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TÊNIS
O herói e o reserva
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
É inevitável: confronto que
define a Copa Davis tem sempre um herói. Não raro o herói começou a decisão no banco, pouco
cotado, ou pelo menos um tanto
longe dos holofotes.
O então pouco conhecido Nicolas Escude foi o herói no ano passado ao bater o número um do mundo, Lleyton Hewitt, e ganhar
os pontos necessários para dar a
"saladeira", como é conhecido o
troféu da Copa Davis, à França.
Um ano antes, o jovem Juan
Carlos Ferrero foi coroado "rei
Juan Carlos" ao dar em casa, contra os fortes australianos, a saladeira para os súditos de Juan Carlos oficial, o monarca espanhol.
Mark Philippoussis, de um país
que admirava Patrick Rafter e o
próprio Hewitt, já foi carregado
em triunfo; um jovem Pete Sampras, ainda não consagrado e
com poucas entradas de calvície à
época, já conquistou um título de
Copa Davis em uma quadra de
saibro pra lá de lenta. Até um Arnaud Boetsch virou herói nacional francês.
No fim de semana, a Copa Davis fez sua decisão com França e
Rússia. E, nenhuma surpresa, a final elegeu, no quinto e último jogo do confronto, mais um jovem e
novo herói.
(Na sexta-feira, Marat Safin
venceu Paul-Henri Mathieu. Na
sequência, Sebastien Grosjean
derrotou Ievguêni Kafelnikov. No
sábado, a dupla francesa colocou
o país à frente; no domingo, Safin
bateu Grosjean.)
Com a decisão empatada, cabia
a Kafelnikov cumprir seu favoritismo, derrotar Mathieu, garantir
a primeira saladeira para seu
país e, herói, confirmar sua aposentadoria.
Quem entrou em quadra, porém, foi Mikhail Iouzhny. Que começou perdendo por 2 a 0 e, contra um tenista habilidoso e uma
torcida fanática, virou, venceu
após mais de quatro horas de jogo, selou o ponto decisivo e garantiu a saladeira aos russos.
O herói deste ano é bacana: tem
meros 20 anos, é tímido, adorava
Stefan Edberg quando criança e,
na última vez em que a Rússia
disputou um título, em 1995, era
um simples garoto trabalhando
como pegador de bola.
Em uma competição que, além
dos heróis, coleciona estrelas brigando com compatriotas, sabotando times e ignorando a torcida, ganha brilho também o ausente no jogo decisivo, "Kalashnikov" Kafelnikov.
No primeiro jogo, 41 erros não-forçados e só 20 winners, 0 ace. No
sábado, uma atuação pífia nas
duplas, com a bola atirada em
sua direção o tempo todo e a visível irritação de Safin, o seu parceiro.
Na noite de sábado, no hotel, a
atitude louvável: Kafelnikov, 28
anos, cansado, em má fase, sem
confiança, mas com o objetivo de
sair campeão, "manda o ego para
a Sibéria", como diria depois, e
cede seu lugar a Iouzhny.
"Foi uma decisão difícil, mas tomada só pensando no melhor para o meu time. Às vezes é preciso
colocar as ambições pessoais de
lado. Estou orgulhoso do que fiz."
Ex-número um do mundo, dois
Grand Slams, um ouro olímpico,
US$ 22 milhões em prêmios. Em
um circuito profissional em que
sobra ego, ambições e mesquinharias, poucos tenistas fariam o
que Kafelnikov fez.
Neste ano, o herói divide as
manchetes com aquele que terminou no banco. No jornal "Kommersant", saiu assim: "Mikhail
Iouzhny ganhou a Copa Davis
por Ievguêni Kafelnikov".
Treino duro
Gustavo Kuerten e André Sá começaram a pré-temporada anteontem, em Camboriú, ao lado de Pedro Braga, Rodrigo Monte, Marcio Carlsson, Diego Toledo, Alexandre Bonatto e Bruno Rosa.
Kuerten e Sá jogam em Auckland no início de janeiro e depois vão
ao Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam da temporada.
Calendário definido
Fernando Meligeni e Flávio Saretta confirmaram que abrem a temporada em São Paulo, no challenger que começa em 30 de dezembro. Depois, atuam no Aberto da Austrália.
Jovens campeões
O Masters do Circuito Juvenil Banco do Brasil de Tênis definiu no
fim de semana seus campeões: na categoria 12 anos, Rafael Camilo
e Bruna Vieira; na 14 anos, Daniel Silva e Fernanda Hermenegildo;
na categoria 16 anos, Gustavo Bertei e Bruna Paes.
E-mail reandaku@uol.com.br
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