São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006

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Brasil repete fome de 2002 para brilhar

Treinador pede aos jogadores mesma dedicação do primeiro título; em troca, recebe atuação mais arrasadora em finais

Seleção impõe pressão aos poloneses, breca ofensiva do leste europeu e mostra que está um degrau acima dos demais adversários

DA REPORTAGEM LOCAL

Bernardinho deu a ordem antes da partida. A seleção precisaria mostrar a mesma fome pela vitória de 2002, quando ergueu a taça do Mundial pela primeira vez na Argentina.
Os jogadores, no entanto, entraram em quadra dispostos a não repetir aquele enredo. Ao menos, não completamente.
O desejo pela vitória foi o mesmo, maior ainda foi a vontade de não repetir os sofridos 3 sets a 2 da decisão contra a Rússia há quatro anos.
A Polônia, única invicta, era um rival jovem, que desponta no cenário internacional. E foi assim que o time se comportou diante dos brasileiros campeões mundiais e olímpicos.
Concentrada, praticamente perfeita, a equipe de Bernardinho marcou 3 a 0 (25/12, 25/22 e 25/17) em apenas uma hora e dez minutos. Em torneios de nível mundial, foi a mais arrasadora vitória da seleção.
O ponta Dante, um dos destaques de ontem, sagrou-se o atacante mais eficiente. Giba foi eleito o melhor jogador e agradeceu aos companheiros, que receberão metade do seu prêmio de US$ 100 mil.
"Botamos pressão neles através do olhar, do bloqueio, do saque. Mostramos que eles não teriam como ganhar porque o troféu era nosso", afirmou Ricardinho, um dos mais emocionados após o jogo em Tóquio.
O levantador foi um dos principais protagonistas da conquista brasileira. Seus treinos para criar jogadas velozes mesmo com o passe muito ruim pareciam loucura há alguns anos. Durante o Mundial, essa velocidade transformou o modo de jogar da equipe.
Foi ele também quem provocou uma das mais feias brigas entre os jogadores, ainda na segunda fase, contra a Bulgária. Rusga superada, segundo os atletas, como em toda família. Depois de lavar a roupa suja, o time voltou à quadra ainda mais coeso. E deslanchou.
"Mostramos que brigas e derrotas ajudam a crescer."
A derrota, dessa vez, foi diante da França. Logo na primeira fase, o time se viu na incômoda situação de não poder mais perder para seguir com chances.
"Houve vários momentos difíceis nessa competição, como diante da França ou quando não jogamos como gostaríamos em alguns jogos. Também fazem parte do projeto esses momentos difíceis", afirmou André Heller. "Mas o amor que um tem pelo outro nessa equipe é muito importante. Ficamos mais tempo juntos do que com nossa família", completou.
O meio-de-rede começou o torneio como reserva, mas ganhou a vaga após lesão de Rodrigão, que se recuperou, mas não voltou mais.
Ontem, porém, nenhum dos reservas, fundamentais em momentos complicados da equipe durante a competição, entraram em quadra.
Não entraram porque não era necessário. A Polônia não esboçou nenhuma reação e mostrou, como a terceira colocada Bulgária, que é um bom grupo, mas ainda inexperiente.
Já as experientes Itália, Rússia e Sérvia e Montenegro, mesmo com boas apresentações, mostraram que ainda estão um degrau abaixo do Brasil. Bem preparada e motivada, a seleção bicampeã mundial, hoje, não tem rivais. (MARIANA LAJOLO)


BRASIL - Ricardinho (1 ponto), André Nascimento (14), André Heller (9), Gustavo (7), Dante (11), Giba (12) e Escadinha;
POLÔNIA - Zagumny (1), Wlazly (12), Swiderski (9), Winiarski (2), Plinski (4), Kadziewicz (3) e Gacek, Bakiewicz, Grzyb (2), Zygadlo e Gruszka


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