São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

Posições em extinção

FELIPÃO AFIRMOU na semana passada que deseja um jogador capaz de fazer o jogo pelas pontas. Também lamentou o fato de o Brasil não produzir mais jogadores desse tipo. Disse não entender por quê. Pois basta ver como jogam os times brasileiros desde o início dos anos 90 para entender.
O lamento de Felipão tem a ver com sua catequização pelo 4-2-3-1, desde que treinou Portugal. Informalmente, já disse que esse é seu sistema também no Palmeiras.
Nos anos 90, Felipão era um dos que mais tarde se renderam aos dois atacantes enfiados. No Criciúma, campeão da Copa do Brasil de 1991, escalava Jairo Lenzi, ponta-esquerda nato, daqueles que vão à linha de fundo. No Grêmio e no Palmeiras, usou Paulo Nunes.
Mas Paulo Nunes era mais ponta de lança do que ponta-direita, com Felipão.
É exemplo de como os pontas se extinguiram no Brasil. No final dos anos 70, Telê usava meias pelos lados. Convencionou-se chamar a posição de "ponta falso". Os ataques ficavam pensos, com um ponta falso e outro verdadeiro. Aos poucos, o ponta falso virou um meia apoiador e o ponta verdadeiro precisou se tornar um ponta de lança.
Com Felipão, Paulo Nunes se aproximava do centroavante, embora soubesse fazer jogadas pelos lados. Renato Gaúcho também era ponta verdadeiro e se tornou ponta de lança.
Não é muito diferente ter duplas de ataque formadas pelos dois pontas de lança atuais do que nos anos 70, quando as duplas eram César e Leivinha no Palmeiras, ou Flávio e Samarone. A diferença é que pelos lados havia dois atacantes. Hoje são dois apoiadores.
Veja que não está escrito armadores. Esse lamento, quem já fez foi Muricy. O investimento em alas e volantes mata os meias, como já matou os pontas.

SERÁ QUE ELE É?
Após o empate com o Ceará, Adilson voltou a falar que não tem um jogador igual a Elias. Tem razão. Mas é preciso criar alternativas, ou correr o risco de cair para terceiro. Uma delas é Defederico, que chegou como meia, e o Corinthians só descobriu depois que é muito mais um segundo atacante. A Argentina também cria o jogador que não é meia, não é ponta e não é centroavante. O técnico precisa descobrir o que ele é.


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