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A proposta de Chico: Raí de quarto-zagueiro
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Coisas de poeta, diriam os
pragmáticos de plantão.
Mas lá está na telinha o Chico Buarque, sentado num banco de praça de Paris, propondo
ao Tostão, seu entrevistador,
que se escale Raí de quarto-zagueiro, já que parece não haver mesmo um lugar para o
craque do PSG/SP no
meio-campo brasileiro.
Chico joga no meu time há
muitos anos, desde quando
cruzamos nossos caminhos, no
compasso da música. Mas era
a bola que pautava nossos papos. Traduzindo: Pelé nos encantava tanto quanto Noel,
embora Chico tivesse predileção especial por Pagão e tentasse se desgrudar da imagem
de herdeiro de Noel exaltando
Ismael.
Não sei se contei esta historinha. Se contei, conto de novo.
Brasil e Hungria, pela Copa
de 66. Éramos um grupo em
torno do radinho rouco e fugidio que conseguimos montar
na salinha do terceiro andar
de um predinho antigo e dilacerado, onde funcionava a
produção do Festival da Record, ao lado do teatro, ali na
rua da Consolação, a uns cem
metros do Bar das Putas, com
o perdão da palavra.
No intervalo, trocamos, em
bando, o radinho asmático pela hi-fi da casa do Chico, ali no
Pacaembu. Uma casa grande,
cercada de belo jardim, iluminado por um colar de globos
brancos que percorriam o gramado com a graça que gostaríamos nossa bola rolasse pelos
campos da Inglaterra. Mas que
nada (isso não é Chico, é Jorge
Ben): levávamos um passeio
dos húngaros.
E Chico, cada vez mais mais
calado, pálido, até que os húngaros decidiram a questão,
com o terceiro gol. Chico levantou-se da cadeira e caminhou -diria quase flutuou-
até o jardim. Parou e, de súbito, desferiu um petardo de direita na bola branca que se estilhaçou em cacos de vidro.
É, aquele time de 66 não dava samba mesmo.
Sávio estreou sábado no
Real, que perdeu para o Betis.
Entrou no final, sofreu duas
faltas e mal tocou na bola. Sei
não, mas desconfio que o Real
fez um péssimo negócio ao trocá-lo por Zé Roberto e ainda
de quebra o Rodrigo por um
ano.
Na abertura da Taça São
Paulo de Juniores, dois jogadores me chamaram a atenção: o meia Edu, do Corinthians, e o ponta Ariel, do Santos. Pra variar, dois canhotos.
Se o tricolor espera colher algum craque entre os meninos
que ontem empataram com o
Lousano Paulista, na estréia
da Taça São Paulo, pode ir tirando o cavalinho da chuva. A
não ser que a filial de São Roque tenha algum em estoque.
Técnico de futebol é mesmo
uma espécie indecifrável. O da
Roma, que ontem perdeu no
Italiano para o Udinese, em
casa, por exemplo.
Durante todo o primeiro
tempo, Cafu e Paulo Sérgio,
pela direita, infernizaram a
vida do adversário. No segundo, ele sacou Paulo Sérgio.
Em contrapartida, seu
meio-campo é de uma indigência alvar. O distinto, porém, prefere manter Vágner no
banco e só colocá-lo em campo
no finzinho dos jogos que seu
time está perdendo.
Dá pra entender?
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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