São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

Escolhas


A contratação de Muricy fará o Palmeiras sinalizar que tem um projeto ambicioso e que almeja todas as taças


O PALMEIRAS precisa mais de Muricy do que Muricy precisa do Palmeiras. A constatação irrita muitos palmeirenses. Incomoda os que não gostaram de Muricy não pular o muro antes da missa de sétimo dia de sua demissão.
Mas a conclusão é definitiva.
O clube olha para o mercado, pensa em Dorival Júnior e este responde que só deixará o Vasco se o Palmeiras negociar sua liberação com o presidente Roberto Dinamite. Nas reuniões da diretoria, Belluzzo não se convence de que existam diferenças significativas entre os técnicos de segundo escalão. Alguns nomes parecem gastos demais. Entre Nelsinho Baptista e uma aposta, melhor a aposta. Mas qualquer solução criativa carrega o risco de ser analisada como "falta de ambição".
Com Muricy, não. Sua contratação seria o sinal de que o Palmeiras tem um projeto ambicioso.
Há um ano e meio, um dos aspectos da escolha de Luxemburgo foi esse. Luxemburgo era o treinador em quem Gilberto Cipullo confiava, mas era também o sinal para o mundo do futebol de que o Palmeiras se candidatava a todos os troféus. A escolha só não considerou um detalhe: Luxemburgo já não era o mesmo.
Muricy carrega o mesmo emblema para o Palmeiras. Sua contratação fará o clube sinalizar que disputa todas as taças. O impacto será outro com Dorival Júnior. Será menor ainda com uma escolha não convencional. Uma comissão técnica formada por Zinho e Evair, por exemplo. "Parece-me uma solução arriscada demais", diz Belluzzo.
Escolher não é importante apenas para o clube. Para o técnico também. Na segunda-feira, Muricy deixou claro que não estava à espera do Inter. Quem apostou que a perda da Copa do Brasil significaria a queda de Tite apostou errado. Tite ainda tem à sua frente uma sequência de cinco jogos, quatro fora de casa, que termina com um Gre-Nal no Olímpico. Isso significa a perspectiva de perder mais um título e a liderança do Brasileiro. É possível que Tite não resista, mas o presidente Vitório Píffero garantiu a ele não haver a intenção de contratar Muricy.
O telefone de Muricy já tocou com sondagens de outros clubes, mas as duas hipóteses consistentes são: descansar ou trabalhar no Palmeiras. A segunda opção inclui a avaliação do que pode fazer com o elenco atual. "Eles têm um bom time e é possível fazer um bom trabalho", diz Muricy. Há quem jure que o treinador considera o risco de fracasso com um elenco modesto. Mas a final da Copa do Brasil mostrou que a qualidade de um time não se mede pela quantidade de estrelas.
Escolhas certas e erradas determinam o sucesso ou o fracasso, e isso vale para tudo. Em 2007, Mano Menezes preferiu o Corinthians na Série B ao Cruzeiro na Série A. Poderia ter resultados tão expressivos na Toca da Raposa quanto no Parque São Jorge, mas a repercussão dos bons resultados dificilmente seria igual. É preciso coragem para decidir ser o melhor. Mano teve essa coragem ao escolher o Corinthians.
Depois do acesso, não eram poucos os que definiam o Corinthians como time de Série B. Eram os que não analisavam o time, mas o elenco. Nem sempre os melhores jogadores formam a melhor equipe. As melhores escolhas sempre formam.

pvc@uol.com.br

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