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MOTOR
O aprendiz
Ferrari erra e sofre nesta temporada por não ter se preparado para a sucessão de Todt, Brawn e cia
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FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
ENTÃO UM belo dia algum gênio
de Maranello resolveu aposentar a placa-pirulito e sugeriu um pirulito-eletrônico. E outro
gênio achou uma excelente idéia e,
se bobear, promoveu e conferiu um
aumento salarial ao primeiro gênio.
E deu no que deu.
Se é verdade que Massa ainda não
perdeu o campeonato, também é
que suas chances diminuíram muito
no último domingo. E se é fato que o
erro de Cingapura não foi o único
vexame da Ferrari na temporada,
também é que ficará marcado como
a imagem da derrota, se ela ocorrer.
Foi, pois, um erro emblemático.
E
que ajuda a entender os outros. Porque o nome do primeiro gênio é desconhecido. Mas o do segundo é notório, Stefano Domenicali. E se você
não pegou ainda, isso é uma ironia.
Pilotos têm carreiras curtas, com
prazo de validade, finitas. Dirigentes, não. Alguns são infinitos, como
Williams, Dennis, Head... A Ferrari
se preparou bem para o primeiro caso, a aposentadoria de Schumacher.
Mas, talvez acreditando na continuidade de Todt, Brawn, Martinelli
e Byrne, não trabalhou na sucessão.
O problema é que eles saíram. Ok,
Todt continua, mas sem cargo específico e sem colocar a mão na massa.
E quem a Ferrari contratou para
substituir a cúpula mais bem-sucedida da história da F-1? Ninguém.
A Ferrari não foi ao mercado. Não
seguiu o roteiro, por exemplo, da
Red Bull, que pescou Horner e Berger de outros times e categorias para
tocar seus projetos. Não. Prepotência, erro de cálculo, autoconfiança
ou um pouco de tudo isso, achou que
tinha a solução em casa.
E colocou
tudo nas mãos de Baldisseri, apenas
um esforçado aprendiz de chefe.
No primeiro ano, 2007, a equipe
ainda carregava resquícios da filosofia anterior, ele teve uma sorte danada, e Raikkonen conquistou o Mundial. Hoje, porém, o time é outro, já é
a sua cara. Uma Ferrari que erra no
motor, no escapamento, na estratégia, no abastecimento, no pirulito.
Federico Uguzzoni, o que apertou
o botão errado, não é o culpado.
Tampouco Massa, que faz um campeonato correto, consciente. O buraco, na Ferrari, é mais em cima.
MAIS UM
Para Rossi, não bastava ser hexacampeão, tinha de vencer em Motegi. E foi o que fez. O italiano está a
dois títulos de igualar Giacomo
Agostini. E até as ruelas de Urbino,
onde ele deu as primeiras aceleradas, sabem que é questão de tempo.
ICEBERG
Complicado, lamentável e triste, o
caso de Castro Neves. A investigação foi profunda, a denúncia é muito bem embasada e dificilmente ele
escapará de uma condenação -lá,
as coisas funcionam. Não estranhe
se outros pilotos começarem a voltar ao país. Em tempo: um outro
brasileiro, ex-Indy, vai aparecer em
breve nas páginas policiais.
fseixas@folhasp.com.br
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