São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Contra onda de doping, natação faz teste surpresa

Com 10 casos em 5 anos, CBDA adotará exame até nas categorias júnior e juvenil

Idéia de fiscalizar pela 1ª vez atletas fora de competição partiu de Sandra Soldan e irá se juntar aos controles feitos pela Fina e pelo COB

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

A natação brasileira fará neste ano, pela primeira vez, teste antidoping fora de competição nos atletas com chance de ir à Olimpíada de Pequim. A iniciativa partiu da CBDA, a confederação nacional da modalidade.
Os testes ocorrerão paralelamente aos feitos pela Fina, a federação internacional, e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, que estima 600 exames na delegação olímpica até os Jogos.
A natação registrou, de 2003 para cá, dez casos de doping, envolvendo sete brasileiros -média de dois por ano. Antes de 2003, só um fora punido por doping: Hugo Duprée, em 1997.
A CBDA, até hoje, só fazia exames em provas. "Faremos testes até nas categorias júnior e juvenil", diz o presidente da CBDA, Coaracy Nunes.
Segundo ele, a idéia foi de Sandra Soldan, diretora-adjunta de doping da entidade.
Para Coaracy, dez casos em cinco anos não preocupam. "Não acho que isso ponha a natação brasileira em xeque."
Mas, em sites especializados, é comum encontrar análises criticando o país por causa do doping. Dentre os dez casos, está o de Laura Azevedo, que foi banida por reincidência. Ela contestou na Justiça o procedimento do Ladetec, laboratório que fez o primeiro exame e indicou o resultado positivo.
Laura seria testada, de novo, pelo Ladetec, no Rio, único centro certificado pelo Comitê Olímpico Internacional na América Latina, e se recusou a passar pelo exame. Essa negativa é considerada doping, e dois casos levam ao banimento.
Rebeca Gusmão espera julgamento da Corte de Arbitragem do Esporte. Ela teve dois positivos, em 2006 e 2007, além de ser acusada de manipular a urina de outro teste feito no Pan-07. Também pode ser banida.
"Nossa porcentagem [de doping] é abaixo da média internacional", diz o médico Eduardo de Rose, que integra a Agência Mundial Antidoping. "O número de exames na natação aumentou. Quando o [Hugo] Duprée foi pego, eram menos. Quando faz, tem resultado."
Para De Rose, o combate ao doping passa pela execução de mais testes fora de competição.
Até o Pan do Rio, o Brasil jamais tivera um flagrado em eventos multiesportivos, como a Olimpíada. No Rio-07, além de Rebeca, que perdeu quatro medalhas (duas de ouro), o pesista Fabrício Mafra perdeu o bronze por causa de doping.
O COB divulgou que, na preparação para Pequim, distribuirá cartilhas e fará controle preventivo dos atletas. "Como a delegação ainda se encontra em processo de formação, os testes terão inicio a partir de maio", informou o comitê à Folha.


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