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BOXE
O médico e o monstro
EDUARDO OHATA
O amargo Larry Holmes. Rocky
Marciano, o invicto. O falastrão
Muhammad Ali. Todos os campeões pesos-pesados poderiam ser
definidos em uma só palavra, menos o britânico Lennox Lewis.
Após a performance do último
sábado, Lewis, que demoliu em
dois assaltos o promissor Michael
Grant, pode vir a ser lembrado,
porém, como ""o errático". Ou, para quem preferir algo mais poético, ""Dr. Jekyll e Mr. Hyde".
O gigante Grant (2,01 m e 113,5
kg) não era nenhuma ""galinha-morta". Ao contrário de outros
boxeadores protegidos, venceu
um bom nível de adversários antes do malfadado desafio ao britânico Lewis (1,96 m e 112,1 kg):
Andrew Golota, Lou Savarese,
David Izon e Jorge Luís Gonzalez.
Anteriormente, Lewis-Hide já
havia surpreendido ao demolir,
em apenas um assalto, o forte polonês Golota, que foi para o combate com o moral de quase ter
vencido Riddick Bowe em duas
oportunidades seguidas.
Mas nem a lembrança dessas
duas performances fulminantes
apagam as imagens de suas apresentações como Dr. Jekyll, contra
Zeljko Mavrovic, Ray Mercer,
Evander Holyfield (na revanche),
Oliver McCall e Mike Weaver.
Mas ao menos Lewis sempre poderá apontar com orgulho os
massacres sobre Grant e Golota.
Agora, Lewis colocará os cinturões em jogo contra o sul-africano
Frans Botha, no dia 15 de julho,
em Londres, segundo o seu empresário, Panos Elíades. Motivo
de piada no passado, Botha vem
ganhando respeito. Depois de ser
nocauteado por Tyson após estar
ganhando a luta por pontos, empatou com Shannon Briggs.
Os fãs do boxe não vão dar bola
para o fato de Lewis ter perdido o
cinturão da AMB (Associação
Mundial de Boxe) no tapetão, em
uma manobra do infame promotor de lutas Don King. Importante
é que o britânico não perdeu o
cinturão dentro do ringue.
Convém também lembrar que
Lewis tem a tradição a seu lado,
pois é o campeão linear (bateu
Shannon Briggs, que venceu
George Foreman, que derrotou
Michael Moorer, que havia tomado o cinturão de Holyfield).
Ou seja, pode-se traçar uma
""árvore genealógica" até o primeiro campeão mundial dos pesos-pesados, o americano John L.
Sullivan, provando que o britânico é o seu ""descendente".
Qual será a tradição do cinturão que o vencedor do combate
entre Holyfield e John Ruiz, pelo
título vago, em junho, levará para
casa? Sua ""árvore genealógica"
começará e terminará naquela
mesma luta, não terá história.
O inglês agora corre o risco de
perder outro cinturão, o da Federação Internacional, que estipulou que Lewis deve enfrentar o
primeiro do ranking David Tua,
chamado de ""o novo Tyson", até
novembro. Representantes dos
pugilistas já conversam.
A possibilidade não é grande,
mas é possível que Lewis em breve
fique só com o cinturão do Conselho Mundial de Boxe e faça juz a
outro apelido: a vítima.
NOTAS
Brasil 1
Por causa de um problema
no punho, o meio-médio-ligeiro Kelson Carlos Santos, com
vaga garantida em Sydney, será o desfalque no grupo de pugilistas olímpicos que disputam desafio contra a França, na
terça-feira, no Baby Barioni,
em São Paulo, com entrada
franca. O substituto do baiano
será Juliano Ramos. Também
estarão enfrentando rivais
franceses Valdemir Pereira,
Emerson Marques, José Archak e Laudelino Barros, que, a
exemplo de Santos, também já
assegurou vaga em Sydney.
Brasil 2
No próximo dia 12, o baiano
Reginaldo ""Hollyfield" Andrade concede revanche a Jim
Kelly, em Lauro de Freitas, na
Grande Salvador, na Bahia, em
programação que sofreu adiamento por causa das chuvas.
Em outra apresentação, o irmão de Popó, Luís Claudio, enfrenta Antônio Soares, entre
pesos-penas.
E-mail eohata@folhasp.com.br
Eduardo Ohata escreve às sextas
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