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Nada de novo sob o sol e sobre a bola
MATINAS SUZUKI JR.
Do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos,
em qualquer lugar do planeta
fut hoje seria um dia de muita
expectativa, de muita festa e
de muito calor humano.
Trata-se, no planeta fut, do
dia sagrado da abertura do
Campeonato Nacional. Os times, os torcedores, a mídia, teriam passado por um necessário e regenerador período de
descanso, seguido de um bom
trabalho de preparação (a
chamada pré-temporada).
A tabela já estaria pronta até
a última rodada, os torcedores
já estariam com os seus ingressos assegurados por toda temporada, a base dos times já estaria mais ou menos definida,
os jogos pelo sistema
pay-per-view também estariam definidos.
E, mais importante de tudo,
os jogos do fim-de-semana
inaugural valeriam para decidir o campeão do torneio.
Aqui no Brasil, aquele que
deveria ser o melhor Brasileiro
em muitos anos começa hoje
sem que um dos mais importantes torneios regionais tenha
terminado, sem nenhuma credibilidade, sem tabela definitiva, sem alimentar emoção
mais forte e, pior de tudo, começa como uma espécie de primeiro torneio dentro do torneio que, a rigor, valerá pouca
coisa para decidir o campeão
brasileiro de 1997.
Não só não evoluimos na organização do principal campeonato de futebol do país, como regredimos cerca de uma
década.
No final, todo o encanto voltará baseado no tripé que sustenta o futebol brasileiro há
muito tempo: a qualidade dos
jogadores, o trabalho de alguns técnicos e a abnegação do
torcedor, aquele que já não
aceita tudo.
Se vencer hoje, na terra de
Lampião, o Ibis, outrora o pior
time do mundo, corre o sério
risco de ser promovido à primeira divisão pernambucana.
Joyce Carol Oates, uma escritora que tem um maravilhoso
livro sobre boxe e que entende
realmente do assunto, escreveu
o melhor artigo sobre o caso
Tyson. Saiu na quinta, no
"The New York Times".
Ela lembra que ele declarou:
"Eu quero ganhar, ganhar, ganhar e destruir o mundo".
Meu companheiro de estúdios de Hollywood (no programa Jô Soares, durante a Copa
de 94), Fernando Calazans, colunista de "O Globo", sofistica
o nosso sábado com uma das
mais bem apuradas seleções
dos jogadores mais elegantes
de todos os tempos.
Vamos lá: Gilmar (com o
Raul, que escalou a seleção na
semana passada, na reserva),
Djalma Santos (com Carlos Alberto Torres na reserva), Beckenbauer, Bob Moore e Newton Santos (com Júnior, na reserva); dois príncipes iniciam o
meio-campo, o príncipe Danilo (com Tequinha na reserva)
e o príncipe etíope Didi (com
Rivera, o Bambino D'Oro na
reserva), Ademir da Guia (Dino Sani na reserva) e Falcão; o
ataque fica com Julinho Botelho, que calou o Maracanã, e
Johann Cruyff (com Van Basten e Tostão na reserva).
Como você deve ter notado,
Beckenbauer, Bob Moore e
Paulo Roberto Falcão são insubstituíveis.
A seleção do Calazans é uma
seleção de quem verdadeiramente cultua a arte do fino
trato com a bola.
Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e
sábados.
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