São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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Dia de faxina

Após Jorginho e Dunga chegarem ao Brasil e sugerirem continuidade na seleção, presidente da CBF, na África, demite toda a comissão técnica e diz que indicará novo técnico neste mês

EDUARDO ARRUDA
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Jorginho foi o primeiro ontem a defender a permanência de Dunga. Depois, o próprio treinador admitiu a hipótese de ficar na seleção ao chegar a Porto Alegre.
As declarações dos dois no Brasil anteciparam a demissão de todos os integrantes da comissão técnica.
No início da tarde, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mandou embora Dunga e sua equipe, que comandaram a seleção brasileira na fracassada campanha na Copa do Mundo da África.
Além do treinador gaúcho, o auxiliar técnico Jorginho, o supervisor Américo Faria e o médico José Luiz Runco perderam seus cargos. Outros funcionários da confederação também sairão do corpo técnico da equipe nacional.
A rápida operação montada por Teixeira para demitir Dunga começou logo após o dirigente tomar conhecimento do discurso de Jorginho pró-Dunga no saguão do aeroporto internacional do Rio.
Ele disse que Dunga deveria reconsiderar a sua decisão e continuar no cargo.
Em seguida, o dirigente soube que o treinador não descartara a possibilidade de se manter no comando da equipe nacional ao desembarcar em Porto Alegre.
Depois da eliminação da seleção diante da Holanda por 2 a 1, o técnico disse que seu ciclo estava encerrado.
Para evitar que o assunto se arrastasse até sua chegada ao Brasil, Teixeira preferiu demitir toda a comissão técnica. De Johannesburgo, ele telefonou para Dunga e lhe agradeceu pelos anos de trabalho na confederação.
E comunicou ao treinador que ele estava fora dos seus planos para comandar a seleção no Mundial de 2014. A conversa foi curta, e o técnico não contestou o dirigente.
Dunga foi uma das mais altas apostas de Teixeira.
Após a derrota do time nacional para a França (1 a 0) na Copa da Alemanha, em 2006, o capitão do tetra, que nunca tinha comandado uma equipe do banco de reservas, foi contratado pelo dirigente com a missão de ""disciplinar os jogadores e resgatar o prestígio da seleção".

DESGASTE CRESCENTE
Nos últimos dois anos, o treinador se desgastou muito na CBF ao travar com a Globo uma disputa inédita contra o tradicional acesso da emissora à seleção brasileira.
Nesse caminho, acumulou palavrões contra profissionais da Globo, pediu a cabeça de desafetos no canal e se colocou no papel de censor e crítico de reportagens.
Na seleção, Dunga colecionou uma série de títulos antes de cair no Mundial-2010.
O técnico conquistou a Copa América, em 2007, e a Copa das Confederações, em 2009, além de terminar em primeiro lugar nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo deste ano.
O preferido de Teixeira para substituir o técnico demitido é outro gaúcho, Luiz Felipe Scolari, campeão no Mundial de 2002. O problema agora é convencer o Palmeiras a dividir o seu novo técnico com a seleção brasileira.
A escolha do novo comandante sairá até o final do mês.


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