JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Inter, a partir de agora, Ronaldo só joga forçado. Por vontade própria, não veste mais a camisa do clube de Massimo Moratti.
Artilheiro da última Copa, o jogador ficou irritado com as declarações do dirigente, que afirmou que o brasileiro é inegociável.
""Ele [Moratti" tem um discurso dúbio, bem contraditório", disse à Folha, por telefone, Alexandre Martins, procurador de Ronaldo. ""Antes da Copa, dizia que a Inter não tinha jogador inegociável, o único com lugar garantido era o técnico [o argentino Héctor Cuper, com quem o atacante teria problemas de relacionamento]. Depois da Copa, passou a dizer que ele não está à venda."
Para a imprensa italiana, Martins comentou que ""todos sabem que Ronaldo não quer mais jogar na Inter". ""Tudo bem, a posição do clube pode ser essa [de não negociá-lo", mas ele não quer continuar e só o fará se for obrigado."
As declarações do empresário foram endossadas por Rodrigo Paiva, assessor de imprensa do jogador e da seleção brasileira. ""O presidente [Moratti] dizia que ninguém era inegociável e agora ele [Ronaldo] tem duas propostas, uma do Real [Madrid], outra do Manchester [United], e quer analisá-las com carinho."
Para Paiva, não faz sentido o dirigente italiano exigir a presença do jogador para discutir pessoalmente seu futuro. ""O Ronaldo pode falar com ele sobre futebol, coisas de dentro do campo... Para negociar seus contratos já há quem o represente", afirmou, referindo-se a Martins e Reinaldo Pitta.
Ainda de acordo com Paiva, Ronaldo deve, a princípio, viajar hoje à noite para a Itália, mas pode mudar a programação dependendo dos próximos acontecimentos.
O brasileiro já não vai se apresentar hoje ao técnico Cuper junto dos demais jogadores da Inter.
Na última sexta, Martins teve um encontro com Jorge Valdano, diretor do Real Madrid, em que lhe expôs o desejo do artilheiro de mudar de ares. No sábado, teria sido procurado pela direção do Manchester, já que a equipe inglesa também gostaria de contar com Ronaldo, cujo contrato com a Inter termina em 2006, para a temporada 2002/2003.
Os valores envolvidos numa possível transferência para o Real ou para o Manchester não foram revelados, mas, segundo estimativas da imprensa italiana, girariam em torno de US$ 80 milhões.
O encontro do representante de Ronaldo com dirigentes dos dois clubes provocou a reação da imprensa e da torcida italiana, que estão acusando o jogador de ter usado a equipe de Milão.
Contundido, ele ficou parado cerca de dois anos, mas, mesmo assim, recebeu no período cerca de US$ 9 milhões dos italianos.



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