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Exterior despreza até a elite brasileira
Janela de transferências acaba com poucos negócios até para quem se destacou no Nacional ou serviu a seleção em 2008
Da equipe ideal do último Brasileiro, só Thiago Silva deixou o país; escolhidos por Dunga, como Kléber, também seguem no Brasil
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Desta vez, não adiantou brilhar no principal campeonato
do país para conseguir uma
transferência para o exterior.
A janela de transferências internacionais do futebol acabou
nesta semana com os times estrangeiros desprezando quem
teve sucesso no Brasileiro-08.
Dos 11 eleitos para a equipe
ideal, em enquete realizada pela CBF, somente um, o zagueiro
Thiago Silva, que trocou o carioca Fluminense pelo italiano
Milan, acabou deixando o país.
Da seleção do Brasileiro de
2006, quando a crise econômica mundial não era nem uma
miragem, quatro jogadores rumaram para o exterior logo depois da competição.
No ano passado, foram dois:
o zagueiro Breno e o atacante
Josiel. Além deles, outros destaques daquela competição, como o são-paulino Leandro e o
então gremista Diego Souza,
também foram para o exterior.
Agora, além de Thiago Silva,
apenas o atacante Guilherme
foi um dos nomes de primeira
linha do último Brasileiro a
conseguir uma transferência.
Essa, aliás, foi a maior negociação do futebol brasileiro em
janeiro. Ele foi para o Dínamo
de Kiev em troca do ex-palmeirense Kléber e mais 5 milhões. A transação ficou bem
longe dos cerca de 15 milhões
que o Bayern de Munique pagou pelo então são-paulino
Breno após o Brasileiro-07.
E o Nacional não foi a única
tradicional vitrine para quem
sonha jogar no exterior a falhar
nestes tempos de crise.
Vestir a camisa da seleção
nacional também deixou de ser
um caminho quase certo para
uma equipe estrangeira.
Jogadores que atuam em
clubes nacionais convocados
por Dunga no ano passado continuam no mesmo emprego.
Na lista, o lateral Kléber, que,
mesmo sendo titular do Brasil
em boa parte dos jogos de
2008, não conseguiu despertar
o interesse de um time de fora
-acaba de trocar o Santos pelo
Inter-, o meia Alex, do Inter, o
lateral flamenguista Juan, o zagueiro gremista Léo e ainda os
são-paulinos Miranda, Richarlyson e Hernanes (este,
eleito o craque do Brasileiro).
Alex admitiu que ficou "agoniado" por uma possível negociação -o Inter queria negociá-lo, mas acabou sem propostas concretas e acabou mantendo o meia no elenco.
A culpa pela fraca demanda
por jogadores brasileiros é atribuída por empresários e cartolas à crise econômica mundial.
"A crise interferiu. Antes da
janela, tivemos muitas consultas de clubes por nossos jogadores, mas, depois, nada se efetivou. Não é nem questão de
preço. Os clubes se assustaram
e não chegaram a fazer propostas", afirma Bruno Paiva, agente do goleiro corintiano Felipe,
que só espera uma melhora no
mercado no meio do ano.
"Recebia [antes da crise] pelo menos 15 telefonemas por
dia de gente querendo nossos
atletas. Hoje, não recebo nada",
falou Juvenal Juvêncio, o presidente do São Paulo, que atribui a conquista do título do
Brasileiro pelo seu clube no
ano passado justamente ao fato
de não ter vendido atletas.
Colaborou PAULO GALDIERI ,
da Reportagem Local
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