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COPA 2006
Primeiro adversário da seleção brasileira na Alemanha-06 é o time com mais familiares na história das Copas
Elos de sangue unem Croácia no Mundial
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção brasileira que na Copa da Alemanha sucederá a "família Scolari" encontrará logo no
início de sua trajetória uma confiante e embalada família croata.
Uma não, duas. Mas clãs autênticos, reais, de sangue. Sem aspas.
Primeira adversária do Brasil no
Mundial, em 13 de junho, em Berlim, a Croácia, salvo imprevistos,
será o primeiro time da história
do torneio a contar no grupo com
dois irmãos, um pai e um filho.
O primogênito Niko Kovac, 34,
e o caçula Robert, 31, devem integrar a linha de defesa da equipe,
repetindo o que já fizeram quando atuaram no Bayern de Munique -o primeiro é volante, e o segundo, zagueiro. Não bastasse o
entrosamento adquirido no quintal de casa, terão torcedores nas
arquibancadas do Estádio Olímpico. A casa dos Kovac e seu quintal, afinal, ficavam em Berlim.
Os irmãos nasceram no lado
oriental da cidade então dividida
pelo Muro. Adotaram a nacionalidade do pai croata, mas construíram suas carreiras no forte futebol alemão. Hoje, Niko ainda joga por lá, e no Hertha Berlim, que
manda seus jogos no Olímpico.
Após atuar por Nuremberg e
Bayer Leverkusen, além do Bayern, Robert desde 2005 defende a
Juventus, atual líder do Italiano.
Já Zlatko Kranjcar e seu filho,
Niko Kranjcar, são mais ligados
ao país que defenderão no Mundial. Técnico e craque da seleção
croata nasceram em Zagreb e
sempre militaram no futebol do
país. Antes de assumir o comando do time, Zlatko, 49, dirigia o
NK Zagreb. Niko, 21, hoje estrela
do Hajduk Split e disputado por
clubes como Inter de Milão, Arsenal e Manchester United, explodiu no Dinamo Zagreb, clube que
defendeu desde a base.
Em 17 edições, a Copa do Mundo nunca registrou tantos laços
familiares em um mesmo time.
No máximo, pai e filho disputaram o torneio com décadas de intervalo, como os brasileiros Domingos (França-38) e Ademir da
Guia (Alemanha-74) e os italianos
Cesare (Chile-62) e Paolo Maldini
(quatro Copas desde Itália-90).
Irmãos-colegas são uma ocorrência mais comum na elite da
bola. Em 2002, por exemplo, a seleção polonesa levou ao torneio
Michal e Marcin Zewlakow. Um
Mundial antes, os holandeses
Frank e Ronald De Boer -que
também jogaram nos EUA-94-,
e os dinamarqueses Brian e Michael Laudrup fizeram sucesso.
"Ninguém está aqui por ser parente de ninguém, mas espero
que essas alianças nos dêem força
para enfrentar as dificuldades que
virão", diz Zlatko Kranjcar, que
ainda deve convocar um brasileiro naturalizado, Eduardo da Silva,
atacante do Dinamo Zagreb.
Foi essa aliança que Luiz Felipe
Scolari buscou antes da Copa de
2002. A chamada "família Scolari", termo cunhado para definir o
grupo fechado de jogadores montado pelo treinador, é apontada
por ele próprio como uma das razões do pentacampeonato.
O assunto família é, ainda, centro de uma polêmica no futebol
croata. Um caso que ganhou ares
de ironia após o sorteio que colocou a Austrália no mesmo grupo.
O motivo é Mathew Spiranovic,
atacante de 17 anos e candidato a
craque. A federação tenta convencer o jogador, de origem croata, a
se naturalizar em tempo de disputar o Mundial. O time se reforçaria e, de quebra, desfalcaria a rival.
Spiranovic é australiano e, mais
que isso, cria do badalado Instituto Australiano de Esportes. Para
piorar ainda mais a relação entre
as federações, não seria exceção:
embora menos talentosos, outros
três australianos de história parecida devem defender a seleção
croata na Alemanha, o goleiro Joseph Didulica, o meia Anthony
Seric e o zagueiro Josip Simunic.
Qualquer que seja o desfecho da
aventura croata na Alemanha, um
tabu será quebrado contra o Brasil. A Croácia nunca perdeu ou
venceu a seleção brasileira -foram dois empates. Mas também
nunca empatou em Copas -soma dez vitórias e seis derrotas.
De uma maneira ou de outra,
duas famílias terão, por anos e
anos, bons causos para contar.
Com agências internacionais
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