Adriana Behar/ Shelda e Sandra Pires/Adriana Samuel, e no masculino, com Emanuel/Loiola e Zé Marco/Ricardo.
Por fim, o Socog aborda um dos maiores paradoxos da história olímpica: o fato de o Brasil, tetracampeão mundial de futebol, jamais ter conseguido a medalha de ouro nos Jogos. "Os brasileiros podem cantar, sambar, pintar o rosto e gritar tudo o que quiserem. Mas há algo que os incomoda. A nação mais poderosa do futebol tem uma ferida em seu ego", diz o Socog, que completa: "Milhões de torcedores esperam que o atacante Ronaldinho acabe com o jejum."
O Socog informou, por meio da assessoria de imprensa, que os artigos da revista não visam fazer projeções de vitórias nos Jogos, mas sim apresentar alguns nomes de destaque das competições. Os dados foram coletados em um período de 12 meses anteriores à publicação. O Socog informa ainda que os artigos são assinados e expressam a opinião do autor.


Com os enviados a Sydney


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