Técnico tricolor tem primeiro contato com a base do clube, reduz improvisações e é elogiado por diálogo com atletas

Contra o Coritiba, hoje, no Couto Pereira, São Paulo tenta acabar com jejum de vitórias fora do Morumbi, que perdura desde março

DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros dias de Ricardo Gomes no São Paulo serviram para o técnico se apresentar ao elenco e aplacar a desconfiança da torcida, descontente com a demissão de Muricy Ramalho.
Mas foi só na semana passada, após a estreia com vitória contra o Náutico, no Morumbi, que o treinador pôde começar a seguir à risca a cartilha imposta pela diretoria são-paulina: aumentar o contato com as categorias de base, fazer menos improvisações no time e ampliar o diálogo com seus atletas.
Na quarta-feira, Ricardo Gomes visitou o CT de Cotia, onde treinam os times da base, e se reuniu com os técnicos dessas equipes. Os dirigentes querem mais espaço para os jogadores revelados no clube, e o treinador já declarou que seguirá a recomendação.
Ricardo Gomes sinalizou que dará mais chances para os jovens do elenco, como Oscar. O meia de 18 anos, que estava encostado, entrou no segundo tempo contra o Náutico.
"Pode acontecer de usarmos mais jogadores da base, mas não é algo para hoje. Temos que aproveitar os que já estão aqui conosco", declarou o técnico.
Outra mudança foi a redução de atletas improvisados na equipe. O treinador voltou a escalar Hernanes como volante -e não meia- e Jorge Wagner no meio-campo -e não como ala-esquerdo-, mantendo-os em suas posições de origem.
Para extinguir as improvisações, que se transformaram em uma marca de Muricy, Ricardo Gomes também pediu um lateral-direito, para que o volante Zé Luis, atual titular da posição, não atue improvisado.
A diretoria realizou sondagens -Maranhão, do Guarani, foi um dos procurados. Mas, diante da escassez do mercado e do alto custo das opções, o treinador mudou seu discurso.
"Estou satisfeito com o Zé Luis, e não há muita opção. Estou mais preocupado com a evolução dele e do Wellington [volante que veio da base] nessa posição do que com contratações", disse Ricardo Gomes.
O técnico também adotou o diálogo para tentar resolver as deficiências técnicas do time, que não está nem entre os dez melhores do Brasileiro.
"Ele usa a tática de conversar com cada um dos jogadores. Dá a mesma atenção para os que jogam e os reservas. Isso é legal", disse o capitão André Dias.
Para isso, o novo técnico voltou a promover coletivos entre titulares e reservas, atividade extinta por Muricy. E paralisa constantemente o treino para dar instruções e conversar.
"Os coletivos estão sendo importantes para conhecer os jogadores. Não quero tirar conclusões precipitadas", explicou.
Hoje, contra o Coritiba, Ricardo Gomes pode quebrar uma sequência incômoda. Há oito jogos o São Paulo não vence fora de casa. O último triunfo foi o 2 a 1 ante o Noroeste, em 25 de março, pelo Paulista.