São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009 |
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TOSTÃO Palavras óbvias e ridículas
UMA DAS coisas de que gosto no futebol é ver um time organizado, como o do Cruzeiro e o do Corinthians. As duas equipes possuem laterais que apoiam bastante e nem por isso atuam com três zagueiros ou com um volante excessivamente recuado, quase como um zagueiro. Existe um sincronismo no apoio entre os laterais, entre os volantes e entre os laterais e os volantes. São dois times que sabem o momento de trocar passes e o de acelerar em direção ao gol. Ninguém joga a bola na área para ficar livre dela ou para fazer um gol em uma bola espirrada, como é comum em outras equipes, como o Grêmio no jogo de quinta-feira. Bom esquema tático é o que tem jogadores com características ideais para executá-lo. Essa é uma função importante do técnico. Como se vê, dou importância aos treinadores. Só discordo quando dão excessiva importância a algumas condutas que não têm nenhuma ou pouca importância. Por atuarem no Corinthians e no Cruzeiro, duas equipes organizadas, vários jogadores evoluíram bastante, como André Santos e Leonardo Silva. Essa é uma das razões de um atleta jogar muito bem em um time e muito mal em outro. O Cruzeiro atua com três volantes, mas os três têm mobilidade. Não se limitam a proteger os zagueiros. Ramires, com frequência, se transforma em atacante. Não gosto de equipes, como a do Inter, que possuem três volantes, que quase só marcam, e três na frente, que quase só atacam. Fica muito previsível. Nunca entendi o fascínio que existe por Guiñazu. É chamado de monstro. Ele é um bom jogador, raçudo, que desarma bem e que toca a bola para o companheiro mais próximo. Nada mais que isso. Ótimo jogador de meio-campo é Elias, que está presente em todo o campo, com habilidade e eficiência, ou Marquinhos Paraná, que joga um futebol tão simples e conciso que muitas vezes fica despercebido. O Corinthians joga o melhor futebol coletivo do país. Disse isso mais de uma vez, semanas atrás. Já era assim desde a segunda divisão. Ficou ainda melhor depois que Mano Menezes colocou Jorge Henrique de um lado e Dentinho de outro. Os dois marcam atrás e, rapidamente, se tornam atacantes. Isso não é novidade. Muitos times europeus jogam dessa forma. No Brasil, o Corinthians é o único que faz isso bem. Quarta-feira, na chegada do Inter ao estádio, estava entre os jogadores o engenheiro motivador Evandro Mota, contratado pelo time gaúcho e por vários clubes brasileiros. Contam que ele deu a mesma palestra, no mesmo dia, para os jogadores do Fluminense e do Paulista de Jundiaí, em um jogo final da Copa do Brasil. Por indicação de Parreira, o Fluminense dispensou o trabalho de psicólogos para contratá-lo. Não quero dizer que o trabalho emocional com os jogadores deve ser feito apenas por psicólogos. Vários técnicos e outras pessoas do clube têm condições de fazer isso bem. Sou contra o exagerado prestígio que muitos treinadores, dirigentes e parte da imprensa dão aos vídeos e às palestras óbvias, algumas vezes ridículas, de motivação. Parece um show. Texto Anterior: Natação: Distribuição de patrocínio divide atletas Próximo Texto: Cidades da Copa pedem R$ 20 bilhões para União Índice |
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