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Apesar de revés, equipe contagia torcida alemã
Treinador cumpre meta de levar Alemanha às semifinais
de Mundial e torcida aplaude seleção eliminada pela Itália
Atletas e até Beckenbauer já
pedem a permanência de
Klinsmann à frente de time.
Técnico, porém, afirma que
ainda não decidiu se fica
DOS ENVIADOS A DORTMUND
Jürgen Klinsmann tinha razão ao afirmar que, se o time
chegasse nas semifinais, sua revolução já teria arrebatado a
população. Não houve vaia do
público após os 2 a 0 que determinaram a desclassificação dos
anfitriões do Mundial.
Ao contrário. Após o baque
que sofreu com os gols de Fabio
Grosso e Del Piero, a torcida ficou de pé e aplaudiu o time. O
ato contaminou os discursos
que vieram a seguir.
"Podemos ter orgulho deste
grupo, que em nenhum momento da competição teve medo de perder. Nosso futuro é
promissor", afirma Miroslav
Klose, ainda artilheiro da competição com cinco gols.
Olhar para frente, aliás, também foi a opção seguida por
Klinsmann após o revés.
Antes execrado por montar
um elenco de vocação ofensiva
e repleto de jovens, o treinador
deixou o estádio com uma
mensagem de otimismo.
"No fim, vamos poder levar
muitas experiências desse tempo. A seleção jogou um futebol
sensacional. Nós mostramos ao
mundo a nova cara da seleção
alemã", comenta Klinsmann.
Rapidamente, os pedidos para que continue no cargo começaram a aparecer. Do capitão
Michael Ballack ("Seria muito
proveitoso se ele pudesse dar
continuidade ao trabalho"),
passando pelo lateral Philip
Lahm ("Ele mudou a forma de
enxergarmos o futebol") e atingindo até um antigo crítico.
Franz Beckenbauer, capitão
da então Alemanha Ocidental
na campanha do título em 1974,
duvidava antes da Copa do ímpeto reformista do atual treinador. Ontem, disparou assim
que a partida acabou: "Nós
acreditamos nele, os jogadores
acreditam nele. Eu espero, sinceramente, que ele continue".
Tantos anseios chegaram aos
ouvidos de Klinsmann. Por enquanto, porém, nada de respostas. "Vou conversar com a minha mulher e depois anunciarei
minha decisão. Ainda temos
um jogo pela frente", avisa o
técnico. Ele se refere à disputa
pelo terceiro lugar, no sábado.
A derrota de seu grupo aumenta um jejum de vitórias da
seleção anfitriã contra equipes
campeãs mundiais. Desde
2001, a "Mannschaft" já soma
14 jogos sem bater um vencedor de Copa. Tabus mantidos,
tabus quebrados. Desde 1935, a
Alemanha nunca havia perdido
um duelo em Dortmund, cidade industrial que tem uma torcida apaixonada por futebol.
"Era uma invencibilidade incrível. Claro que ficamos tristes
por deixá-la cair, mas acho que
disposição e garra não faltaram.
Acontece", justificou Ballack.
Maestro do time em campo e
também comandante das festas após triunfos, o capitão
mostrou personalidade após o
fracasso. Buscou reerguer os
companheiros e fez com que
saudassem os torcedores que
empurraram o grupo o jogo todo. O gesto arrancou aplausos.
"Acho que, após uma campanha dessas, precisamos fazer
alguns agradecimentos, em especial aos torcedores. Conseguimos devolver ao nosso povo
uma alegria que há tempos não
era vista. Uma coisa assim não
pode se perder por causa desta
derrota", afirma Klinsmann.
O diário "Bild", jornal mais
popular do país, também deu
mostras de que o resultado não
vai apagar a nova onda de nacionalismo criada pela seleção.
Espécie de termômetro do
que pensa a população, o periódico estampava como manchete em seu site as palavras "estamos fora". Logo abaixo, contudo, fazia a ressalva. "Mesmo assim, vocês [alemães] são vermelho, preto e dourado."
A edição de 2006 é a segunda
desde 1950 em que a final não
terá a presença de Alemanha
ou Brasil. A outra foi em 1978
(Argentina e Holanda disputaram a decisão).
(GUILHERME ROSEGUINI E UIRÁ MACHADO)
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