São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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COPA 2006

Primeiro adversário da seleção brasileira na Alemanha-06 é o time com mais familiares na história das Copas

Elos de sangue unem Croácia no Mundial

DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira que na Copa da Alemanha sucederá a "família Scolari" encontrará logo no início de sua trajetória uma confiante e embalada família croata. Uma não, duas. Mas clãs autênticos, reais, de sangue. Sem aspas.
Primeira adversária do Brasil no Mundial, em 13 de junho, em Berlim, a Croácia, salvo imprevistos, será o primeiro time da história do torneio a contar no grupo com dois irmãos, um pai e um filho.
O primogênito Niko Kovac, 34, e o caçula Robert, 31, devem integrar a linha de defesa da equipe, repetindo o que já fizeram quando atuaram no Bayern de Munique -o primeiro é volante, e o segundo, zagueiro. Não bastasse o entrosamento adquirido no quintal de casa, terão torcedores nas arquibancadas do Estádio Olímpico. A casa dos Kovac e seu quintal, afinal, ficavam em Berlim.
Os irmãos nasceram no lado oriental da cidade então dividida pelo Muro. Adotaram a nacionalidade do pai croata, mas construíram suas carreiras no forte futebol alemão. Hoje, Niko ainda joga por lá, e no Hertha Berlim, que manda seus jogos no Olímpico.
Após atuar por Nuremberg e Bayer Leverkusen, além do Bayern, Robert desde 2005 defende a Juventus, atual líder do Italiano.
Já Zlatko Kranjcar e seu filho, Niko Kranjcar, são mais ligados ao país que defenderão no Mundial. Técnico e craque da seleção croata nasceram em Zagreb e sempre militaram no futebol do país. Antes de assumir o comando do time, Zlatko, 49, dirigia o NK Zagreb. Niko, 21, hoje estrela do Hajduk Split e disputado por clubes como Inter de Milão, Arsenal e Manchester United, explodiu no Dinamo Zagreb, clube que defendeu desde a base.
Em 17 edições, a Copa do Mundo nunca registrou tantos laços familiares em um mesmo time.
No máximo, pai e filho disputaram o torneio com décadas de intervalo, como os brasileiros Domingos (França-38) e Ademir da Guia (Alemanha-74) e os italianos Cesare (Chile-62) e Paolo Maldini (quatro Copas desde Itália-90).
Irmãos-colegas são uma ocorrência mais comum na elite da bola. Em 2002, por exemplo, a seleção polonesa levou ao torneio Michal e Marcin Zewlakow. Um Mundial antes, os holandeses Frank e Ronald De Boer -que também jogaram nos EUA-94-, e os dinamarqueses Brian e Michael Laudrup fizeram sucesso.
"Ninguém está aqui por ser parente de ninguém, mas espero que essas alianças nos dêem força para enfrentar as dificuldades que virão", diz Zlatko Kranjcar, que ainda deve convocar um brasileiro naturalizado, Eduardo da Silva, atacante do Dinamo Zagreb.
Foi essa aliança que Luiz Felipe Scolari buscou antes da Copa de 2002. A chamada "família Scolari", termo cunhado para definir o grupo fechado de jogadores montado pelo treinador, é apontada por ele próprio como uma das razões do pentacampeonato.
O assunto família é, ainda, centro de uma polêmica no futebol croata. Um caso que ganhou ares de ironia após o sorteio que colocou a Austrália no mesmo grupo.
O motivo é Mathew Spiranovic, atacante de 17 anos e candidato a craque. A federação tenta convencer o jogador, de origem croata, a se naturalizar em tempo de disputar o Mundial. O time se reforçaria e, de quebra, desfalcaria a rival.
Spiranovic é australiano e, mais que isso, cria do badalado Instituto Australiano de Esportes. Para piorar ainda mais a relação entre as federações, não seria exceção: embora menos talentosos, outros três australianos de história parecida devem defender a seleção croata na Alemanha, o goleiro Joseph Didulica, o meia Anthony Seric e o zagueiro Josip Simunic.
Qualquer que seja o desfecho da aventura croata na Alemanha, um tabu será quebrado contra o Brasil. A Croácia nunca perdeu ou venceu a seleção brasileira -foram dois empates. Mas também nunca empatou em Copas -soma dez vitórias e seis derrotas.
De uma maneira ou de outra, duas famílias terão, por anos e anos, bons causos para contar.


Com agências internacionais

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