São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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JUCA KFOURI

Se eu fosse o Juvenal...


Antes de mais nada, e para que você não se assuste, eu devo dizer que não queria ser o Juvenal nem a pau


SE EU fosse o presidente do São Paulo estaria morrendo de raiva ou de vergonha.
Acho que mais de vergonha.
Porque a velha raposa não poderia ser enganada de maneira assim tão descarada, sem a menor sutileza, nem para guardar as aparências.
O presidente tricolor que rompeu a tradição do clube e votou em Ricardo Teixeira. Que lhe ofereceu o próprio camarote, o melhor do Morumbi, no jogo pelas eliminatórias entre Brasil e Uruguai, embora ele o tenha rejeitado ao preferir ver o jogo com o Marco Polo Del Nero, desafeto do são-paulino.
O presidente tricolor que trouxe o Lulinha para vê-lo agora fazer graça sem graça pelo Twitter.
O presidente tricolor que foi enrolado durante três anos para não atrapalhar a candidatura brasileira à Copa do Mundo e que agora, diante de um Teixeira poderoso ao extremo, se vê impotente, porque nem a pior das histórias que possa contar terá o condão de abalar a posição do cartolão. O pior é que Juvenal Juvêncio sabe não ter a simpatia do ex- -governador, e eventual presidente da República, José Serra, que tem dele, como disse a mim duas vezes, a pior das impressões.
Fato é que Teixeira deu a volta em Juvêncio e ameaça o Morumbi, além da Taça de Bolinhas. Juvêncio ser vice de Fábio Koff é puro desespero, ainda mais para quem apostava em renovação.
Se ele ainda tivesse a confiança do Flamengo, que também apoia o gaúcho, vá lá, mas Juvêncio sabe que pisoteou a ética mais rasteira ao negar ao clube carioca aquilo que lhe pertence, a cada vez mais ridícula Taça das Bolinhas. E agora ainda tem de ver o Corinthians na chapa oposta e de olho numa aventura, mesmo sem sentido, qual seja a da construção de um estádio na Pauliceia.
Sim, a candidatura Kléber Leite é um acinte à autonomia dos clubes e um conflito de interesses que é mais que um conflito, é uma guerra declarada aos bons costumes.
Mas Koff não é melhor, que o diga o empresário Sílvio Santos depois que, em 1997, jantou com ele, com Mustafá Contursi, Eurico Miranda e Jaime Franco, então representantes do Palmeiras, do Vasco e do próprio São Paulo, como Juvêncio está cansado de saber.
O não cumprimento do que se acordou então, e levou a Globo Esporte a melhorar o contrato do futebol (que piorou em 2002, na crise), levou o então superintendente do SBT, Luciano Calegari, a dar, à revista "Isto É", uma das entrevistas com os termos mais fortes já utilizados sobre o comportamento da cartolagem nacional.
Agora Koff acena com a Record, mesmo com o risco de vir a ser excomungado pelo bispo Macedo...
O que poderia ser um saudável debate de ideias entre os principais clubes brasileiros é apenas um cabo de guerra circunstancial, não se devendo afastar, até, um acordo adiante para contemplar o que Teixeira quiser, já que a Fifa é o seu passo seguinte à Copa de 2014.
O que é um desperdício.
Porque parece haver massa de cultura nova suficiente para que se pudesse pensar numa terceira via.
Que não está representada nem por Teixeira, nem por Koff, nem por Leite. E pelo Juvenal?
Ora, nem a pau!

blogdojuca@uol.com.br


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