São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Exterior despreza até a elite brasileira

Janela de transferências acaba com poucos negócios até para quem se destacou no Nacional ou serviu a seleção em 2008

Da equipe ideal do último Brasileiro, só Thiago Silva deixou o país; escolhidos por Dunga, como Kléber, também seguem no Brasil


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Desta vez, não adiantou brilhar no principal campeonato do país para conseguir uma transferência para o exterior.
A janela de transferências internacionais do futebol acabou nesta semana com os times estrangeiros desprezando quem teve sucesso no Brasileiro-08.
Dos 11 eleitos para a equipe ideal, em enquete realizada pela CBF, somente um, o zagueiro Thiago Silva, que trocou o carioca Fluminense pelo italiano Milan, acabou deixando o país.
Da seleção do Brasileiro de 2006, quando a crise econômica mundial não era nem uma miragem, quatro jogadores rumaram para o exterior logo depois da competição.
No ano passado, foram dois: o zagueiro Breno e o atacante Josiel. Além deles, outros destaques daquela competição, como o são-paulino Leandro e o então gremista Diego Souza, também foram para o exterior.
Agora, além de Thiago Silva, apenas o atacante Guilherme foi um dos nomes de primeira linha do último Brasileiro a conseguir uma transferência.
Essa, aliás, foi a maior negociação do futebol brasileiro em janeiro. Ele foi para o Dínamo de Kiev em troca do ex-palmeirense Kléber e mais 5 milhões. A transação ficou bem longe dos cerca de 15 milhões que o Bayern de Munique pagou pelo então são-paulino Breno após o Brasileiro-07.
E o Nacional não foi a única tradicional vitrine para quem sonha jogar no exterior a falhar nestes tempos de crise.
Vestir a camisa da seleção nacional também deixou de ser um caminho quase certo para uma equipe estrangeira.
Jogadores que atuam em clubes nacionais convocados por Dunga no ano passado continuam no mesmo emprego.
Na lista, o lateral Kléber, que, mesmo sendo titular do Brasil em boa parte dos jogos de 2008, não conseguiu despertar o interesse de um time de fora -acaba de trocar o Santos pelo Inter-, o meia Alex, do Inter, o lateral flamenguista Juan, o zagueiro gremista Léo e ainda os são-paulinos Miranda, Richarlyson e Hernanes (este, eleito o craque do Brasileiro).
Alex admitiu que ficou "agoniado" por uma possível negociação -o Inter queria negociá-lo, mas acabou sem propostas concretas e acabou mantendo o meia no elenco. A culpa pela fraca demanda por jogadores brasileiros é atribuída por empresários e cartolas à crise econômica mundial.
"A crise interferiu. Antes da janela, tivemos muitas consultas de clubes por nossos jogadores, mas, depois, nada se efetivou. Não é nem questão de preço. Os clubes se assustaram e não chegaram a fazer propostas", afirma Bruno Paiva, agente do goleiro corintiano Felipe, que só espera uma melhora no mercado no meio do ano.
"Recebia [antes da crise] pelo menos 15 telefonemas por dia de gente querendo nossos atletas. Hoje, não recebo nada", falou Juvenal Juvêncio, o presidente do São Paulo, que atribui a conquista do título do Brasileiro pelo seu clube no ano passado justamente ao fato de não ter vendido atletas.


Colaborou PAULO GALDIERI , da Reportagem Local


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