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Dia de faxina
Após Jorginho e Dunga chegarem ao Brasil e sugerirem continuidade na seleção, presidente da CBF, na África, demite toda a comissão técnica e diz que indicará novo técnico neste mês
EDUARDO ARRUDA
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
Jorginho foi o primeiro ontem a defender a permanência de Dunga. Depois, o próprio treinador admitiu a hipótese de ficar na seleção ao
chegar a Porto Alegre.
As declarações dos dois no
Brasil anteciparam a demissão de todos os integrantes
da comissão técnica.
No início da tarde, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mandou embora Dunga e
sua equipe, que comandaram a seleção brasileira na
fracassada campanha na Copa do Mundo da África.
Além do treinador gaúcho,
o auxiliar técnico Jorginho, o
supervisor Américo Faria e o
médico José Luiz Runco perderam seus cargos. Outros
funcionários da confederação também sairão do corpo
técnico da equipe nacional.
A rápida operação montada por Teixeira para demitir
Dunga começou logo após o
dirigente tomar conhecimento do discurso de Jorginho
pró-Dunga no saguão do aeroporto internacional do Rio.
Ele disse que Dunga deveria
reconsiderar a sua decisão e
continuar no cargo.
Em seguida, o dirigente
soube que o treinador não
descartara a possibilidade de
se manter no comando da
equipe nacional ao desembarcar em Porto Alegre.
Depois da eliminação da
seleção diante da Holanda
por 2 a 1, o técnico disse que
seu ciclo estava encerrado.
Para evitar que o assunto
se arrastasse até sua chegada
ao Brasil, Teixeira preferiu
demitir toda a comissão técnica. De Johannesburgo, ele
telefonou para Dunga e lhe
agradeceu pelos anos de trabalho na confederação.
E comunicou ao treinador
que ele estava fora dos seus
planos para comandar a seleção no Mundial de 2014. A
conversa foi curta, e o técnico
não contestou o dirigente.
Dunga foi uma das mais altas apostas de Teixeira.
Após a derrota do time nacional para a França (1 a 0) na
Copa da Alemanha, em 2006,
o capitão do tetra, que nunca
tinha comandado uma equipe do banco de reservas, foi
contratado pelo dirigente
com a missão de ""disciplinar
os jogadores e resgatar o
prestígio da seleção".
DESGASTE CRESCENTE
Nos últimos dois anos, o
treinador se desgastou muito
na CBF ao travar com a Globo
uma disputa inédita contra o
tradicional acesso da emissora à seleção brasileira.
Nesse caminho, acumulou
palavrões contra profissionais da Globo, pediu a cabeça de desafetos no canal e se
colocou no papel de censor e
crítico de reportagens.
Na seleção, Dunga colecionou uma série de títulos antes de cair no Mundial-2010.
O técnico conquistou a Copa América, em 2007, e a Copa das Confederações, em
2009, além de terminar em
primeiro lugar nas eliminatórias sul-americanas para a
Copa do Mundo deste ano.
O preferido de Teixeira para substituir o técnico demitido é outro gaúcho, Luiz Felipe Scolari, campeão no Mundial de 2002. O problema
agora é convencer o Palmeiras a dividir o seu novo técnico com a seleção brasileira.
A escolha do novo comandante sairá até o final do mês.
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