São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente da FPF é condenado por queixa infundada

Punição a Marco Polo Del Nero pela polêmica na decisão do Brasileiro-2008 é fixada em 90 dias, a pena mínima

Dirigente do São Paulo considera que houve justiça, porém diz que condenação, que é passível de recurso, poderia ter sido mais severa


DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva condenou o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, a 90 dias de suspensão e a entidade a multa de R$ 10 mil por conta da polêmica envolvendo o São Paulo na véspera da última rodada do Brasileiro-2008. ""Vamos recorrer", disse Del Nero após a sessão.
O advogado da FPF, João Zanforlin, disse que levará o caso "até a Suíça", onde fica a sede da CAS (Corte de Arbitragem do Esporte), se necessário.
O recurso da defesa do dirigente deverá ser realizado junto ao tribunal pleno do STJD. Nessa nova instância, seria julgado novamente -sua pena seria provisoriamente suspensa-, e ele pode ser absolvido.
""Essa pena foi pequena, mas se fez justiça. O presidente da federação foi irresponsável, ele exorbitou de seus poderes", comemorou Kalil Rocha Abdala, diretor jurídico do São Paulo.
A decisão foi unânime. O presidente da terceira comissão do STJD, Mário Antônio Couto, relator do processo, acolheu posição da procuradoria e pediu pena mínima para Del Nero por ser réu primário. À FPF pediu pena máxima, por ser reincidente. O voto de Couto foi acompanhado pelos auditores José Teixeira Fernandes, Nicolao Constantino Filho, Giseli Amantino e Roberto Teixeira.
Del Nero denunciou à CBF suposta tentativa de envio ao árbitro Wagner Tardelli de convites para show de Madonna. O juiz apitaria o jogo Goiás x São Paulo, pela última rodada do Brasileiro, em que bastaria ao clube paulista empatar para ser campeão. Del Nero encaminhou a suspeita à CBF e ao Ministério Público de SP, o que levou Tardelli a ser afastado da partida pela Comissão de Arbitragem na véspera do jogo.
Antes do julgamento, os são- -paulinos haviam provado ao STJD que os ingressos eram para o vice da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, que substituirá Del Nero no período em que não puder ficar à frente da FPF, e foram enviados antes de Tardelli ser selecionado.
O procurador Wanderley Rebello pediu a condenação alegando que, com formação em advocacia, o presidente da federação sabia das consequências de acusar sem provas.
""Ele deve ser condenado para que aja com mais cautela. Esse é um tribunal disciplinar, e a disciplina serve para todos, acusado e acusador. Ele não se preocupou em provar o que acusou. Tem que sofrer as consequências dos seus erros, ainda que bem-intencionados."
O advogado de Del Nero, Mário Pucheau, disse que o presidente da FPF não fez nenhuma acusação direta contra Tardelli ou dirigentes do São Paulo. Citou que a secretária do São Paulo, segundo a da federação, queria entregar o envelope em mãos porque era ""do Tardelli". Segundo o advogado, o cartola não poderia se omitir diante de possível tentativa de suborno.
Zanforlin reclamou do rigor da comissão, que comparou a uma ""câmara de gás", o que gerou bate-boca com o presidente do colegiado. Apontou que ""coincidentemente" a comissão não recebeu nenhum processo polêmico após outubro, quando puniu severamente atletas de Grêmio e Botafogo.
Membros da corte reagiram à comparação com nazistas. Depois, Zanforlin se desculpou.


Texto Anterior: Em partida aberta, Corinthians faz dois e se classifica
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.