São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2007

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Pan não é um evento só do Rio, diz Pessoa

Cavaleiro volta a criticar confederação e realização das seletivas só no Brasil

Campeão olímpico vê tom provinciano em decisão de dirigentes e assegura que não competirá em julho se classificação não mudar

DA REPORTAGEM LOCAL

O Pan é uma oportunidade de impulsionar o esporte do país e deve reunir os melhores atletas. Está sendo tratado por muitos, porém, como um evento local, só do Rio de Janeiro.
É o que afirma Rodrigo Pessoa, que desistiu de saltar no evento em que usaria pela primeira vez seu cavalo principal em uma competição no Brasil.
Para o campeão olímpico em Atenas-2004, o país deveria receber seletivas para apenas uma ou duas vagas na seleção. As demais sairiam da Europa -três postos estão em jogo.
O ginete, porém, não declarou se irá rever a decisão de deixar a equipe do Pan caso sua sugestão seja acatada.
"Pelo fato de o Pan ser no Rio, todos o estão tratando como se fosse um evento local. Não é. O Pan será muito exigente, e as equipes de EUA, Canadá e México vão com sua força máxima", declarou o cavaleiro.
A mudança dos locais das seletivas desencadeou a celeuma entre Pessoa e a Confederação Brasileira de Hipismo. Sob o argumento de impulsionar o esporte no país, a entidade desistiu de realizar todos os classificatórios na Europa.
Rodrigo Pessoa e Bernardo Alves já têm vagas asseguradas por estarem entre os 20 melhores do ranking mundial. Ambos vivem e competem no exterior. E também reclamam do preconceito contra atletas que, como eles, deixaram o país.
"O que impulsiona o hipismo são os resultados em Mundiais, Olimpíadas e um ouro no Pan, isso sim. Se olharmos friamente, sem essa divisão absurda de "europeus" e brasileiros, veremos que, para vencer torneios importantes em nível internacional, precisamos de cinco conjuntos fortes", disse Pessoa.
Segundo o campeão olímpico, é esse o número de atletas competitivos que atualmente saltam e mantém suas montarias no continente europeu.
"Não temos culpa de o Brasil ser um país em desenvolvimento, e os investimentos em infra-estrutura, cavalos, premiação serem muito maiores na Europa. Lá temos os mais importantes eventos e conjuntos do mundo", afirmou o ginete.
"Por isso, eu e outros brasileiros, que temos como objetivo figurar entre os melhores, somos obrigados a viver na Europa. Se agora, pelo fato de o Pan ser no Brasil, os dirigentes acham que é preciso incentivar o hipismo local, que usem a minha vaga", completou.
Para saltar fora do país em que vive e treina, um cavaleiro precisa viajar com os cavalos e submetê-los a uma quarentena. Disputar as seletivas para o Pan, por exemplo, exigiria cerca de um mês e meio no Brasil.
Com isso, os cavaleiros poderiam perder provas que contam pontos para o ranking mundial e compromissos com donos dos cavalos, patrocinadores etc.
Além disso, afirmou Pessoa, existe preocupação com as condições das pistas escolhidas para o processo de seleção.
"A pista de areia da Sociedade Hípica Paulista está em obras, e o piso do complexo em Deodoro [sede do Pan] não foi mexido ainda", afirmou ele.
A confederação brasileira, por meio de sua assessoria, disse que anunciará hoje posição sobre o caso. O presidente da entidade, Maurício Manfredi, também iria procurar Pessoa.


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