São Paulo, quinta, 5 de fevereiro de 1998

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TIRO AO ALVO
Adeptos tentam popularizar em Santa Catarina o esporte que deu a primeira medalha olímpica ao Brasil
Modalidade quer perder sotaque alemão

FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis

Os adeptos do tiro ao alvo em Santa Catarina estão em campanha aberta para tentar popularizar a prática do esporte no Estado.
Hoje, há cerca de 25 mil atiradores concentrados principalmente no norte do Estado, região conhecida como a capital brasileira da cultura alemã.
Em cidades como Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau e Ibirama, o esporte rivaliza em popularidade com o vôlei ou o basquete.
""O tiro é uma herança cultural de nossos antepassados, e temos obrigação de transmiti-la para as novas gerações", diz Adalberto Larsen, 55, diretor da Associação dos Atiradores de Joinville.
Trazido por um grupo de imigrantes que se fixou na região de Blumenau no final do século passado, o tiro foi rapidamente difundido na comunidade.
Agora, o tiro tenta perder o sotaque alemão. A meta é fazer dele um esporte popular, aberto a qualquer pessoa e, assim, melhorar o desempenho do Brasil em competições internacionais.
""O primeiro obstáculo é o alto custo do equipamento básico do tiro, que é importado", diz Wilson Scheidemantel, 48, catarinense que disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona (92) na modalidade pistola.
Uma arma profissional para o esporte, das mais baratas, não sai por menos de RÏ 2.000,00. Já uma caixa de munição custa, em média, cerca de RÏ 40,00.
Nos últimos meses, os clubes de tiro do norte do Estado passaram a oferecer planos de adesão em que se paga mensalidade RÏ 15,00 e se usa armas alugadas.
Outra conquista foi a redução, pelo governo, das alíquotas de importação de munição específica para o tiro ao alvo.
As caixas de munição importadas já tiveram o preço reduzido para cerca de RÏ 20,00, enquanto as nacionais, de pior qualidade, custam apenas RÏ 6,00.
As medidas já começaram a fazer efeito, segundo Larsen. ""Desde o começo do ano, os clubes de tiro já tiveram um crescimento expressivo no número de interessados, principalmente entre mulheres e crianças", declara.
Apesar dos avanços, os atiradores catarinenses não estão satisfeitos. ""A próxima batalha é pela liberação da importação das armas específicas para tiro, o que reduziria o preço. Mas o governo dificulta a compra de todo tipo de arma, não importa se para matar ou praticar esporte", diz Scheidemantel.
O tiro, que deu ao Brasil a primeira medalha de ouro olímpica (em 1920, em Antuérpia), há muito não rende novas conquistas.
O próprio Scheidemantel ficou apenas em 32º lugar em Barcelona, entre 46 competidores. ""A maior vitória foi a classificação para os Jogos Olímpicos", disse.



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