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Brasil repete fome de 2002 para brilhar
Treinador pede aos jogadores mesma dedicação do primeiro título; em troca, recebe atuação mais arrasadora em finais
Seleção impõe pressão aos poloneses, breca ofensiva
do leste europeu e mostra que está um degrau acima dos demais adversários
DA REPORTAGEM LOCAL
Bernardinho deu a ordem
antes da partida. A seleção precisaria mostrar a mesma fome
pela vitória de 2002, quando
ergueu a taça do Mundial pela
primeira vez na Argentina.
Os jogadores, no entanto, entraram em quadra dispostos a
não repetir aquele enredo. Ao
menos, não completamente.
O desejo pela vitória foi o
mesmo, maior ainda foi a vontade de não repetir os sofridos 3
sets a 2 da decisão contra a Rússia há quatro anos.
A Polônia, única invicta, era
um rival jovem, que desponta
no cenário internacional. E foi
assim que o time se comportou
diante dos brasileiros campeões mundiais e olímpicos.
Concentrada, praticamente
perfeita, a equipe de Bernardinho marcou 3 a 0 (25/12, 25/22
e 25/17) em apenas uma hora e
dez minutos. Em torneios de
nível mundial, foi a mais arrasadora vitória da seleção.
O ponta Dante, um dos destaques de ontem, sagrou-se o atacante mais eficiente. Giba foi
eleito o melhor jogador e agradeceu aos companheiros, que
receberão metade do seu prêmio de US$ 100 mil.
"Botamos pressão neles através do olhar, do bloqueio, do saque. Mostramos que eles não
teriam como ganhar porque o
troféu era nosso", afirmou Ricardinho, um dos mais emocionados após o jogo em Tóquio.
O levantador foi um dos principais protagonistas da conquista brasileira. Seus treinos
para criar jogadas velozes mesmo com o passe muito ruim pareciam loucura há alguns anos.
Durante o Mundial, essa velocidade transformou o modo de
jogar da equipe.
Foi ele também quem provocou uma das mais feias brigas
entre os jogadores, ainda na segunda fase, contra a Bulgária.
Rusga superada, segundo os
atletas, como em toda família.
Depois de lavar a roupa suja, o
time voltou à quadra ainda
mais coeso. E deslanchou.
"Mostramos que brigas e
derrotas ajudam a crescer."
A derrota, dessa vez, foi diante da França. Logo na primeira
fase, o time se viu na incômoda
situação de não poder mais perder para seguir com chances.
"Houve vários momentos difíceis nessa competição, como
diante da França ou quando
não jogamos como gostaríamos
em alguns jogos. Também fazem parte do projeto esses momentos difíceis", afirmou André Heller. "Mas o amor que
um tem pelo outro nessa equipe é muito importante. Ficamos mais tempo juntos do que
com nossa família", completou.
O meio-de-rede começou o
torneio como reserva, mas ganhou a vaga após lesão de Rodrigão, que se recuperou, mas
não voltou mais.
Ontem, porém, nenhum dos
reservas, fundamentais em
momentos complicados da
equipe durante a competição,
entraram em quadra.
Não entraram porque não
era necessário. A Polônia não
esboçou nenhuma reação e
mostrou, como a terceira colocada Bulgária, que é um bom
grupo, mas ainda inexperiente.
Já as experientes Itália, Rússia e Sérvia e Montenegro, mesmo com boas apresentações,
mostraram que ainda estão um
degrau abaixo do Brasil. Bem
preparada e motivada, a seleção bicampeã mundial, hoje,
não tem rivais.
(MARIANA LAJOLO)
BRASIL - Ricardinho (1 ponto), André Nascimento (14), André Heller (9), Gustavo (7), Dante (11), Giba (12) e Escadinha;
POLÔNIA - Zagumny (1), Wlazly (12), Swiderski (9), Winiarski (2), Plinski (4), Kadziewicz (3) e Gacek, Bakiewicz, Grzyb (2), Zygadlo e Gruszka
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