São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nos números, Holanda atual supera Carrossel

Time de Sneijder tem aproveitamento melhor do que a seleção de 1974

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

A Holanda está a uma vitória de igualar seu melhor resultado em Copas do Mundo. E, pelo menos nos números, a geração de Wesley Sneijder e Arjen Robben já supera a lendária equipe liderada pelo atacante Johan Cruyff.
Se bater o Uruguai, amanhã, o time que eliminou o Brasil estará classificado para a decisão. O Carrossel Holandês, que revolucionou o futebol na Copa da Alemanha-1974, foi vice-campeão, assim como a seleção do Mundial da Argentina-1978.
Nos últimos dois anos, desde o fim da Eurocopa-2008, a Holanda disputou 26 partidas. Ganhou 19 delas e só perdeu uma vez. Ostenta aproveitamento de 80,8% dos pontos que disputou.
Em jogos oficiais, o desempenho é melhor ainda. A equipe comandada por Bert van Marwijk passou pelas eliminatórias com 100% de aproveitamento e venceu todas as cinco partidas que fez na Copa da África do Sul.
A única derrota holandesa no período foi o 2 a 1 sofrido diante da Austrália, em amistoso realizado em setembro de 2008, em Eindhoven. De lá para cá, já são 24 partidas de invencibilidade, além de nove vitórias consecutivas.
O time liderado por Cruyff nunca teve séries tão expressivas assim nem era tão eficiente quanto o de agora.
Entre agosto de 1972 e julho de 1974, a seleção laranja entrou em campo 20 vezes. Obteve 12 vitórias, seis empates e duas derrotas (uma delas contra a Alemanha Ocidental, na final da Copa). O time fechou o período com 70% de aproveitamento.
Além da disposição tática revolucionária e da alta mobilidade de jogadores que não tinham posições fixas em campo, aquela equipe contava com outra diferença gritante em relação ao time de 2010: a volúpia ofensiva.
O Carrossel dava show e aplicava goleadas. Ainda nas eliminatórias, fez 9 a 0 na Noruega. Contra a Argentina, já pelo Mundial-1974, o resultado foi mais modesto: 4 a 0.
Nos dois anos entre Euro e Copa, a Holanda de Cruyff fez 50 gols (média de 2,5 por jogo) e sofreu 12 (0,6 de média).
O time de Sneijder e Robben tem estilo mais pragmático e raramente transforma superioridade em placares elásticos. Passa a impressão de estar se poupando, administrando o resultado. Por isso, tem sido comum triunfar com vantagem apertada.
Os números traduzem a diferença na forma de jogar. Se a defesa registra marcas semelhantes às do time de 1974 (16 gols contra, 0,61 por jogo), o poder do ataque atual é inferior. Com 51 tentos anotados, tem média de 1,96.
Apesar do êxito na Copa, o estilo pragmático do time de Van Marwijk gera críticas no país. O líder das reclamações é justamente Johan Cruyff.


Texto Anterior: Juca Kfouri: O convidado especial
Próximo Texto: Paraguai: Eliminado, time será condecorado por presidente
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.