São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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GINÁSTICA

País alcança pela primeira vez cinco pódios em um dia, fatura mais três ouros na Copa e vê dobradinha inédita

Com samba, Daiane fecha dia histórico

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

O último dia da etapa da Copa do Mundo no Rio vai entrar para a história da ginástica brasileira.
Com um recorde de cinco medalhas em pouco mais de três horas, o país viu a consagração de Daiane dos Santos, 21, no solo, as vitórias dos irmãos Diego, 17, e Daniele Hypólito, 20, e os primeiros pódios de Camila Comin, 21.
""Foi uma grande festa. Desta vez, tivemos a chance de mostrar toda a ginástica brasileira para o nosso povo. Espero que o esporte inicie uma nova fase", disse Daiane, que venceu pela quarta vez consecutiva em Copas e foi ovacionada pelo público no Rio como uma nova estrela do esporte nacional após apresentar pela segunda vez a coreografia que preparou para os Jogos de Atenas, ao som do clássico ""Brasileirinho".
Daiane foi a última brasileira a se apresentar ontem no Riocentro, tirou nota 9,600 -abaixo dos 9,675 pontos obtidos na sexta-feira- e teve o seu nome gritado pela torcida. Após receber o ouro ao lado de Camila Comin, que ficou com o bronze, a atleta gaúcha chegou a improvisar uma volta olímpica e terminou sambando no tablado, para o delírio dos fãs.
Aproveitando o fato de a etapa no Rio estar esvaziada (só 54 ginastas) e não contar com muitos atletas de elite, como russos e romenos, o que enfraqueceu o nível técnico do torneio, o Brasil viu Diego e Daniele conquistarem dois ouros quase simultaneamente, às 10h20. Ele venceu no salto, com média final de 9,418. Ela, na trave, na qual tirou 9,212 e viu Camila obter a prata, formando a primeira dobradinha brasileira em um torneio de peso da federação internacional -a Copa só perde em importância para o Mundial e os Jogos Olímpicos.
""O resultado foi muito bom. Agora, espero me aperfeiçoar cada vez mais para chegar muito bem a Atenas", disse Daniele, que anteontem havia obtido a prata nas paralelas assimétricas, quebrando um jejum de pódios que se arrastava desde agosto de 2003.
Chorando, a atleta do Flamengo, que pode voltar a treinar em Curitiba, festejou a conquista ao lado do irmão, que também deixou a Copa com duas medalhas -anteontem, ao vencer no solo, Diego, que não tem vaga em Atenas, obteve o primeiro pódio da ginástica masculina brasileira.
"Esse dia vai ficar na história", disse Daniele, que quase não foi escalada para a Copa.
Os outros brasileiros em finais ontem não foram ao pódio. Mosiah Rodrigues, 22, único atleta da seleção masculina com vaga em Atenas e que ganhou a prata no cavalo com alças no primeiro dia de finais, acabou em quinto lugar na barra fixa. Já Michel Conceição, contundido no pé, ficou em sétimo na barra e nas paralelas.
Além de liderar o evento com oito medalhas, a ginástica brasileira registrou conquistas fora do tablado, como o anúncio do ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que disse que o país terá cinco novos centros de treinamento, e a renovação do contrato do técnico Oleg Ostapenko, que irá dirigir a seleção feminina adulta e juvenil -a ser formada- até 2008.
O ucraniano foi o único a evitar o clima de oba-oba. Disse que o torneio serviu para testar os brasileiros, mas não acredita que eles repetirão o sucesso em Atenas. "A Daiane é a única que tem chance de chegar à final olímpica."


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