São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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extasiado

"Vivo um sonho", afirma Hamilton

Um dia após conquistar o título mundial, inglês declara que voltas finais do GP Brasil foram as mais difíceis da carreira

Britânico empenha apoio a Barack Obama, candidato democrata à Presidência dos EUA, e diz se identificar com os torcedores brasileiros


Raimundo Paccó/Folha Imagem
Lewis Hamilton, da McLaren, durante entrevista coletiva no hotel Hilton, zona sul de São Paulo

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de se tornar o mais jovem campeão da F-1, Lewis Hamilton ainda não acreditava no que havia feito.
Bem diferente do ano passado, quando recebeu a imprensa em seu hotel, de ressaca, após perder o título em São Paulo, estava relaxado e bem-humorado. Respondeu a todas as perguntas dos jornalistas, inclusive sobre o fato de ser negro.
"A verdade é que nunca parei para pensar nisso. Nunca cheguei a um final de semana de corrida e pensei: "Nossa, sou o único cara negro do grid'", falou o inglês, que disse se identificar com os brasileiros por causa do amor pelo automobilismo.
"Para mim, é simplesmente o fato de sermos uma família que gosta de automobilismo e está aproveitando essa experiência. Ganhei o Mundial e é sensacional. Espero que outras culturas possam ver o que fiz e que os jovens aprendam que sonhos podem se realizar. Eu estou vivendo o meu", disse Hamilton, 23.
Às vésperas da eleição nos EUA, que pode eleger Barack Obama como o primeiro presidente negro de sua história, o piloto inglês afirmou que votaria no candidato democrata.
"Tenho acompanhado de perto a eleição, mas, na semana passada, estava muito concentrado para pensar nisso", falou ele, rindo. "Desejo o melhor para os dois candidatos, mas gosto muito do Obama e, se estivesse nos EUA, faria o melhor que pudesse para ajudá-lo."
Sem o uniforme da McLaren, o piloto falou com um pequeno grupo de repórteres por pouco mais de meia hora, sempre "vigiado" pelo pai, Anthony.
Sobre a corrida de anteontem, em que Felipe Massa venceu em Interlagos e ele chegou em quinto, posição limite para ficar com o título, Hamilton declarou que as duas últimas voltas do GP Brasil foram as mais difíceis de toda sua carreira.
"Sabia que era o sexto e que estava um ponto atrás do Felipe no campeonato. Pisei tudo que podia, mas sabia que só tinha algumas curvas", afirmou.
"Quando saí da curva 10, eles me falaram pelo rádio: "Seria ótimo se você conseguisse passar o Timo [Glock]'", disse, às gargalhadas. "Não sabia se dava e arrisquei. Esperei alguém no rádio berrar que eu era campeão. Mas só me avisaram depois que cruzei a chegada."
Questionado se agora busca quebrar os recordes do heptacampeão Michael Schumacher, maior vencedor da F-1, Hamilton disse que recordes não lhe interessam. Para ele, o importante é correr e vencer.
O piloto embarcaria ontem para a Europa. Amanhã, ele participa de uma cerimônia de premiação em Berlim, chamada "Volante de Ouro".
"Não vejo a hora de dormir na minha própria cama, voltar para minha casa", falou o inglês, que vive em Genebra e disse não ter planos de comprar nada de presente pelo título. "O Mundial foi minha recompensa. Não preciso de mais nada."
Anteontem, o piloto participou da festa preparada pela McLaren para comemorar o título que não ganhava desde 1999, quando venceu com Mika Hakkinen. "Só tomei duas taças de champanhe. Depois de um tempo, sentei e fiquei olhando a equipe, minha família, todos tão felizes. Simplesmente fiquei lá, olhando, pensando na alegria que é poder deixar tantas pessoas felizes. E fui dormir", disse, antes de completar: "Pelo menos não preciso usar aquele número 22 no meu carro. Agora serei o número um".


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