São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2000


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OLIMPÍADA

Carteiros, jornalistas e hoteleiros de Sydney paralisam suas atividades para reivindicar bônus salarial olímpico

Greves ameaçam organização dos Jogos

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

Carteiros, jornalistas e recepcionistas de hotéis de Sydney entraram em greve e podem minar a organização do maior evento esportivo do mundo.
Eles encaram uma disputa particular: ganhar um bônus salarial que outras categorias receberam pelo acréscimo de trabalho durante a Olimpíada.
A greve com reflexo mais direto é a dos hoteleiros. No hotel Intercontinental, que hospeda todos os executivos, produtores e jornalistas do canal norte-americano NBC, os 700 funcionários fizeram um protesto na porta.
Aos gritos de ""queremos respeito", eles simularam uma rifa de um carro de brinquedo. Isso porque a oferta da empresa incluía o pagamento de 50 dólares australianos (equivalente a R$ 53) e o sorteio de um carro como ""adicional olímpico".
A irritação é maior porque o hotel aumentou os preços das diárias para R$ 2.150. ""Os hotéis não reduzem o salário dos empregados na época das vacas magras. Por que teria de fazer o contrário agora quando estão lotados?", afirmou Justin Owen, dirigente do sindicato patronal.
Entre os hotéis com grevistas estão o Gazebo Hotel e o Regent Hotel, onde ficará hospedado, a partir de hoje, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Juan Antonio Samaranch.
Já os hotéis dos grupos Accor e Starwood funcionam normalmente porque fizeram acordos trabalhistas. Recepcionistas, lavadeiras, camareiras e manobristas ganharão R$ 585 a mais durante a quinzena de duração dos Jogos.
A maioria dos profissionais conseguiu o bônus olímpico, negociado pela união de trabalhadores de serviços turísticos e alimentação, a LHMU. O poderoso sindicato -tem 150 mil afiliados- acertou ainda o salário de faxineiros, seguranças, cozinheiros e garçons do Parque Olímpico.
Já os funcionários públicos conseguiram um bônus de R$ 1,5 por hora. Motoristas e seguranças também ganharam remuneração extra (leia texto nesta página). Diante desse cenário, os carteiros decidiram parar quando sua reivindicação não foi aceita.
""Nós não vamos distribuir os ingressos para a Olimpíada enquanto a empresa não quiser distribuir os ganhos que terá", afirmou o líder sindical Jim Metcher.
Cerca de 30 mil entradas para a Olimpíada e a Paraolimpíada não foram endereçadas. A Austrália Post ofereceu R$ 175, mas os 5.000 funcionários querem R$ 425.
Por seu lado, os jornalistas do ""Sydney Morning Herald", publicação que o comitê organizador escolheu como ""jornal oficial da Olimpíada", entraram em greve pelo mesmo motivo. Eles tentaram impedir a circulação dos exemplares e chegaram a brigar com funcionários da gráfica. A greve só acabou anteontem.
""Queremos que os Jogos sejam um sucesso, mas, para isso, os trabalhadores têm de estar motivados, com boa remuneração", afirmou Michael Costa, secretário do conselho trabalhista de Nova Gales do Sul, Estado do qual Sydney é capital.


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