São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Apesar de revés, equipe contagia torcida alemã

Treinador cumpre meta de levar Alemanha às semifinais de Mundial e torcida aplaude seleção eliminada pela Itália

Atletas e até Beckenbauer já pedem a permanência de Klinsmann à frente de time. Técnico, porém, afirma que ainda não decidiu se fica


DOS ENVIADOS A DORTMUND

Jürgen Klinsmann tinha razão ao afirmar que, se o time chegasse nas semifinais, sua revolução já teria arrebatado a população. Não houve vaia do público após os 2 a 0 que determinaram a desclassificação dos anfitriões do Mundial.
Ao contrário. Após o baque que sofreu com os gols de Fabio Grosso e Del Piero, a torcida ficou de pé e aplaudiu o time. O ato contaminou os discursos que vieram a seguir.
"Podemos ter orgulho deste grupo, que em nenhum momento da competição teve medo de perder. Nosso futuro é promissor", afirma Miroslav Klose, ainda artilheiro da competição com cinco gols.
Olhar para frente, aliás, também foi a opção seguida por Klinsmann após o revés.
Antes execrado por montar um elenco de vocação ofensiva e repleto de jovens, o treinador deixou o estádio com uma mensagem de otimismo.
"No fim, vamos poder levar muitas experiências desse tempo. A seleção jogou um futebol sensacional. Nós mostramos ao mundo a nova cara da seleção alemã", comenta Klinsmann.
Rapidamente, os pedidos para que continue no cargo começaram a aparecer. Do capitão Michael Ballack ("Seria muito proveitoso se ele pudesse dar continuidade ao trabalho"), passando pelo lateral Philip Lahm ("Ele mudou a forma de enxergarmos o futebol") e atingindo até um antigo crítico.
Franz Beckenbauer, capitão da então Alemanha Ocidental na campanha do título em 1974, duvidava antes da Copa do ímpeto reformista do atual treinador. Ontem, disparou assim que a partida acabou: "Nós acreditamos nele, os jogadores acreditam nele. Eu espero, sinceramente, que ele continue".
Tantos anseios chegaram aos ouvidos de Klinsmann. Por enquanto, porém, nada de respostas. "Vou conversar com a minha mulher e depois anunciarei minha decisão. Ainda temos um jogo pela frente", avisa o técnico. Ele se refere à disputa pelo terceiro lugar, no sábado.
A derrota de seu grupo aumenta um jejum de vitórias da seleção anfitriã contra equipes campeãs mundiais. Desde 2001, a "Mannschaft" já soma 14 jogos sem bater um vencedor de Copa. Tabus mantidos, tabus quebrados. Desde 1935, a Alemanha nunca havia perdido um duelo em Dortmund, cidade industrial que tem uma torcida apaixonada por futebol.
"Era uma invencibilidade incrível. Claro que ficamos tristes por deixá-la cair, mas acho que disposição e garra não faltaram. Acontece", justificou Ballack.
Maestro do time em campo e também comandante das festas após triunfos, o capitão mostrou personalidade após o fracasso. Buscou reerguer os companheiros e fez com que saudassem os torcedores que empurraram o grupo o jogo todo. O gesto arrancou aplausos.
"Acho que, após uma campanha dessas, precisamos fazer alguns agradecimentos, em especial aos torcedores. Conseguimos devolver ao nosso povo uma alegria que há tempos não era vista. Uma coisa assim não pode se perder por causa desta derrota", afirma Klinsmann.
O diário "Bild", jornal mais popular do país, também deu mostras de que o resultado não vai apagar a nova onda de nacionalismo criada pela seleção.
Espécie de termômetro do que pensa a população, o periódico estampava como manchete em seu site as palavras "estamos fora". Logo abaixo, contudo, fazia a ressalva. "Mesmo assim, vocês [alemães] são vermelho, preto e dourado."
A edição de 2006 é a segunda desde 1950 em que a final não terá a presença de Alemanha ou Brasil. A outra foi em 1978 (Argentina e Holanda disputaram a decisão). (GUILHERME ROSEGUINI E UIRÁ MACHADO)

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