São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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extremos

Com dinheiro, taekwondo só dá condições ideais de treino a um atleta e sofre para decidir seu plano de 2012

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

A rotina do lutador de taekwondo Diogo Silva inclui treinos diários com outros 14 atletas em um tatame no ginásio de São Caetano. Montada por ele, a equipe teve os salários cortados pela prefeitura no final do ano.
O estafe técnico que acompanha esse time é composto por quatro pessoas e bancado por recursos próprios, vindos de ordenado da Marinha e de ajuda da Confederação Brasileira de Taekwondo.
Praticante do mesmo esporte, a lutadora Natália Falavigna treina só ou auxiliada por atletas itinerantes em centro de treinamento montado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), no Rio.
Sua renda inclui a Samsung, o Fluminense, a Prefeitura do Rio, a confederação e o Exército. A equipe que a atende tem 11 profissionais, bancados pelo comitê, e ainda há laboratório, fisioterapia, máquina de gelo.
Diogo é um dos nove brasileiros entre os 20 primeiros do ranking mundial por categorias do taekwondo. Falavigna é a principal expoente do esporte no país e dona do bronze em Pequim-2008.
Ambos preparam-se para Londres-2012 e, possivelmente, para a Rio-2016.
"O taekwondo tem a possibilidade de quatro atletas, quatro medalhas. E está investindo em um", analisa Diogo Silva. "É um pensamento bem amador."
A estratégia do COB, e a de clubes e patrocinadores, é baseada em análise de resultados, de potencial e até de perfil -Natália é vista como empreendedora.
"Olham [prefeitura e COB] grau de desenvolvimento, aonde pode chegar, aonde já chegou. Comparam individualmente", justifica a atleta sobre a sua seleção.
Essa política é também fruto de uma fragmentação enfrentada pelo esporte, pois a confederação passa por uma reestruturação.
Seu ex-presidente Joung Roul Kim foi destituído no final do ano passado por supostas irregularidades nas contas. O substituto dele é Carlos Luiz Fernandes.
"A situação financeira é péssima. O carro [confederação] ficou com o freio de mão puxado", conta o dirigente.
Mas agora há dinheiro para a preparação de atletas com o apoio da Petrobras. O total da verba deve chegar a R$ 5,3 milhões por ano.
O problema é que há duas fontes de recursos -COB e Instituto Passe de Mágica- com políticas diferentes.
O comitê investirá na elite: além de Falavigna, dará dinheiro para viagens de sete atletas, entre eles Diogo.
A entidade da ex-jogadora de basquete Paula dará salários, viagens e apoio a 24 atletas em dinheiro que não passa pela confederação, que já pagará ida aos EUA.
Nesse contexto, há questões a serem respondidas.
Será melhor reunir a seleção em um CT ou fazer diversos polos de treinamento? "Acho que esse centro não vai vingar: 60% do esporte está em São Paulo. O custo da Barra [local do Maria Lenk] é alto", lembra Diogo Silva.
"O CT está capacitado a atender cerca de 20 atletas simultaneamente. A Prefeitura do Rio planeja construir um alojamento", diz o COB.
Outra questão é como será a indicação dos atletas aos Jogos. Há quem defenda critério por ranking, outros entendem que a confederação deve escolher os melhores.
Foi para discutir a política esportiva que, em janeiro, os atletas Diogo e Márcio Venceslau foram ao COB apresentar uma proposta. Dizem não ter recebido resposta.
O comitê alega que orientou os atletas a expor ideias à confederação, que é "o caminho correto". Quando passou a auxiliar Falavigna, o COB a escolheu sozinho.


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