São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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encalhe

Com Corinthians, público da Série B cai

Média geral diminui 13% e despenca 32% nos jogos que não envolvem clube, aposta de aumento dos lucros no torneio

Falta de bebidas alcoólicas, estádios interditados e fracasso corintiano na Copa do Brasil são justificativas dos cartolas para a queda


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A aposta era que a presença do Corinthians iria encorpar a bilheteria da Série B. Mas, depois de oito rodadas completas, o que aconteceu é um emagrecimento na venda de ingressos.
Considerável quando se contabiliza as partidas do clube paulista. E alarmante sem elas.
Segundo dados oficiais da CBF, os jogos das oito rodadas iniciais tiveram média de 5.516 pagantes, ou 13% a menos do que no mesmo número de jornadas iniciais no ano passado.
Subtraindo os oito confrontos corintianos, a média da segunda divisão cai para 4.289 pagantes por jogo, um tombo de 32% em relação ao que aconteceu da primeira até a oitava rodada no ano passado.
Somente seis clubes, entre os 20 participantes, conseguiram superar a média das oito rodadas iniciais de 2007, quando a Série B tinha a mesma fórmula que a atual, com pontos corridos em turno e returno.
Em alguns casos, como o do CRB, o público médio caiu praticamente pela metade em relação ao que aconteceu na temporada passada, quando as maiores atrações da Série B eram Coritiba, Portuguesa, Santa Cruz e Vitória.
Os organizadores e os cartolas dos clubes da segunda divisão nacional têm um rosário de justificativas para o desempenhou ruim do campeonato na bilheteria até agora.
José Neves, o presidente da FBA (Futebol Brasil Associados), a entidade que toca comercialmente a Série B, aponta uma série de motivos.
"Primeiro, clubes que estão lutando pelos primeiros lugares, como Avaí e Juventude, não estão com boas médias. O Bahia [média como mandante de pouco mais de 2.000 torcedores] também não poder jogar em Salvador atrapalha muito", diz Neves, que tem outras teses, mais incomuns, sobre o tema.
Segundo o cartola, a bilheteria vai melhorar depois que fique mais claro os clubes que vão lutar contra o rebaixamento para a Série C. "Nessa hora, o torcedor sempre aparece."
Neves também torce para que o Corinthians não dispare na liderança nem entre em crise com uma série de resultados ruins. "Se o Corinthians começar a tomar muita lapada, a coisa vai ficar feia", afirma.
Os clubes também têm explicações distintas sobre o fracasso de público da Série B.
Um dos clubes citados por Neves como responsável pela baixa procura de ingressos, o Avaí, de Santa Catarina, coloca a culpa na decisão da CBF de proibir a venda de bebida alcoólica nos estádios em todo o Brasil (em São Paulo isso já acontece há muitos anos).
"Até nossos sócios não estão indo ao estádio. Eles preferem ficar em casa, vendo pelo pay-per-view e tomando uma cerveja", diz João Zunino, o presidente do Avaí. Ele calcula que a média de 4.600 torcedores do clube poderia aumentar até em 30% caso o álcool fosse liberado. "Foi uma decisão precipitada, que não vai resolver os problemas de violência no estádio", afirma Zunino, que ainda aponta o trânsito ruim para a fuga dos torcedores.
O Bragantino é o dono dos três menores públicos do torneio -jogou só para 81 pagantes contra o CRB. O clube culpa o fato de não poder jogar no seu estádio, em reformas.
Marquinhos Chedid, presidente do clube paulista, também aponta outro fator que derruba o público da Série B.
"O Corinthians ter perdido a Copa do Brasil para o Sport foi péssimo. O torcedor perdeu parte do interesse por causa disso", diz ele, que esperava 25 mil pessoas no jogo contra os corintianos que mandou em Ribeirão Preto, mas vendeu menos de 6.000 ingressos.


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