São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997.



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Nada de novo sob o sol e sobre a bola

MATINAS SUZUKI JR.
Do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos, em qualquer lugar do planeta fut hoje seria um dia de muita expectativa, de muita festa e de muito calor humano.
Trata-se, no planeta fut, do dia sagrado da abertura do Campeonato Nacional. Os times, os torcedores, a mídia, teriam passado por um necessário e regenerador período de descanso, seguido de um bom trabalho de preparação (a chamada pré-temporada).
A tabela já estaria pronta até a última rodada, os torcedores já estariam com os seus ingressos assegurados por toda temporada, a base dos times já estaria mais ou menos definida, os jogos pelo sistema pay-per-view também estariam definidos.
E, mais importante de tudo, os jogos do fim-de-semana inaugural valeriam para decidir o campeão do torneio.
Aqui no Brasil, aquele que deveria ser o melhor Brasileiro em muitos anos começa hoje sem que um dos mais importantes torneios regionais tenha terminado, sem nenhuma credibilidade, sem tabela definitiva, sem alimentar emoção mais forte e, pior de tudo, começa como uma espécie de primeiro torneio dentro do torneio que, a rigor, valerá pouca coisa para decidir o campeão brasileiro de 1997.
Não só não evoluimos na organização do principal campeonato de futebol do país, como regredimos cerca de uma década.
No final, todo o encanto voltará baseado no tripé que sustenta o futebol brasileiro há muito tempo: a qualidade dos jogadores, o trabalho de alguns técnicos e a abnegação do torcedor, aquele que já não aceita tudo.

Se vencer hoje, na terra de Lampião, o Ibis, outrora o pior time do mundo, corre o sério risco de ser promovido à primeira divisão pernambucana.

Joyce Carol Oates, uma escritora que tem um maravilhoso livro sobre boxe e que entende realmente do assunto, escreveu o melhor artigo sobre o caso Tyson. Saiu na quinta, no "The New York Times".
Ela lembra que ele declarou: "Eu quero ganhar, ganhar, ganhar e destruir o mundo".

Meu companheiro de estúdios de Hollywood (no programa Jô Soares, durante a Copa de 94), Fernando Calazans, colunista de "O Globo", sofistica o nosso sábado com uma das mais bem apuradas seleções dos jogadores mais elegantes de todos os tempos.
Vamos lá: Gilmar (com o Raul, que escalou a seleção na semana passada, na reserva), Djalma Santos (com Carlos Alberto Torres na reserva), Beckenbauer, Bob Moore e Newton Santos (com Júnior, na reserva); dois príncipes iniciam o meio-campo, o príncipe Danilo (com Tequinha na reserva) e o príncipe etíope Didi (com Rivera, o Bambino D'Oro na reserva), Ademir da Guia (Dino Sani na reserva) e Falcão; o ataque fica com Julinho Botelho, que calou o Maracanã, e Johann Cruyff (com Van Basten e Tostão na reserva).
Como você deve ter notado, Beckenbauer, Bob Moore e Paulo Roberto Falcão são insubstituíveis.
A seleção do Calazans é uma seleção de quem verdadeiramente cultua a arte do fino trato com a bola.


Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e sábados.



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