São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

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Lula repete slogan de Obama e fala em fim de favelas

Um dia depois da vitória na Dinamarca, presidente exalta momento do país e integração entre três níveis de governo

"A diferença entre mim e as outras pessoas que governaram este país é que tenho de provar todo dia que o Brasil vai dar certo"

LUCIANA COELHO
RODRIGO MATTOS

SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a entrevista coletiva na manhã de ontem, em Copenhague, para fazer promessas de longo prazo. Assumiu compromissos para quando já não estará no cargo, buscou capitalizar politicamente a escolha do Rio para sediar a Olimpíada de 2016 e colocou a decisão como um de seus trunfos na arena internacional.
No cenário, incluiu a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), sua favorita na eleição de 2010 e catapultada a uma das coordenadoras do plano olímpico.
O presidente repisou conquistas recentes, embaladas por anos de estabilidade econômica e pelo bom momento criado pela descoberta do pré-sal, como mérito da mudança de mentalidade que implantou no governo, de forma a tornar indissociável de sua figura o sucesso externo crescente.
"Não é pouca coisa para um país que era tratado como um paisinho de Terceiro Mundo até outro dia. Esse país entrou no cenário internacional para ficar", disse, ao listar feitos.
E entrou, de acordo com seu raciocínio, porque ele assumiu que o Brasil "podia". Ao longo da entrevista, repetiria exaustivamente "Sim, nós podemos", versão para o português do slogan do americano Barack Obama na campanha presidencial.
"A diferença entre mim e as outras pessoas que governaram este país é que eu tenho de provar todo dia que o Brasil vai dar certo", afirmou, repetindo seu otimismo como um fator crucial para que o Brasil ganhasse dimensão. "Para mim não tem tempo feio. A única coisa impossível é Deus pecar. De resto não tem nada impossível."
O presidente anunciou que logo que voltar ao Brasil, no fim desta semana, após visitas a Bruxelas e Estocolmo, marcará uma reunião dos governos federal, estadual e municipal para discutir como trabalhar com o projeto olímpico.
Segundo Ricardo Leyser, principal executivo do Ministério do Esporte na coordenação do projeto da Rio-2016, a reunião será capitaneada por Dilma. Anteontem, a ministra já chamou para si a responsabilidade de controlar gastos na empreitada de sete anos.
Outro ponto enfatizado desde a chegada à Dinamarca e repetido ontem é a integração dos três níveis de poder. Na bancada, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, foram vendidos pelo presidente como os responsáveis por conduzir o processo lá na frente.
"Eu só tenho mais um ano e meio", afirmou. "Mas este menino estará aí mais seis anos", disse, sobre Cabral, "reelegendo" o governador. "E este menino pode ser prefeito de novo até lá", emendou, sobre Paes.
Lula citou os programas que associou à Olimpíada, como o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os mecanismos de distribuição de renda. E falou, com a ressalva de que "a Olimpíada não se comprometeu a acabar com favela", que, se tudo seguir no ritmo atual e o projeto olímpico atrair o investimento esperado, as favelas do país virarão bairros com casas de alvenaria.


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