São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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AÇÃO

De umbigo na onda

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil é o país do bodyboard. Embora sejamos apenas 500 mil praticantes ativos (nos EUA, 3 milhões de pranchinhas são vendidas anualmente), somos a pátria-mãe do "Pelé" do esporte, o carioca Guilherme Tâmega, e, no feminino, nunca perdemos um título mundial. Portanto, se o Brasil é o país do futebol, é muito mais do bodyboard.
Embora o domínio das garotas no cenário mundial seja amplo e irrestrito (desde que o circuito foi organizado, em 95, uma brazuca nunca perdeu a liderança do ranking), Tâmega teve, no masculino, o mérito de aposentar uma das maiores lendas vivas do universo das águas, o americano Mike Stewart.
Para se ter uma idéia da importância de Stewart, a revista yankee "Surfer" chegou a questionar se não seria ele o maior surfista do mundo, alegando que o rapaz fazia em Pipeline (com a barriga) o que nenhum outro atleta conseguia fazer com os pés. Mas hoje poucos ainda falam do ícone americano porque o herói da vez atende pelas iniciais GT e carrega as cores verde e amarelo no peito. São seis mundiais, quatro vice, dois Pipemaster, dois campeonatos americanos e um recente tricampeonato em Shark Island, o quintal dos "bodies" australianos e usualmente a etapa mais difícil do circuito. O tri veio com a apoteose do dia 10 de julho em Shark Island (a primeira etapa do Mundial deste ano) e dos dez primeiros colocados, nove eram da casa (e chegaram atrás do nosso GT).
No feminino, os destaques são a atual campeã, a capixaba Neymara Carvalho, e a carioca Stephanie Pettersen, com dois mundiais cada uma.
O domínio brasileiro, embora histórico, começa agora a ganhar destaque internacional porque o esporte ensaia um revival. Criado nos anos 70, quando o surfista Tom Morey confeccionou a primeira prancha, o bodyboard passou pelos anos 80 com ares cool e, nos 90, experimentou tremenda queda de popularidade. Mas, quando atletas como Stewart e Tâmega invadiram Pipeline, Fiji e outros picos monstruosos, eles redefiniram o bodyboard e a imagem da atividade. Atualmente, ver garotos e garotas em Pipe fazendo obras radicais com uma prancha esponjosa não é cena rara. Muito pelo contrário: existem seis praticantes de bodyboard para cada surfista nos EUA, país que chega, por motivos de segurança, a restringir o surfe em mais de cem praias em horários de pico, mas que não tem regras contra a prática do "body".
Apesar da popularidade, o bodyboard ainda encontra, aqui e ali, barreiras financeiras. Recentemente, duas etapas do mundial foram canceladas por falta de investimento. O Brasil, o país do bodyboard, ainda não tem um circuito nacional profissional organizado. Mas tudo isso pode mudar. Já existem planos, por exemplo, para que um grande tour nacional seja disparado em 2005. Se isso acontecer, é bem provável que despejemos no mercado mais uma penca de Tâmegas e que marquemos definitivamente nosso território como o país do bodyboard -e do futebol, se vocês insistem-, por que não?

Esqui na neve
A Copa Sul-Americana começa amanhã em Chapelco, Argentina, e a equipe brasileira buscará pontos para a Olimpíada de Turim. E no dia 25, em Valle Nevado, Chile, começa o Brasileiro Sorriso de Ski.

Mostra de Arte e Cultura Surf
A mostra acabou, mas elegeu o melhor do esporte. Entre os premiados, o waves.com foi o melhor site, o "Zona de Impacto", o melhor programa de TV, e "Alma Guerreira", de Taiu Bueno, o melhor livro.

X-Games - Skate
Começa hoje em Los Angeles, EUA, a 10ª Edição dos Jogos de Ação com a disputa da final de vertical. Sandro Dias tenta o título inédito. E no dia 12 a Assembléia Legislativa de SP festeja o "Dia do Skate".

E-mail sarli@trip.com.br


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