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TIRO AO ALVO
Adeptos tentam popularizar em Santa Catarina o esporte que deu a primeira medalha olímpica ao Brasil
Modalidade quer perder sotaque alemão
FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis
Os adeptos do tiro ao alvo em
Santa Catarina estão em campanha aberta para tentar popularizar
a prática do esporte no Estado.
Hoje, há cerca de 25 mil atiradores concentrados principalmente
no norte do Estado, região conhecida como a capital brasileira da
cultura alemã.
Em cidades como Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau e Ibirama, o
esporte rivaliza em popularidade
com o vôlei ou o basquete.
""O tiro é uma herança cultural
de nossos antepassados, e temos
obrigação de transmiti-la para as
novas gerações", diz Adalberto
Larsen, 55, diretor da Associação
dos Atiradores de Joinville.
Trazido por um grupo de imigrantes que se fixou na região de
Blumenau no final do século passado, o tiro foi rapidamente difundido na comunidade.
Agora, o tiro tenta perder o sotaque alemão. A meta é fazer dele
um esporte popular, aberto a
qualquer pessoa e, assim, melhorar o desempenho do Brasil em
competições internacionais.
""O primeiro obstáculo é o alto
custo do equipamento básico do
tiro, que é importado", diz Wilson
Scheidemantel, 48, catarinense
que disputou os Jogos Olímpicos
de Barcelona (92) na modalidade
pistola.
Uma arma profissional para o
esporte, das mais baratas, não sai
por menos de RÏ 2.000,00. Já uma
caixa de munição custa, em média, cerca de RÏ 40,00.
Nos últimos meses, os clubes de
tiro do norte do Estado passaram a
oferecer planos de adesão em que
se paga mensalidade RÏ 15,00 e se
usa armas alugadas.
Outra conquista foi a redução,
pelo governo, das alíquotas de importação de munição específica
para o tiro ao alvo.
As caixas de munição importadas já tiveram o preço reduzido
para cerca de RÏ 20,00, enquanto
as nacionais, de pior qualidade,
custam apenas RÏ 6,00.
As medidas já começaram a fazer efeito, segundo Larsen. ""Desde
o começo do ano, os clubes de tiro
já tiveram um crescimento expressivo no número de interessados,
principalmente entre mulheres e
crianças", declara.
Apesar dos avanços, os atiradores catarinenses não estão satisfeitos. ""A próxima batalha é pela liberação da importação das armas
específicas para tiro, o que reduziria o preço. Mas o governo dificulta a compra de todo tipo de arma,
não importa se para matar ou praticar esporte", diz Scheidemantel.
O tiro, que deu ao Brasil a primeira medalha de ouro olímpica
(em 1920, em Antuérpia), há muito não rende novas conquistas.
O próprio Scheidemantel ficou
apenas em 32º lugar em Barcelona, entre 46 competidores. ""A
maior vitória foi a classificação para os Jogos Olímpicos", disse.
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