São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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América do Sul discute mudar as eliminatórias

Dirigentes podem fazer concessões a europeus, que criticam a longa duração

Brasil teve apenas o 25º melhor aproveitamento entre os times da Copa, o que mostra a dificuldade da versão sul-americana


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Favorita para conquistar a Copa do Mundo, a seleção brasileira teve apenas o 25º desempenho nas eliminatórias, entre 32 equipes. O resultado pode ser explicado pelo formato singular da competição sul-americana, a única em todos os continentes disputada em pontos corridos entre todos os times, com turno e returno.
Dirigentes da Conmebol e do Comitê Executivo da Fifa discutem hoje a fórmula do campeonato, em reuniões em Munique (Alemanha). Pode sair uma decisão para o classificatório para o Mundial 2010.
Os sul-americanos querem a manutenção do formato, mas devem fazer concessões aos europeus, que criticam a longa duração do torneio.
A proposta da Conmebol é fazer apenas uma mudança no torneio: acabar com as rodadas duplas em 2007, pelas quais dois jogos são disputados na seqüência. Assim, não haveria jogos no fim de semana pelas eliminatórias, o que retira os jogadores de partidas de seus times europeus nas Ligas Nacionais. Em 2008, as duplas voltariam.
Ontem, após reunião prévia entre cartolas, um dos membros do Comitê Executivo da Fifa contou que a tendência é que todas as datas da competição sul-americana estejam adaptadas ao calendário europeu, ou seja, não seriam disputadas em datas de jogos oficiais de clubes do velho continente.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recusou-se a falar com a Folha.
O problema é que, com os pontos corridos e todos contra todos, cada time tem que jogar 18 vezes pelas eliminatórias sul-americanas.
Na Europa, são dez partidas por grupo, com mais dois jogos para que equipes disputarem a repescagem. Ou seja, seis jogos teriam de coincidir com amistosos de seleções européias.
Além da Conmebol, só a Concacaf (Confederação da América Central, Norte e Caribe) tem times que chegam a 18 jogos, alguns atuaram 20 vezes. Na África, as equipes jogam entre 10 e 14 partidas. Na Ásia, enfrentam somente 12 jogos.
Com o excesso de partidas, os sul-americanos têm alguns dos piores aproveitamentos entre os 32 classificados à Copa. Juntamente com o Brasil, e igualmente favorita, a Argentina também teve 63% de rendimento. Em 2002, a seleção quase não foi ao Mundial.
Paraguai e Equador têm os piores desempenhos em pontos, ao lado da Costa Rica.
Beneficiados por competições enxutas e rivais fracos, Japão e Arábia Saudita, forças secundárias, estão no outro extremo da tabela. Os japoneses tiveram o melhor aproveitamento (91.7%) e os árabes, o segundo (88,9%).
Com adversários mais difíceis, Holanda e Inglaterra e Portugal também se destacam, ficando entre os seis primeiros.
Quem decidirá o destino das eliminatórias será o Comitê Executivo da Fifa, que tem nove europeus e três sul-americanos, de um total de 24.


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