São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Luxemburgo, 8, iguala recorde de ex-santista

Técnico palmeirense chega a 8 títulos paulistas, mesmo número obtido por Lula

Um usava roupas simples e linguagem coloquial, enquanto o outro se veste com ternos bem cortados e utiliza linguagem empolada


MAURÍCIO EIRÓS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles estão agora juntos como os treinadores mais vitoriosos da história do Campeonato Paulista. Mas, além das oito taças do torneio, nada une Lula e Vanderlei Luxemburgo.
O primeiro era de uma época em que os treinadores eram meros coadjuvantes. O segundo ofusca até os craques de suas equipes, tanto que hoje é o maior salário do Palmeiras.
Lula ganhou seus oito Paulistas sempre pelo Santos, onde ficou por 12 anos, entre 1954 e 1966. Luxemburgo foi campeão do Estado por quatro times diferentes e nunca ficou mais de três anos no mesmo clube.
O técnico palmeirense não escondeu a felicidade e ressaltou as diferenças de sua conquista em relação ao santista.
"Este é o Estado que me adotou desde 1989, e tem um dos campeonatos mais difíceis. Lula comandou uma grande equipe. Eu consegui de outra maneira, com quatro equipes diferentes, e isso tem valor."
Roupas simples e linguagem coloquial eram as marcas de Lula. Ternos bem cortados e um jeito de falar empolado são características registradas do atual treinador palmeirense.
Lula ficou com a fama, injusta, segundo quem conviveu com o treinador, de ter como função básica jogar as camisas para o alto para os santistas.
Luxemburgo quase sempre dirigiu equipes recheadas de estrelas. E interfere em contratações e renovações de contrato, função jamais dada a Lula.
Quem conviveu com Lula, morto há mais de 30 anos, e acompanha a carreira de Luxemburgo reconhece a diferença entre os dois profissionais.
"O estilo do Luxemburgo e o do Lula são diferentes. O Lula tinha facilidade em criar um bom ambiente e unir o grupo. Era conciliador. Os jogadores entendiam o que ele queria passar porque usava a linguagem do boleiro e era muito simples", aponta Pepe, segundo maior artilheiro do Santos, que contesta a visão de que Lula sabia pouco de futebol.
"Dizer que um técnico que foi campeão paulista oito vezes, além de cinco vezes da Taça Brasil, duas vezes da Libertadores e outras duas vezes campeão mundial de clubes servia só para distribuir as camisas é, no mínimo, não conhecer a história do futebol", defende.
"É difícil comparar os dois porque são outros tempos. São épocas diferentes. Lula tinha facilidade de passar o que queria. E precisava garimpar atletas em outros clubes", diz Urubatão, outro ex-santista.
Para Abel, ponta-esquerda do Santos nos anos 60 e 70, "Lula tinha em suas mãos jogadores que nunca mais o futebol irá produzir". Em compensação, o treinador sofreu uma desvantagem em relação aos tempos atuais. "Hoje o Luxemburgo tem facilidades por conta dos recursos da tecnologia."
"O importante é você ficar na história do clube, e eu acho que já estou aqui", afirmou Luxemburgo. "Tenho oito Paulistas, uma Copa do Brasil e cinco Brasileiros. Para quem tem 56 anos, está muito bom."


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