São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Em casa, Hamilton curte e sofre

Nas 25 primeiras corridas, piloto acumula números igualados ou superados por poucos campeões

Piloto chega à prova de casa em má fase, com rusgas com a imprensa, quarta posição no campeonato e dois erros infantis nos últimos GPs


Eddie Keogh/Reuters
Guindaste recolhe a Ferrari do brasileiro Felipe Massa, líder no Mundial de F-1, que sofreu acidente em treino para o GP da Inglaterra, no circuito de Silverstone

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SILVERSTONE

A cena se repete desde quinta-feira. Basta Lewis Hamilton colocar os pés para fora do motorhome ou dos boxes da McLaren em Silverstone que uma horda sai em sua caçada. Fotógrafos, fãs, repórteres.
O piloto inglês não tem sossego. Mas também não dá sossego. Ele está na TV, em propagandas, estampa capas de revistas de automobilismo, de celebridades e dos tablóides.
Hoje, a partir das 9h (de Brasília), participa do treino classificatório para seu segundo GP da Inglaterra, que acontece amanhã, no mesmo horário.
Sua situação, no entanto, é bem diferente da do ano passado. Venerado pela imprensa inglesa, chegava como líder do Mundial e vinha de uma seqüência de oito pódios em suas oito primeiras corridas na F-1.
Agora, vive às turras com a mídia britânica e, após duas etapas sem pontuar, despencou de líder para quarto na classificação. E cometeu erros infantis, como a batida em Kimi Raikkonen na saída dos boxes em Montréal e a ultrapassagem em Magny-Cours após cortar a chicane -foi punido nos dois.
Mas os números de seu início na F-1 ainda são impressionantes se comparados com os 29 campeões mundiais.
Em suas 25 primeiras corridas, Hamilton venceu seis vezes, ou seja, 24% das provas. Só três campeões tiveram desempenho superior ao piloto da McLaren neste número de GPs.
O bicampeão Alberto Ascari, o melhor deles, ostenta 48% de aproveitamento. A seguir, vêm Jacques Villeneuve, dono do título de 1997, com 32%, e o pentacampeão Juan Manuel Fangio, com 28%. Emerson Fittipaldi, bicampeão, iguala o aproveitamento do inglês: 24%.
Há outro quesito, porém, em que o piloto de 23 anos só tem um rival: número de pódios. São 16 em 25 GPs, o mesmo que Ascari em suas 25 primeiras provas na F-1 -o italiano só faria mais sete GPs na carreira.
Mas a preocupação dos ingleses não é com o desempenho de Hamilton nas pistas. O problema é fora delas. A imprensa tem criticado o piloto por perder mais tempo em eventos sociais e de patrocinadores do que se preparando para provas.
"Para falar a verdade, não acho que esteja mais ocupado do que no ano passado", falou o piloto da McLaren em Silverstone. "Eu me divirto em algumas destas obrigações e acabo absorvendo boas energias", despistou ele, que recentemente foi eleito o maior playboy da história da F-1 por um site inglês, batendo James Hunt, Jenson Button e Eddie Irvine.
Mais bem pago esportista inglês -só com o contrato de cinco anos com Reebok receberá US$ 20 milhões-, já tem seu estilo de vida comparado ao astro David Beckham, também alvo preferido da mídia.
"As coisas não estão fáceis para mim porque sou um cara comum, cuja paixão é correr", disse Hamilton. "O problema é que chega um ponto em que sua vida não pertence mais a você... As pessoas acham que é só badalação e glamour, mas não é bem assim", falou o vice-campeão mundial, para completar. "Mas não trocaria por nada."


NA TV - Treino de classificação do GP da Inglaterra
Globo, ao vivo, às 9h



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