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Presidente da FPF é condenado por queixa infundada
Punição a Marco Polo Del Nero pela polêmica na decisão do Brasileiro-2008 é fixada em 90 dias, a pena mínima
Dirigente do São Paulo considera que houve justiça, porém diz que condenação, que é passível de recurso,
poderia ter sido mais severa
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva condenou o
presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo
Del Nero, a 90 dias de suspensão e a entidade a multa de R$
10 mil por conta da polêmica
envolvendo o São Paulo na véspera da última rodada do Brasileiro-2008. ""Vamos recorrer",
disse Del Nero após a sessão.
O advogado da FPF, João
Zanforlin, disse que levará o caso "até a Suíça", onde fica a sede
da CAS (Corte de Arbitragem
do Esporte), se necessário.
O recurso da defesa do dirigente deverá ser realizado junto ao tribunal pleno do STJD.
Nessa nova instância, seria julgado novamente -sua pena seria provisoriamente suspensa-, e ele pode ser absolvido.
""Essa pena foi pequena, mas
se fez justiça. O presidente da
federação foi irresponsável, ele
exorbitou de seus poderes", comemorou Kalil Rocha Abdala,
diretor jurídico do São Paulo.
A decisão foi unânime. O presidente da terceira comissão do
STJD, Mário Antônio Couto,
relator do processo, acolheu
posição da procuradoria e pediu pena mínima para Del Nero
por ser réu primário. À FPF pediu pena máxima, por ser reincidente. O voto de Couto foi
acompanhado pelos auditores
José Teixeira Fernandes, Nicolao Constantino Filho, Giseli
Amantino e Roberto Teixeira.
Del Nero denunciou à CBF
suposta tentativa de envio ao
árbitro Wagner Tardelli de
convites para show de Madonna. O juiz apitaria o jogo Goiás x
São Paulo, pela última rodada
do Brasileiro, em que bastaria
ao clube paulista empatar para
ser campeão. Del Nero encaminhou a suspeita à CBF e ao Ministério Público de SP, o que levou Tardelli a ser afastado da
partida pela Comissão de Arbitragem na véspera do jogo.
Antes do julgamento, os são-
-paulinos haviam provado ao
STJD que os ingressos eram
para o vice da FPF, Reinaldo
Carneiro Bastos, que substituirá Del Nero no período em que
não puder ficar à frente da FPF,
e foram enviados antes de Tardelli ser selecionado.
O procurador Wanderley Rebello pediu a condenação alegando que, com formação em
advocacia, o presidente da federação sabia das consequências de acusar sem provas.
""Ele deve ser condenado para que aja com mais cautela. Esse é um tribunal disciplinar, e a
disciplina serve para todos,
acusado e acusador. Ele não se
preocupou em provar o que
acusou. Tem que sofrer as consequências dos seus erros, ainda que bem-intencionados."
O advogado de Del Nero, Mário Pucheau, disse que o presidente da FPF não fez nenhuma
acusação direta contra Tardelli
ou dirigentes do São Paulo. Citou que a secretária do São Paulo, segundo a da federação, queria entregar o envelope em
mãos porque era ""do Tardelli".
Segundo o advogado, o cartola
não poderia se omitir diante de
possível tentativa de suborno.
Zanforlin reclamou do rigor
da comissão, que comparou a
uma ""câmara de gás", o que gerou bate-boca com o presidente
do colegiado. Apontou que
""coincidentemente" a comissão não recebeu nenhum processo polêmico após outubro,
quando puniu severamente
atletas de Grêmio e Botafogo.
Membros da corte reagiram à
comparação com nazistas. Depois, Zanforlin se desculpou.
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