São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2010

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Futebol à noite atrai mais gente, afirma FPF

Entidade reúne dados contra ação de vetar partidas às 22h

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC

O presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, resolveu contra-atacar os defensores do fim das partidas às 22h e responder ao projeto de lei da Câmara Municipal, aprovado em primeira votação, que proíbe jogos na cidade após as 23h15.
O dirigente tem nas mãos levantamento mostrando que os jogos "depois da novela" têm mais público e rendem bilheteria maior aos clubes. Os números foram levantados por funcionários da própria federação.
À Folha o presidente da FPF, que está de mãos dadas com a TV Globo, detentora dos direitos de transmissão do Estadual, divulgou os números, colhidos até a 11ª rodada do Paulista, ou seja, sem contar a jornada deste meio de semana.
Pelo levantamento da federação, nos primeiros 110 jogos desta edição do Paulista, 43 partidas, ou 39%, foram realizadas no meio de semana.
Só 12% desses duelos, ou 13 confrontos, ocorreram com início entre as 21h40 e as 22h. Se forem computados só os jogos com os grandes paulistas nessa faixa de horário, a média de público foi de 10.381 pessoas e a de renda, de R$ 311.266.
Nos duelos realizados em outros horários, também com a presença dos quatro grandes, a média de público cai para 7.889, e a de bilheteria fica em R$ 176.057. Contabilizando todos os jogos no período das 21h50, o público médio é de 8.182 pessoas, contra 2.548 nos outros horários para o torneio.
O preço médio do bilhete das partidas das 21h50 é de R$ 29,57, contra R$ 20,60 nos outros horários. "Em todos os critérios comparados, o horário das 22h é o melhor. Se não tivesse a Rede Globo, eu defenderia do mesmo jeito, porque é o melhor para os clubes", declara Del Nero, que ameaça tirar os jogos da capital paulista caso o projeto de lei do vereador Antônio Goulart (PMDB) seja aprovado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM).
"A lei é muito boa, e estou recebendo muito apoio. Todo mundo quer voltar cedo para casa", diz Goulart, que é corintiano. "Na última partida do Corinthians às 22h, cheguei em casa às 2h e acordo cedo para trabalhar. E tem ainda a questão do transporte público", defende o vereador.
Para o presidente da FPF, o Paulista é feito para públicos distintos. E o trabalhador que tem de levantar cedo no dia seguinte, diz Del Nero, deve evitar ir aos jogos das 21h50.
"O Paulista é 100% televisionado. Ele pode acompanhar a partida de casa", diz o cartola, sugerindo as partidas transmitidas pela Globo e pelo pay- -per-view. "A maioria dos jogos é exibida ao vivo. Agora, não dá para transmitir tudo no mesmo horário", afirma Del Nero.
O dirigente afirma, por exemplo, que já recebeu reclamações dos clubes por marcar jogos para o período da tarde, como o de ontem entre Corinthians x Botafogo, no Pacaembu, que começou às 17h.
Na próxima terça-feira, na Câmara Municipal, o presidente da FPF promete defender, com esses dados, o horário das 21h50 em audiência pública para discutir o assunto.
Dependendo do resultado obtido, o projeto de lei, que passou em primeira votação, será votado novamente pelos vereadores paulistanos.


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