São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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MOTOR

O aprendiz


Ferrari erra e sofre nesta temporada por não ter se preparado para a sucessão de Todt, Brawn e cia


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

ENTÃO UM belo dia algum gênio de Maranello resolveu aposentar a placa-pirulito e sugeriu um pirulito-eletrônico. E outro gênio achou uma excelente idéia e, se bobear, promoveu e conferiu um aumento salarial ao primeiro gênio. E deu no que deu.
Se é verdade que Massa ainda não perdeu o campeonato, também é que suas chances diminuíram muito no último domingo. E se é fato que o erro de Cingapura não foi o único vexame da Ferrari na temporada, também é que ficará marcado como a imagem da derrota, se ela ocorrer. Foi, pois, um erro emblemático.
E que ajuda a entender os outros. Porque o nome do primeiro gênio é desconhecido. Mas o do segundo é notório, Stefano Domenicali. E se você não pegou ainda, isso é uma ironia. Pilotos têm carreiras curtas, com prazo de validade, finitas. Dirigentes, não. Alguns são infinitos, como Williams, Dennis, Head... A Ferrari se preparou bem para o primeiro caso, a aposentadoria de Schumacher. Mas, talvez acreditando na continuidade de Todt, Brawn, Martinelli e Byrne, não trabalhou na sucessão.
O problema é que eles saíram. Ok, Todt continua, mas sem cargo específico e sem colocar a mão na massa. E quem a Ferrari contratou para substituir a cúpula mais bem-sucedida da história da F-1? Ninguém. A Ferrari não foi ao mercado. Não seguiu o roteiro, por exemplo, da Red Bull, que pescou Horner e Berger de outros times e categorias para tocar seus projetos. Não. Prepotência, erro de cálculo, autoconfiança ou um pouco de tudo isso, achou que tinha a solução em casa.
E colocou tudo nas mãos de Baldisseri, apenas um esforçado aprendiz de chefe. No primeiro ano, 2007, a equipe ainda carregava resquícios da filosofia anterior, ele teve uma sorte danada, e Raikkonen conquistou o Mundial. Hoje, porém, o time é outro, já é a sua cara. Uma Ferrari que erra no motor, no escapamento, na estratégia, no abastecimento, no pirulito. Federico Uguzzoni, o que apertou o botão errado, não é o culpado. Tampouco Massa, que faz um campeonato correto, consciente. O buraco, na Ferrari, é mais em cima.

MAIS UM
Para Rossi, não bastava ser hexacampeão, tinha de vencer em Motegi. E foi o que fez. O italiano está a dois títulos de igualar Giacomo Agostini. E até as ruelas de Urbino, onde ele deu as primeiras aceleradas, sabem que é questão de tempo.

ICEBERG
Complicado, lamentável e triste, o caso de Castro Neves. A investigação foi profunda, a denúncia é muito bem embasada e dificilmente ele escapará de uma condenação -lá, as coisas funcionam. Não estranhe se outros pilotos começarem a voltar ao país. Em tempo: um outro brasileiro, ex-Indy, vai aparecer em breve nas páginas policiais.

fseixas@folhasp.com.br

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