São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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JUCA KFOURI

Atenção: coluna irônica!

O que você lerá aqui está contaminado por fortes doses de ironia, recurso que, às vezes, até dá certo

QUERO FIRMAR com o leitor desta Folha um compromisso inegociável: aqui só será dito aquilo que pareça a mais pura expressão da verdade para o colunista. Que pode se enganar, e se engana muito, é claro.
Mas prometo ser absolutamente honesto, além de pagar meus impostos sem artifícios e reproduzir fielmente aquilo que ouvir de minhas fontes, e cumprir tudo o que com elas combinar. O que for off será off, o que for on, será on. Além do mais, me comprometo a não mentir.
Gostou, raro leitor?
Ficou mais confortável agora? Por que faço isso, por que assumo compromissos assim aparentemente tão óbvios que por redundantes parecem fruto de alguma má consciência, uma necessidade de se explicar, afastar suspeitas?
Ora, a razão está no artigo que li nesta Folha, na última segunda-feira, na página 2, "Tendências/ Debates", assinado pelo presidente da CBF, sr. Ricardo Teixeira, sobre a organização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
É de lá que reproduzo o texto abaixo e que me inspirou a rabiscar o trecho acima: "Por fim, quero deixar aqui consignado que todo o processo da Copa será conduzido com a maior seriedade, dentro de princípios claros. (...) O critério será o do profissionalismo e o da correção". Entendeu, raro leitor?
Este trecho me proporcionou tamanho bem-estar, um tal conforto, tanta segurança que resolvi firmar um pacto semelhante, embora minha vida jamais tenha sido objeto nem sequer de uma CPI, que dirá de duas CPIs.
Sublinho duas expressões que representam tudo aquilo que o país queria ouvir: "maior seriedade" e "correção". Oba! Viva! Alvíssaras!
Ainda mais depois que soubemos, pelo representante da Federação Boliviana de Futebol, que o presidente da CBF ficou em "cúmplice silêncio" em relação à mudança de posição da Fifa quanto à questão da altitude, coisa que, por ser da cúpula da entidade, o cartola brasileiro estava careca de saber que aconteceria. E pensar que aqui foi elogiado pela "firmeza" de sua posição...
Firmeza, como se vê, de gelatina. Mas, felizmente, ao menos, no que diz respeito ao dinheiro público e aos recursos que abundarão para fazer a Copa, temos a garantia da "seriedade" e da "correção".
Como?! Você quer saber se isso não é mera obrigação? Ora, raro leitor, onde é que você pensa que está? Na Suécia?
Se o cartola está prometendo isso tudo, deve ter um bom motivo.

Acabou a ironia
Bairrismo, não! Mais uma vez um episódio até simples, de destempero de um atleta e de truculência policial em estádio de futebol, revela com nitidez a dificuldade de uma certa imprensa em se manter equilibrada. O episódio deplorável dos Aflitos virou embate burro entre regiões do país, como se o que ocorreu no Recife nunca tenha acontecido em São Paulo, no Rio ou em Porto Alegre. Ou como se a PM pernambucana fosse mais violenta que a famosa polícia mineira, a paulista ou a carioca, para não falar de corrupção.


blogdojuca@uol.com.br

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