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FUTEBOL
Diretor se sente desprestigiado e teme por saúde; saída é oficializada hoje
Estressado e sem reforços, Rivellino deixa Corinthians
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O estresse causado pela crise corintiana afastou o diretor técnico
Rivellino do clube. A diretoria vai
oficializar hoje a saída do dirigente. Desde a última sexta-feira, ele
não acompanha a equipe.
Rivellino, que tem evitado as
entrevistas, pediu demissão preocupado com a saúde, o desgaste
de sua imagem e a falta de reforços consagrados, além de sentir-se abandonado por seus chefes.
Não teve o respaldo que esperava do presidente do clube, Alberto
Dualib, e do vice de futebol, Antonio Roque Citadini. Nervoso, ele
vinha fumando três maços de cigarro por dia. Após conversar
com a família, decidiu transformar em realidade a ameaça que fizera aos cartolas: sair se não chegassem atletas de "peso".
Críticas de torcedores e conselheiros feitas a ele pela contratação de Piá foram a gota d'água. O
ex-jogador da Ponte Preta foi pedido por Oswaldo de Oliveira.
O meia foi o único atleta contratado após o fracasso no Paulista.
O time, que trocou Juninho por
Oliveira, só escapou do rebaixamento na última rodada.
Antes de sair, Rivellino manteve
contatos com Reinaldo, do Paris
Saint-Germain, mas a contratação foi praticamente descartada
por falta de recursos -motivo
que fez o dirigente perder outros
jogadores, como Grafite.
A pindaíba já desgastara Rivellino em 2003, quando ele pressionou a cúpula corintiana para que
pagasse as primeiras parcelas da
dívida com Vampeta. O acordo
fora feito pelo dirigente.
Citadini passa a ser o único remanescente do quarteto responsável pelas 14 contratações feitas
para o Paulista. A maioria não
vingou, como o lateral Julinho,
dispensado, o meia Samir e o atacante Régis. Além deles, Adrianinho, que tem como procurador
Márcio Rivellino, filho do diretor
demissionário, deve sair.
Antes de Rivellino, já tinham se
desligado Andrés Sanchez e Francisco Papaiordanou, que formavam o grupo responsável pelo futebol a partir da metade de 2003.
A saída de Rivellino enfraquece
as idéias de Citadini no Parque
São Jorge. Foi ele quem mais fez
lobby pela criação de um cargo
que servisse de pára-raios para a
cúpula corintiana. A função de diretor técnico foi criada justamente para o ex-craque. Ao contratá-lo, o vice tentou, nas suas palavras, "reparar a injusta saída" de
Rivellino do clube, em 1974.
Apesar de ser considerado um
dos maiores ídolos da história corintiana, ele foi escorraçado pelos
torcedores após a perda do título
paulista daquele ano para o rival
Palmeiras. O Corinthians não
vencia o Estadual desde 1954.
Em sua volta, Rivellino amargou, além das fracas campanhas
no Brasileiro-03 e no Paulista-04,
decepções com os técnicos Júnior,
contratado com sua ajuda, e Juninho, mantido após o Nacional
com seu apoio e demitido no começo do Estadual.
Citadini também queria dar
emprego no clube a ídolos corintianos, como Sócrates. Deve ter
que adiar seus planos.
A saída de Rivellino frustra ainda a vontade do vice de agir quase
exclusivamente na costura política do clube e do futebol brasileiro.
Sem um pára-raios com a força
do demissionário, Citadini voltará a participar ativamente da contratação de reforços -o sucessor
de Rivellino terá menos poderes.
Já desligado do Corinthians, o
ex-craque da seleção cuidará de
novo de sua escolinha de futebol.
Dificilmente aceitará trabalhar
em algum clube, se for convidado.
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