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Clube dos 13 agora abre mão do passe por multa
Reuters -12.dez.1999/Folha Imagem
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O ex-ministro Pelé |
Entidade intensifica lobby no Congresso para mudar Lei Pelé
Dirigentes já aceitam "fim da escravidão", mas pretendem
receber indenização à altura por transferência de atletas
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Reportagem Local
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha,
em Porto Alegre
A extinção do passe no Brasil,
antes condenada por grande parte dos clubes brasileiros, hoje já
tem o apoio deles.
Até o Clube dos 13, que reúne 20
das principais equipes do país,
defende a causa, que foi uma das
principais bandeiras de Edson
Arantes do Nascimento, o Pelé,
como ministro dos Esportes
(1994-1998).
Mas a entidade, apesar de agora
aceitar o fim do passe, luta para
obter mudanças na legislação e
diminuir o prejuízo de um clube
quando da saída de um jogador.
""Não somos jurássicos, não
queremos a volta do passe, mas
precisamos alterar a lei (Pelé) para evitar uma série de casos absurdos que já estão acontecendo", desabafou Fábio Koff, presidente do Clube dos 13.
Uma das situações a que o dirigente se refere foi a polêmica
transferência de Rincón do Corinthians para o Santos.
De acordo com a Lei Pelé, promulgada em 1998, casos como o
do colombiano, que pagou metade do que teria direito a receber se
tivesse cumprido o contrato até o
fim para sair do Corinthians, podem se multiplicar.
Por isso, os principais times do
país iniciarão forte campanha na
mídia, além de lobby no Congresso, para exigir multas rescisórias
astronômicas, se for de comum
acordo entre as partes, e evitar
que um time perca um jogador
que ajudou a formar.
""Para mim, é o que seria mais
acertado. Se um time como o Corinthians comprasse um Rivaldo,
não teria cabimento ele sair do
clube quando quisesse, sem nos
pagar uma indenização. E se não
o quiséssemos mais no clube,
também teríamos que lhe pagar
uma multa, não apenas o que restasse do contrato dele", opinou
Alberto Dualib, presidente do
clube paulista.
No Grêmio, clube do qual Fábio
Koff já foi presidente, a preocupação é ainda maior, porque o contrato de Ronaldinho termina em
fevereiro de 2001, e o atacante,
com passe livre, poderá ser vendido para qualquer time do mundo.
Ao Grêmio, de acordo com a Lei
Pelé, não caberia um centavo de
indenização.
""É uma coisa que não está certa.
Teríamos que ter uma multa,
uma indenização, porque o clube
não pode ficar a ver navios. Eu
mesmo já ajudei muito o garoto,
quando ele não passava de um
guri, empreguei o pai dele (já
morto) como bilheteiro do Olímpico", disse Koff.
""Se formamos um craque e fazemos dele um milionário, não
podemos ser desprezados. Veja o
Renato (Gaúcho), que era um
ajudante de padaria e hoje frequenta a mais fina sociedade do
Rio. Ou o Ronaldo, que por incrível que pareça, virou símbolo sexual? Que escravidão é essa?"
Nos próximos dias, graças ao
lobby do Clube dos 13, alguns
projetos de emenda à Lei Pelé serão apresentados na Câmara.
Na semana passada, foi o caso
do projeto do deputado federal
Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), que prevê uma tabela escalonada de ressarcimento aos clubes
quando um jogador rescindir
unilateralmente o contrato. Ele
estabelece uma tabela regressiva
de indenização, levando em conta o valor restante do contrato a
ser cumprido e a idade do atleta.
O escalonamento é feito da seguinte forma: jogadores entre 16 e
20 anos têm de pagar indenização
de 50 vezes o valor restante do
contrato. Entre 21 e 23 anos, 30
vezes; de 24 a 26 anos, 20 vezes, e,
de 27 a 29 anos, dez vezes.
"A lei serve como uma espécie
de regulamentação à Lei Pelé, que
não prevê cláusula penal em caso
de rescisão unilateral. A relação
entre clube e atleta ficará mais
transparente, uma vez que a multa será baseada nos valores fixados previamente no contrato."
Um exemplo citado pelo deputado é o do jogador de 20 anos
que assina um contrato por quatro anos, ganhando R$ 100 mil
mensais. Quando faltarem dois
anos para ele deixar o clube, os R$
100 mil têm de ser multiplicados
por 24 meses, e o resultado dessa
operação multiplicado por 50.
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