São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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RODRIGO BUENO

1986

Nesta segunda-feira, Sir Alex Ferguson completa 20 anos à frente do comando técnico do rico Manchester United

O TÉCNICO mais vitorioso da história do futebol inglês. E, claro, o mais longínquo dos dias atuais. Na segunda-feira, o Manchester United completará duas décadas com o mesmo treinador. O milionário time poderia contratar o estrategista que quisesse, o rei da prancheta da vez, mas se ligou eternamente ao senhor que contratou no dia 6 de novembro de 1986.
Aquele ano foi de fato marcante.
Quando estava para acabar, Ferguson sofreu com a morte de sua mãe. Escocês, encarava o maior desafio de sua carreira. Fora atacante como atleta (nada brilhante) e tinha no currículo já 12 anos como técnico de futebol quando assumiu os Red Devils. A proeza de ter levado o Aberdeen ao título da Recopa em 1983 batendo o Real Madrid na final era seu maior cartão de visita, mas a situação em Old Trafford era bem diferente da que vemos hoje. O clube não posava de potência como agora (de novo lidera o Inglês). Ao contrário, estava ameaçado pelo rebaixamento e alguns atletas, como Bryan Robson, Norman Whiteside e Paul McGrath exibiam péssima forma física e ótima fase etílica.
O Manchester United começou a se reerguer com disciplina e visão de mercado. Ferguson, bom descobridor de talentos, passou a indicar as peças certas para seu elenco, algo que pautaria seu trabalho no clube.
Em 20 anos, foram 19 títulos. Mas o primeiro demoraria. Em novembro de 1989, faixas pediam a saída de Ferguson. Eram ""só" três anos seguidos no time e já pediam sua cabeça. ""Fergie Out!", gritaram torcedores para o treinador no início de 1990. Faltou pouco para sua demissão? Faltava pouco para seu reinado. O título da Copa da Inglaterra em 1990 quebrou o gelo e foi base para a conquista da Recopa no ano seguinte, mas só o título inglês o transformaria em Sir no Old Trafford (no reino, precisaria de mais coisas).
Desde 1967 o popular Manchester United não ganhava o campeonato nacional, que passaria a ser turbinado, viraria Premier League em 1992/ 1993. E eis que vem a esperada taça. E eis que seguem outros sete troféus, recorde absoluto no período. No ano de 1999, ainda leva para o "Teatro dos Sonhos" a "Tríplice Coroa": liga, copa e Copa dos Campeões, além do Mundial interclubes, para o qual deu leve importância.
Beckham, Keane, Schmeichel, Giggs, Hughes, Scholes, Cristiano Ronaldo, Rooney... Vários devem a Ferguson, lição para outros técnicos sim, mas especialmente para os dirigentes. "Há evidências de que manter o treinador funciona. Existem bons exemplos, como Brian Clough, Arsène Wenger e eu mesmo."
Clough levou o Nottingham Forest a dois títulos continentais nos seus 18 anos de serviços prestados ao clube. Wenger, mesmo francês, completou recentemente dez anos de Arsenal, e com títulos nacionais. Em 1986, Rooney tinha só um ano. E muitos leitores desta coluna, como Joaquim, não tinham nascido.

JOSÉ MOURINHO
O técnico do Chelsea não rouba a cena só contra o Barcelona. Ele, que se jogou de joelhos no chão para celebrar o empate no Camp Nou, ganhou música da torcida do Manchester United, uma música para... sentar: www.youtube.com/watch?v=2ITQdCh852A

FRANK RIJKAARD
Quando jogador, apesar de craque, ficava à sombra de Gullit e Van Basten. Como técnico, deixa os dois antigos parceiros na sombra.

GUY ROUX
O técnico que ficou 44 anos no Auxerre está tranqüilo com seu recorde de longevidade, mas Alex Ferguson, que acenava com possível aposentadoria, anunciou que vai ficar pelo menos mais dois anos no Manchester. Já dá metade do tempo de Roux no clube francês.


rbueno@folhasp.com.br

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