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FUTEBOL
Sob acusação de fraude, pleito opõe Eurico Miranda e Roberto Dinamite
Até eleitores mortos vão definir eleições no Vasco
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Com a inclusão de mortos na
lista de eleitores divulgada por
Eurico Miranda, que tenta a reeleição, os sócios do Vasco escolhem hoje o responsável para presidir o clube até 2006.
Adhemar Ferreira da Silva, único brasileiro bicampeão olímpico,
morto em janeiro de 2001, é um
dos que podem votar no eleição,
segundo a situação.
Em meio a denúncias de fraude
cometidas pela atual gestão, Miranda, 59, vai disputar o cargo
contra o ex-jogador Roberto Dinamite, 49, da oposição.
"Muitas coisas estão acontecendo nos últimos dias. Até os mortos estão podendo votar. Como o
Adhemar Ferreira, existem dezenas de outros nomes na mesma
situação. Mesmo assim, estou
confiante e só perco a eleição se
houver fraude", disse Dinamite,
deputado estadual pelo PMDB.
As denúncias da oposição sobre
a manipulação do colégio eleitoral não se limita à inclusão de
mortos na lista de eleitores. Das
10.687 pessoas relacionadas pela
gestão de Miranda com direito a
voto, 499 aparecem duas vezes na
lista e 1.014 supostos eleitores foram registrados sem endereço.
"Vamos estar atentos desde o
início da eleição. Sei que o risco
existe. O que me anima é o apoio
expontâneo dos vascaínos nas
ruas", disse Dinamite, que jogou
no clube por mais de 20 anos (do
início da década de 70 ao início da
década de 90), sempre no ataque.
Apesar da dívida de R$ 80 milhões, ele promete modernizar a
administração do clube.
"O Vasco atualmente é um clube muito centralizado na figura
do Eurico. A minha idéia é resgatar a credibilidade do Vasco, profissionalizar vários setores do clube e administrá-lo com a ajuda de
vários vascaínos ilustres", disse.
Um deles seria o empresário
Olavo Monteiro de Carvalho, que
já teria uma proposta de uma
multinacional para investir no futebol do clube.
Apesar da disputa pelo poder
travada hoje, Miranda e Dinamite
eram aliados há até dois anos. Os
dois chegaram a fazer uma dobradinha eleitoral na penúltima campanha parlamentar.
Mesmo com as denúncias do
adversário, o presidente do Vasco
afirma que não existe manipulação no pleito. "Algumas pessoas
morreram e não fomos informados. Não existe má-fé", disse o dirigente, que há cerca de 20 anos
ocupa os principais cargos de administração do clube.
Assim como Dinamite, Miranda afirma acreditar na vitória.
"Vou ganhar com facilidade. Sou
mais experiente e conheço bem o
clube", disse o presidente do Vasco, que no ano passado não foi
reeleito deputado federal.
Eleição indireta
Apesar de o resultado de hoje
servir para o vencedor comemorar antecipadamente a vitória, a
eleição realizada pelos sócios não
garante oficialmente o cargo ao
ganhador.
O pleito, que será realizado de
9h às 22h, é uma eleição indireta.
A eleição servirá para definir os
150 integrantes do novo Conselho
Deliberativo, responsável por
apontar o presidente do clube. A
chapa vencedora terá 120 assentos
no conselho, que se reunirá em janeiro. Já os derrotados podem indicar apenas 30 conselheiros.
Em janeiro, os novos integrantes se reunirão com os 150 conselheiros natos para escolher, entre
os dois candidatos, o novo presidente.
Mesmo assim, o derrotado nas
urnas raramente pode reverter o
resultado no conselho.
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