Atacante que não marcava gols no Corinthians será o reserva de Luís Fabiano, que tem média de um por jogo em 2008

Sem poder contar com Pato, lesionado, Dunga convoca jogador obscuro do Besiktas para a partida amistosa contra a Irlanda, amanhã

Eduardo Knapp/Folha Imagem

Gilberto Silva, que deve ser o capitão do time amanhã, concede entrevista na chegada a Dublin

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A DUBLIN

Luis Fabiano, titular da seleção brasileira para o amistoso de amanhã, contra a Irlanda, às 17h45 (de Brasília), em Dublin, sustenta nesta temporada média de gols de Pelé. Seu reserva tem números bem diferentes.
O ex-corintiano Bobô, cinco gols em 63 jogos como profissional no clube paulista, foi convocado por Dunga para substituir Alexandre Pato no amistoso -Diego e Naldo entraram nas vagas dos também machucados Kaká e Lúcio.
Na Turquia, jogando pelo Besiktas, Bobô multiplicou sua média de gols -nesta temporada ela quase chega a 0,5 por partida. Mas, mesmo assim, não irá fazer sombra capaz de assustar o jogador brasileiro com números mais impressionantes nesta temporada.
Luis Fabiano, 27, do Sevilla, tem, contando jogos do Espanhol (onde lidera a artilharia), da Copa dos Campeões (incluindo a fase prévia) e da seleção brasileira, 25 gols em igual número de partidas.
Em entrevista à Folha, quando ainda estava na Espanha, ele refuta a fama de "bad boy".
"Não tem mais essa coisa de indisciplina, eu me livrei daquele rótulo que me deram no Brasil. Não quero isso de bad boy. Tudo era exagerado. Bad boy é dentro e fora do campo, e fora do gramado nunca tive problema de nenhum tipo. Era esquentado, não gostava de perder, mas nunca fiz jus fora de campo à fama que me deram", afirmou o atacante.
Ele acha que teria ainda mais prestígio se jogasse por uma equipe maior na Europa
"Se eu estivesse fazendo o que estou fazendo num clube grande, estaria muito mais falado", disse o herói da vitória da seleção sobre o Uruguai no último jogo pelas eliminatórias, quando fez os dois gols do triunfo por 2 a 1 no Morumbi.
Luis Fabiano elogia Pato, que seria um concorrente bem mais duro do que Bobô, mas não crê que a badalação em torno do milanista desequilibre a disputa. "No Brasil, isso é normal, a imprensa tem que escolher um para falar."
A posição de centroavante é a maior dor de cabeça para Dunga. Antes de Luis Fabiano, outros sete jogadores foram testados, e nenhum brilhou.
A convocação mais polêmica foi a de Afonso, que no futebol brasileiro profissional marcou apenas um gol -só deslanchou quando foi para a Holanda e hoje, depois de servir a seleção, está no futebol inglês.
Para ganhar sua chance, Bobô foi beneficiado por ter idade para disputar a Olimpíada -mas foi por pouco. Nasceu no começo de janeiro de 1985. Se sua mãe tivesse dado à luz dias antes, estaria fora do limite previsto pelo regulamento.
Convocado em cima da hora, ele não se apresentou ontem em Dublin. Em entrevista à rádio Bandeirantes, disse que evoluiu muito em relação aos tempos de Corinthians.
"No Corinthians, eu confesso que não fui bem, mas aqui eu consegui dar uma boa seqüência. Neste tempo aqui, aprimorei a finalização, que era o meu ponto fraco", afirmou Bobô.
Sua convocação foi surpresa até mesmo para alguns companheiros. "Para ser sincero, não o conheço muito", disse o volante Gilberto Silva, um dos favoritos para ser o capitão do time de Dunga contra a Irlanda.


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