São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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Doping faria 8º colocado bater Bolt, diz pesquisa

Estudo conclui que uso de hormônio de crescimento aumenta velocidade

Ganho de performance seria suficiente para levar Darvis Patton, lanterna na final dos 100 m em Pequim-2008, a superar estrela jamaicana

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa australiana constatou que um atleta que consome hormônio de crescimento (hGH) pode aumentar a velocidade de sprint entre 4% e 5%. Esse ganho de performance seria decisivo em uma prova de 100 metros, por exemplo.
"Um aumento de 4% sobre 10s significa uma redução de 0s4, que é uma diferença de tempo gigantesca em provas de velocidade", disse Ken Ho, autor do estudo financiado pela Agência Mundial Antidoping.
Nos Jogos de Pequim-2008, o campeão dos 100 m, Usain Bolt, cravou 9s69. Seu tempo foi 0s34 inferior ao do oitavo e último colocado da final, Darvis Patton. O estudo conclui, portanto, que, se Patton estivesse sob efeito do hormônio de crescimento, poderia ter pulado da última para a primeira posição.
A pesquisa -a primeira que constatou os efeitos do consumo de hormônio de crescimento na performance- indica ainda que, apesar de aumentar a velocidade do atleta, a substância proibida não melhora sua potência, força ou resistência.
Com isso, poucos atletas, além dos velocistas, poderiam se beneficiar dos efeitos dessa substância proibida.
"Não acho que [o uso de hormônio de crescimento] ajude um remador ou levantador de peso", disse o endocrinologista.
Para realizar a pesquisa, foram analisados 103 atletas não profissionais, com idades entre 18 e 40 anos, durante oito semanas. Alguns receberam injeções diárias de hGH, outros, de placebo, e um terceiro grupo, de hGH e de testosterona, que também é considerada doping.
Os resultados publicados no periódico "Annals of Internal Medicine" mostram que, no terceiro grupo, o ganho de performance foi ainda maior: 8%.
Alguns atletas que receberam injeções apenas de hormônio de crescimento queixaram- -se de dores nas articulações e também tiveram inflamações.
Para esse estudo, os voluntários tomaram doses bem inferiores às que utilizariam atletas de alto rendimento e em um período de tempo mais curto.
"Podemos pensar que os efeitos dessas substâncias no desempenho [de atletas de alto rendimento] poderiam ser superiores ao que mostrou esse estudo e que seus efeitos secundários poderiam ser mais severos", declarou o professor.
Sobre o hormônio de crescimento recai a suspeita de ser usado em larga escala no esporte de alto rendimento.
Apesar disso, o hGH dificilmente é detectado em testes antidoping, e poucos esportista já foram flagrados até hoje.


Com agências internacionais


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