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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br
Posições em extinção
FELIPÃO AFIRMOU na semana passada que deseja
um jogador capaz de fazer o
jogo pelas pontas. Também
lamentou o fato de o Brasil
não produzir mais jogadores desse tipo. Disse não entender por quê. Pois basta
ver como jogam os times
brasileiros desde o início
dos anos 90 para entender.
O lamento de Felipão tem
a ver com sua catequização
pelo 4-2-3-1, desde que treinou Portugal. Informalmente, já disse que esse é seu sistema também no Palmeiras.
Nos anos 90, Felipão era
um dos que mais tarde se
renderam aos dois atacantes enfiados. No Criciúma,
campeão da Copa do Brasil
de 1991, escalava Jairo Lenzi, ponta-esquerda nato, daqueles que vão à linha de
fundo. No Grêmio e no Palmeiras, usou Paulo Nunes.
Mas Paulo Nunes era
mais ponta de lança do que
ponta-direita, com Felipão.
É exemplo de como os
pontas se extinguiram no
Brasil. No final dos anos 70,
Telê usava meias pelos lados. Convencionou-se chamar a posição de "ponta falso". Os ataques ficavam
pensos, com um ponta falso
e outro verdadeiro. Aos poucos, o ponta falso virou um
meia apoiador e o ponta
verdadeiro precisou se tornar um ponta de lança.
Com Felipão, Paulo Nunes se aproximava do centroavante, embora soubesse fazer jogadas pelos lados.
Renato Gaúcho também era
ponta verdadeiro e se tornou ponta de lança.
Não é muito diferente ter
duplas de ataque formadas
pelos dois pontas de lança
atuais do que nos anos 70,
quando as duplas eram César e Leivinha no Palmeiras,
ou Flávio e Samarone. A diferença é que pelos lados
havia dois atacantes. Hoje
são dois apoiadores.
Veja que não está escrito
armadores. Esse lamento,
quem já fez foi Muricy. O investimento em alas e volantes mata os meias, como já
matou os pontas.
SERÁ QUE ELE É?
Após o empate com o Ceará, Adilson voltou a falar que
não tem um jogador igual a
Elias. Tem razão. Mas é preciso criar alternativas, ou correr o risco de cair para terceiro. Uma delas é Defederico,
que chegou como meia, e o
Corinthians só descobriu depois que é muito mais um segundo atacante. A Argentina
também cria o jogador que
não é meia, não é ponta e não
é centroavante. O técnico precisa descobrir o que ele é.
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