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AÇÃO
De umbigo na onda
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil é o país do bodyboard. Embora sejamos apenas 500 mil praticantes ativos
(nos EUA, 3 milhões de pranchinhas são vendidas anualmente),
somos a pátria-mãe do "Pelé" do
esporte, o carioca Guilherme Tâmega, e, no feminino, nunca perdemos um título mundial. Portanto, se o Brasil é o país do futebol, é muito mais do bodyboard.
Embora o domínio das garotas
no cenário mundial seja amplo e
irrestrito (desde que o circuito foi
organizado, em 95, uma brazuca
nunca perdeu a liderança do ranking), Tâmega teve, no masculino, o mérito de aposentar uma
das maiores lendas vivas do universo das águas, o americano Mike Stewart.
Para se ter uma idéia da importância de Stewart, a revista yankee "Surfer" chegou a questionar
se não seria ele o maior surfista
do mundo, alegando que o rapaz
fazia em Pipeline (com a barriga)
o que nenhum outro atleta conseguia fazer com os pés. Mas hoje
poucos ainda falam do ícone
americano porque o herói da vez
atende pelas iniciais GT e carrega
as cores verde e amarelo no peito.
São seis mundiais, quatro vice,
dois Pipemaster, dois campeonatos americanos e um recente tricampeonato em Shark Island, o
quintal dos "bodies" australianos
e usualmente a etapa mais difícil
do circuito. O tri veio com a apoteose do dia 10 de julho em Shark
Island (a primeira etapa do Mundial deste ano) e dos dez primeiros colocados, nove eram da casa
(e chegaram atrás do nosso GT).
No feminino, os destaques são a
atual campeã, a capixaba Neymara Carvalho, e a carioca Stephanie Pettersen, com dois mundiais cada uma.
O domínio brasileiro, embora
histórico, começa agora a ganhar
destaque internacional porque o
esporte ensaia um revival. Criado
nos anos 70, quando o surfista
Tom Morey confeccionou a primeira prancha, o bodyboard passou pelos anos 80 com ares cool e,
nos 90, experimentou tremenda
queda de popularidade. Mas,
quando atletas como Stewart e
Tâmega invadiram Pipeline, Fiji
e outros picos monstruosos, eles
redefiniram o bodyboard e a imagem da atividade. Atualmente,
ver garotos e garotas em Pipe fazendo obras radicais com uma
prancha esponjosa não é cena rara. Muito pelo contrário: existem
seis praticantes de bodyboard para cada surfista nos EUA, país
que chega, por motivos de segurança, a restringir o surfe em mais
de cem praias em horários de pico, mas que não tem regras contra
a prática do "body".
Apesar da popularidade, o
bodyboard ainda encontra, aqui
e ali, barreiras financeiras. Recentemente, duas etapas do mundial foram canceladas por falta
de investimento. O Brasil, o país
do bodyboard, ainda não tem um
circuito nacional profissional organizado. Mas tudo isso pode
mudar. Já existem planos, por
exemplo, para que um grande
tour nacional seja disparado em
2005. Se isso acontecer, é bem provável que despejemos no mercado
mais uma penca de Tâmegas e
que marquemos definitivamente
nosso território como o país do
bodyboard -e do futebol, se vocês insistem-, por que não?
Esqui na neve
A Copa Sul-Americana começa amanhã em Chapelco, Argentina, e a equipe brasileira buscará pontos para a Olimpíada de Turim. E no dia 25, em Valle Nevado, Chile, começa o Brasileiro Sorriso de Ski.
Mostra de Arte e Cultura Surf
A mostra acabou, mas elegeu o melhor do esporte. Entre os premiados, o waves.com foi o melhor site, o "Zona de Impacto", o melhor programa de TV, e "Alma Guerreira", de Taiu Bueno, o melhor livro.
X-Games - Skate
Começa hoje em Los Angeles, EUA, a 10ª Edição dos Jogos de Ação com a disputa da final de vertical. Sandro Dias tenta o título inédito. E no dia 12 a Assembléia Legislativa de SP festeja o "Dia do Skate".
E-mail sarli@trip.com.br
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