São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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SONINHA

Justiça e veneno


Campeonato de pontos corridos premia o melhor planejamento. Nem por isso é careta e previsível!


TEM GENTE que não gosta de pontos corridos. Tudo bem. Só não venham me dizer que é por falta de emoção.
O Brasileirão não tem mais "A Grande Final"? Tem mais de uma. Anteontem, foram no mínimo cinco. E ainda tivemos as antecipadas, já que aconteceu o que muitos consideram a maior ameaça à graça do torneio: um time disparar e conquistar o título bem antes do fim. Quem tem saudade de um único jogo final imagina o seu time participando dela -ou, em hipótese sadomasoquisticamente atraente, o pior rival - e o Brasil inteiro sintonizado no "seu" jogo. Mas, se ele reunir um time de MG e outro do RS, por exemplo, qual o interesse da torcida do Rio ou de Pernambuco? Toda final tem emoção, mas não vemos França x Itália roendo unhas. Nem os paulistas pularam da cama ansiosos por Fluminense x Figueirense.
De verdade, neste Brasileiro, o título não é tudo. Não é forçação de barra da TV e dos organizadores: a Libertadores e a fuga do rebaixamento realmente mexem com o coração e o estômago dos torcedores. Isto é: fazem sofrer, e a gente gosta disso. Alguém discorda de que a torcida do Flamengo teve mais prazer em 2007 do que a do São Paulo?
Mas não param de surgir boatos sobre mudanças no regulamento. Cogita-se, por exemplo, diminuir o número de rebaixados. Eu também já achei que quatro é muito, mas essa é uma maneira de manter mais times "ligados" por mais tempo. E fala-se na volta do mata-mata. Alguns sugerem um confronto entre os campeões das duas fases, mas o vencedor do primeiro turno, garantido na final, disputaria 19 rodadas sem o mesmo interesse. Aí, sim, é antecedência demais... Basta ver o que costuma acontecer com o vencedor da Taça Guanabara na Taça Rio. É ruim para todo mundo. Se fosse maior o número de envolvidos -digamos, os quatro primeiros nos dois turnos-, outro problema seria a necessidade de muitas datas adicionais.
Ah, deixa como está, vai... A Série B também foi bacana, disputada até o fim (descontados os problemas extracampo, como as acusações de favorecimento que não dependem de formato de disputa). Reservemos quadrangulares e assemelhados para os Estaduais, que têm de ser curtos, e o mata-mata "seco" para a Copa do Brasil. Não é só questão de "justiça", de premiar o clube mais organizado e o time mais competente ao longo da temporada. Esse formato também tem seu veneno. Contar pontos do início ao fim das 39 rodadas está cada vez mais divertido.

Caiu
Ainda é difícil de acreditar, mas finalmente o Corinthians caiu. Não faltou esforço nos últimos anos. É uma tragédia sob vários pontos de vista, mas não o fim do mundo. O time não vai ficar parado, tem um campeonato inteiro a disputar, percorrendo o país de alto a baixo. Se agora o Corinthians "aprende"? Ninguém garante. O Brasil já deu vexame em Copa; aprendeu?
As reações da torcida variam. Há furiosos. Arrasados. Conformados, que entendem que uma hora tinha de cair, ainda mais nessa zona que virou o Parque São Jorge no século 21. E há inabaláveis, que prometem amar o Corinthians onde quer que ele esteja. Entendo todos eles.

soninha.folha@uol.com.br


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