DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a Inter de Milão pisar no gramado hoje, os torcedores vão lembrar do último título, o seu 13º scudetto, no longínquo ano de 1989, quando contava com um esquadrão alemão: Matthaus, Brehme e Klinsmann.
Hoje, o time italiano tem como maior astro o brasileiro Ronaldo, que deve ter bem em mente que seu troféu mais recente foi obtido em 1999, com a seleção nacional na Copa América.
De lá para cá, foram breves os retornos e longas as ausências. Tudo culpa de suas contusões.
"Passei por momentos muito difíceis, a operação, a fisioterapia, as críticas, muitas pessoas que duvidavam de minha volta", afirmou o jogador.
"Não existe raiva, e eu não estou rendendo contas com o passado porque minhas pernas estão boas agora. Eu tenho força interior e tenho um forte desejo de aproveitar agora por todo o tempo que perdi", completou o atacante.
Mas o brasileiro não está só na empreitada: seu companheiro de ataque, Christian Vieri, que estava contundido, volta a jogar.
Titular da seleção italiana, Vieri é o principal artilheiro da Inter no campeonato, com 21 gols (o leonês Kallon soma nove tentos, Ronaldo fez sete e o uruguaio Recoba coleciona seis). Volta também Materazzi, líder do esquema defensivo montado pelo técnico argentino Héctor Cúper.
No campo rival, a Lazio tem ainda chances de se classificar para a Copa da Uefa, mas o estímulo é pequeno, já que o time romano começou seu desmanche e apareceram as brigas internas.
Um ponto atrás na tabela de classificação, a Juventus, de Trezeguet e Del Piero, joga como visitante contra o Udinese, time longe do topo e da faixa de times ameaçados pelo rebaixamento.
"Eu só posso dizer que nós não vamos empatar", disse o técnico da Juventus, Marcello Lippi. "O melhor e mais sortudo ganhará."
Por seu lado, a atual campeã, a Roma, tem ainda chance de chegar ao bicampeonato. Para tanto precisa de tropeços de Inter e Juventus, afinal, está dois pontos atrás. ""Nós podemos ganhar, a Juve empatar, e a Lazio fazer o favor de bater a Inter", afirmou Montella, atacante romano, brincando com a dependência de seu arqui-rival para ser campeão.
O jogo da Roma, que conta com seis brasileiros em sua fila, é em Turim contra o Torino, que também joga apenas para cumprir tabela, afinal, está na faixa intermediária de classificação.
O capitão e meia criativo Totti, voltando de contusão, é a grande dúvida do time da capital italiana.
Se ao final da rodada de hoje (todos os jogos são simultâneos) houver uma igualdade de pontos de duas equipes, haverá o chamado ""spareggio" (desempate).
Caso a igualdade seja entre Juventus e Inter, haverá um só jogo extra, afinal, o time de Turim disputa a Copa da Itália, e não há data disponível para tanto.
Na hipótese de Roma e Inter empatarem em pontos, o desempate acontece em dois jogos.
No fundo da tabela, apenas um dos quatro times rebaixados ficou para ser decidido na rodada final.
Venezia, Fiorentina e Lecce já estavam matematicamente rebaixados há várias rodadas.
Essa luta de foice se dará entre Brescia, de Roberto Baggio, Verona e Piacenza. Esses dois últimos times se encaram de frente e um empate garante ambos na primeira divisão italiana. Nesse caso, quem cai é o Brescia.
A favorita Inter terá um crédito pelo descenso do Brescia, afinal, foram duas vitórias sobre os lombardos na temporada. Nos dois triunfos, Ronaldo foi para as redes, totalizando três de seus sete gols no certame.
"Os dois gols contra o Brescia na minha volta foram importantes para recuperar a confiança e a força mental", afirmou o atacante brasileiro de 25 anos.
Se ganhar hoje, Ronaldo conseguirá seu primeiro título nacional na carreira. Já o azarado Cúper obterá o primeiro título em seu currículo profissional.