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JUCA KFOURI
Atenção: coluna irônica!
O que você lerá aqui está contaminado por fortes doses de ironia, recurso
que, às vezes, até dá certo
QUERO FIRMAR com o leitor
desta Folha um compromisso inegociável: aqui só
será dito aquilo que pareça a mais
pura expressão da verdade para o
colunista. Que pode se enganar, e
se engana muito, é claro.
Mas prometo ser absolutamente
honesto, além de pagar meus impostos sem artifícios e reproduzir
fielmente aquilo que ouvir de minhas fontes, e cumprir tudo o que
com elas combinar. O que for off
será off, o que for on, será on.
Além do mais, me comprometo a
não mentir.
Gostou, raro leitor?
Ficou mais confortável agora?
Por que faço isso, por que assumo compromissos assim aparentemente tão óbvios que por redundantes parecem fruto de alguma
má consciência, uma necessidade
de se explicar, afastar suspeitas?
Ora, a razão está no artigo que li
nesta Folha, na última segunda-feira, na página 2, "Tendências/
Debates", assinado pelo presidente
da CBF, sr. Ricardo Teixeira, sobre
a organização da Copa do Mundo
de 2014 no Brasil.
É de lá que reproduzo o texto
abaixo e que me inspirou a rabiscar
o trecho acima: "Por fim, quero
deixar aqui consignado que todo o
processo da Copa será conduzido
com a maior seriedade, dentro de
princípios claros. (...) O critério será o do profissionalismo e o da correção". Entendeu, raro leitor?
Este trecho me proporcionou tamanho bem-estar, um tal conforto,
tanta segurança que resolvi firmar
um pacto semelhante, embora minha vida jamais tenha sido objeto
nem sequer de uma CPI, que dirá
de duas CPIs.
Sublinho duas expressões que
representam tudo aquilo que o país
queria ouvir: "maior seriedade" e
"correção". Oba! Viva! Alvíssaras!
Ainda mais depois que soubemos, pelo representante da Federação Boliviana de Futebol, que o
presidente da CBF ficou em "cúmplice silêncio" em relação à mudança de posição da Fifa quanto à
questão da altitude, coisa que, por
ser da cúpula da entidade, o cartola
brasileiro estava careca de saber
que aconteceria. E pensar que aqui
foi elogiado pela "firmeza" de sua
posição...
Firmeza, como se vê, de gelatina.
Mas, felizmente, ao menos, no
que diz respeito ao dinheiro público e aos recursos que abundarão
para fazer a Copa, temos a garantia
da "seriedade" e da "correção".
Como?! Você quer saber se isso
não é mera obrigação? Ora, raro
leitor, onde é que você pensa que
está? Na Suécia?
Se o cartola está prometendo isso tudo, deve ter um bom motivo.
Acabou a ironia
Bairrismo, não!
Mais uma vez um episódio até
simples, de destempero de um atleta e de truculência policial em estádio de futebol, revela com nitidez a
dificuldade de uma certa imprensa
em se manter equilibrada.
O episódio deplorável dos Aflitos
virou embate burro entre regiões
do país, como se o que ocorreu no
Recife nunca tenha acontecido em
São Paulo, no Rio ou em Porto Alegre. Ou como se a PM pernambucana fosse mais violenta que a famosa
polícia mineira, a paulista ou a carioca, para não falar de corrupção.
blogdojuca@uol.com.br
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