São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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FUTEBOL

Time de Nelsinho tenta controlar os nervos diante dos comandados de Parreira, que ensinou o seu clube a ser calmo

Tenso, São Paulo testa frieza corintiana

EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE


DA REPORTAGEM LOCAL

A racionalidade do Corinthians e a passionalidade do São Paulo se confrontarão hoje no primeiro duelo entre os dois clubes pela final do Torneio Rio-São Paulo.
Em seu caminho rumo à decisão, o time do Morumbi foi do céu ao inferno. Aplicou seis goleadas seguidas, mas também amargou quatro derrotas consecutivas, fruto da instabilidade emocional que acompanha a equipe de Nelsinho Baptista desde o ano passado.
Prova das dificuldades enfrentadas pelo clube é a maneira como os são-paulinos carimbaram a vaga na decisão do regional.
Beneficiado por um item esdrúxulo do regulamento, em que os cartões são um importante critério de desempate, o clube do Morumbi eliminou o Palmeiras após dois empates nas semifinais por ter sido punido menos vezes com o amarelo (4 contra 7 do rival) -mesmo sendo a equipe mais indisciplinada na primeira fase, com oito jogadores expulsos.
Até obter a classificação às semifinais foi um martírio para o São Paulo. A vaga só foi obtida na última rodada, após uma partida dramática contra o Americano e reveses de Vasco e Fluminense.
Os 5 a 3 obtidos diante do time carioca expuseram a fragilidade de nervos do time, que durante algumas rodadas foi considerado a sensação do torneio.
A irregularidade são-paulina foi fomentada por desentendimentos entre os atletas e pela crise entre Nelsinho Baptista, que deve deixar o clube, e a nova diretoria.
"De repente, por eles [corintianos" estarem em um grande momento, talvez tenham mais calma em campo. Nós só conseguimos a classificação na reta final da primeira fase e tivemos altos e baixos, que não deixam ninguém calmo", disse o meia Adriano.
"O que nós precisamos é trabalhar melhor a bola, para termos mais tranquilidade", disse Nelsinho. No treino de anteontem, ele abusou dos berros para orientar seus jogadores, que sonham em descontar a eliminação nas semifinais da Copa do Brasil, diante do mesmo rival de hoje.
O Corinthians, clube historicamente marcado por conflitos internos, atravessa um raro momento de estabilidade.
Nem os desentendimentos com o parceiro norte-americano, o fundo HMTF, nem a saída de Luizão, que está em litígio com o clube, atrapalharam a caminhada até aqui vitoriosa da equipe comandada por Carlos Alberto Parreira.
Com um estilo de jogo marcado pela frieza, os corintianos chegam às finais do Rio-SP ostentando a melhor campanha na fase inicial.
Diferentemente do time comandado por Wanderley Luxemburgo no ano passado, o Corinthians de Parreira não enfrenta problemas de relacionamento.
Em campo, os jogadores demonstram solidariedade. Dos 34 gols marcados pelo time no interestadual, 24 (pouco mais de 70%) saíram de assistências.
O time também demonstra paciência para chegar ao gol, recurso que incomoda os adversários. Segundo o Datafolha, o Corinthians é o time que passa a bola com mais eficiência (88,6% de acerto) na competição. No entanto, é só o oitavo em finalizações.
"É a nossa melhor arma [o toque de bola". Não adianta tentarmos usar outras", disse Parreira.
"O nosso preparo físico e o lado emocional podem fazer diferença nessa hora", disse o técnico, cujo time é o campeão do "fair play".
O Corinthians, que só teve um atleta expulso neste ano, é a equipe que menos faltas comete no regional, média de 18,9 por jogo.
"Além do trabalho bem feito, o que contribui para uma situação emocional favorável são os resultados. E isso estamos fazendo", constatou o meia Ricardinho.


NA TV - Globo, Record e Sportv, ao vivo, às 16h



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