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produto
Muricy turrão vira mercadoria
Marketing do São Paulo planeja investir no estilo de seu treinador, caracterizado pelo mau humor
Idéia é vender técnico como "autêntico" e transformá-lo no sucessor de Telê Santana, que tem imagem explorada pelo clube e por parceira
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Muricy Ramalho, que pode virar garoto-propaganda de campanha de marketing do São Paulo, dirige treino para o jogo de domingo
EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mau humor de Muricy Ramalho pode dar lucro ao São
Paulo. Essa é a conclusão do departamento de marketing do
clube do Morumbi, que planeja
investir na imagem do treinador, principalmente se ele conquistar o hexacampeonato brasileiro, que também seria o primeiro tricampeonato da história do clube paulista.
A aposta é que o estilo de Muricy, que, na maioria das vezes,
vai contra as regras do marketing pessoal, seja o principal diferencial para lançá-lo como
um produto do clube.
O treinador ostenta com freqüência um insuportável mau
humor, principalmente após
fracassos do time. E costuma
descontar em todos -membros da comissão técnica, jogadores, dirigentes e jornalistas.
Foi o que aconteceu após o
empate com o Fluminense (1 a
1), no último domingo, que impediu o time de conquistar com
antecedência o título brasileiro. Visivelmente irritado, ele
deu várias "patadas" nos repórteres na entrevista coletiva.
"Esse é o efeito dele. Ele passa o que ele é, não é um produto
fabricado, mas é um produto,
sim. Ele não quer ser manager,
ele quer ser só treinador de futebol", diz Júlio Casares, vice
de marketing do São Paulo.
Segundo ele, porém, é necessário, primeiro, fazer um planejamento e, claro, consultar Muricy. Por enquanto, diz Casares,
nada disso foi feito. É preciso
aguardar o desfecho do campeonato, no domingo.
"O que sei é que o departamento de marketing deve ter
uma boa base disso. Fico contente e recebo esta notícia com
bons olhos. É mais uma prova
de que a torcida gosta e valoriza
o trabalho que venho fazendo à
frente do São Paulo nesses três
anos", comenta Muricy, que
tem contrato até o fim de 2009.
A idéia é transformá-lo num
sucessor de Telê Santana, o técnico de maior sucesso na história do clube do Morumbi.
O desejo do presidente do
clube, Juvenal Juvêncio, é fazer
de Muricy um "novo Telê".
Atualmente, a Reebok, fornecedora de material esportivo do
São Paulo, oferece uma linha de
produtos usando a imagem do
ex-treinador (morto em 2006,
aos 74 anos), que conquistou o
bicampeonato mundial e o bi
da Libertadores em 1992/93.
"O Muricy, assim como o Telê, é um técnico muito vencedor com o São Paulo. Vejo essa
idéia com bons olhos", afirma
Tullio Formicola Filho, diretor
de marketing da Reebok.
"Em termos de conquistas,
ele não fica atrás do Telê, que
tem uma imagem hoje que vende muito. O Muricy não vive de
aparências, é aquilo ali mesmo.
Ele não representa o bom-mocismo. É como se as pessoas
preferissem o vilão ao herói, o
Coringa ao Batman", comenta
o superintendente de futebol
Marco Aurélio Cunha.
Ele é uma das vítimas mais
comuns dos ataques de fúria de
Muricy. As brigas entre os dois
são freqüentes. "Quando o time
perde, sai de perto. Ele xinga
todo mundo, mas, depois, vai
para o buraco dele [sítio em
Ibiúna], reflete, volta zen e, às
vezes, até pede desculpas. Esse
é o Muricy", conta Cunha.
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