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Nem a chance do bi livra São Caetano do marasmo
Cidade responde friamente à decisão contra o Santos, amanhã, e frustra time
Poucos compram camisas ou vêem treinos da equipe, que lamenta não poder buscar o título do Paulista diante de multidão azul
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na reta final do Estadual,
Paulo é o único ambulante que
vende camisas do São Caetano
nos arredores do estádio Anacleto Campanella.
"Está mais ou menos", diz,
após ser questionado sobre o
interesse dos torcedores no
uniforme azul do finalista.
Paulo é, na verdade, apenas
um dos indicadores do completo marasmo que insiste em
atingir o clube do ABC, mesmo
com a equipe prestes a levantar
sua segunda taça do Paulista
em apenas quatro anos.
Em plena sexta-feira, antevéspera da final contra o Santos, duas pessoas compravam
ingressos na bilheteria, às 16h.
Cambistas? Na cidade onde o
futebol ainda respira apenas
pelos quatro grandes do Estado, eles nem aparecem.
Por sinal, na rua que circunda a casa do São Caetano, o
maior movimento que se observa é o dos carros de auto-escola, que andam a 30 km/h.
"Ô, ô,ô... Somália é melhor
que o Eto'o." O grito de incentivo ao atacante vem de um grupo de crianças que se espremem fora do estádio para olhar
para dentro pelo buraco do
portão. E são somente elas, não
mais do que 15 jovens, que, já
dentro do estádio, animam o time durante o treinamento.
Em 2000, ano em que o clube
ficou conhecido nacionalmente ao disputar a decisão da Copa
João Havelange, contra o Vasco, a "novidade" parecia agitar
um pouco o mais a cidade.
Agora, apenas algumas faixas
colocadas na Goiás, a principal
avenida de São Caetano, lembram que amanhã o time poderá sagrar-se bicampeão paulista. Haverá um telão na avenida.
"Estou há cinco anos no clube. Foi dessa maneira também
em 2004", diz o goleiro Luiz,
sobre o clima pacato que rondou o time campeão daquele
ano sobre o Paulista de Jundiaí.
Os jogadores até já se habituaram à falta de calor humano.
"Por um lado é bom, porque
não tem pressão. Mas seria
bom jogar com o estádio lotado,
a torcida apoiando o tempo todo", declara o zagueiro Thiago.
Gostinho que até o técnico
Dorival Jr., há pouco mais de
seis meses no ABC, já desistiu
de sentir. "O ser humano é movido a elogios, incentivos. No
primeiro jogo, quando o Santos
tomou 1 a 0, a torcida começou
a se mobilizar, foi fantástico.
Infelizmente, aqui no São Caetano isso não existe. As pessoas
torcem de maneira contida."
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